capítulo 12

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Júlia Mospiert

— Você não pode entrar na minha vida, porque você já está nela — Ele me afastou e segurou no meu rosto o, me encarando profundamente — As portas do meu coração estão abertas para você, entre e faça dele sua casa. — Eu sorri tomando a iniciativa de beijar seus lábios, sentindo o gosto forte do uísque, perdendo pouco a pouco meu brilhando, chegando a conclusão de que tudo aquilo poderia ser influência da bebida.

Parecendo entender exatamente a bagunça que estava minha cabeça, ele me beijou juntando nossos lábios de uma maneira bem mais quente que antes. Nossas línguas travavam uma batalha interna por espaço, um beijo gostoso e com um enorme significado. Ele me deu uma chance e eu dei uma oportunidade a ele.

—Você é deliciosa — Não sei em que momento suas mãos desceram até minha bunda, mas elas estavam lá e deixaram um aperto reivindicando território.

—Você ainda precisa de um banho — Em meio a respirações ofegantes eu consegui falar.

Separei nossos corpos e ajudei ele a subir até o andar de cima. Vinicius afirmou que conseguia tomar banho e o deixei no banheiro, desci para buscar minhas sacolas a tempo de ver Amanda sair e entrar em um carro. Quer dizer que até eu subir, ela ainda estava esperando? Que Deus me dê muita paciência e muita saúde aquela senhorinha, porque as coisas não vão terminar bem se essa vagabunda não começar a me respeitar.

Voltei a subir para o nosso quarto e meu marido estava prestes a deitar quando eu entrei no banheiro. Eu realmente precisa de um bom banho. Coloquei um dos meus pijamas confortáveis e fui deitar.

— Que sexy, linda — Vinicius me encarou com um sorriso zombeteiro e os olhos quase fechados.

— Dorme — Dei um soquinho em seu ombro fechando os olhos. — O que está fazendo? — Perguntei depois que ele puxou minha cintura fazendo que me corpo chegasse bem perto do seu, nossas testas estavam coladas.

— Quero ficar pertinho. — Eu poderia aceitar ficar pertinho, talvez eu até gostasse.

[...]

Acordei com uma movimentação do lado e virei para encarar a pessoa responsável por isso. Em algum momento da noite, Vinicius me virou colando minhas costas em seu peito e fazendo uma conchinha gostosa. Agora ele estava encarando o teto e eu deitada em seu peito.

— Desculpe por te acordar — Sussurrou com uma voz grossa.

— Bom dia — Me aconcheguei mais em seu corpo quente, acho que eu gostava desse carinho de manhã.

— Quando acordei com você pertinho de mim, tive vontade de me beliscar. — O encarei abobalhada — Eu acho que sou um pouco emocionado, né? — Sorriu de lado.

— Um pouco? — Zombei e ele me fez cócegas — Acredite, a emocionada aqui sou eu. Nunca gostei muito de toque físico e passei a noite procurando pelo seu.

— Acha que estamos indo rápido demais? — Perguntou externando meus receios.

— Acho, mas também acho que esse é o nosso ritmo e eu gosto disso. Se no dia do casamento você já me balançou, agora parece que está me sacudindo e é impossível que isso não dê medo, mas tudo bem, desde que eu não deixe esse medo me dominar — Ele assentiu entendo que eu estava falando dele. Ele quem tinha a mania de me afastar sempre que se sente inseguro.

Seus lábios cobriram os meus e no começo era um simples beijo, mas éramos nós, fogo e gasolina, então é óbvio que as coisas não demoraram para esquentar. minha boca desceu por seu pescoço e suas mãos em minha cintura me fizeram montar em seu quadril. Espalhei beijos e lambidas no lóbulo de sua orelha e um gemido escapou por seus lábios me dando ainda mais vontade de continuar.

—Vamos tomar café? — Sua pergunta me fez ter vontade de rir. Não, querido, eu queria tomar leite. Beijei seus lábios rebolando e sentindo seu volume duro bem abaixo da minha boceta.

— Você pode tomar banho enquanto eu vejo o que tem para comer, pedi que Rose não viesse hoje. — Levantei da cama olhando seu corpo relaxado, o rosto amassado do sono e um ereção deixando o conjunto ainda melhor. — Ontem ela ficou preocupada que você saísse bêbado e ficou até tarde me esperando — Expliquei e ele mudou a expressão antes em paz, para uma que demonstrava vergonha e culpa.

— Que droga. Eu vou pedir desculpas para ela agora mesmo, podemos passar lá antes de ir para empresa e deixar flores. O que acha? — Levantou já indo em direção ao banheiro— Não precisa procurar o que comermos, temos algumas horas e podemos tomar café na rua.

Vinicius correu para tomar banho e eu ri achando graça do seu desespero. O que Rose sentiu quando o viu daquela forma não foi raiva por não chegar mais cedo em casa, foi preocupação pelo que poderia acontecer se ele saísse, foi pena por vê-lo tão fragilizado.

Alguns bons minutos depois estávamos saindo juntos para empresa, mas não antes de passar na casa da Rose e ele precisava de café, pois seu semblante começava a ficar carrancudo. As vezes ele parecia um menino indefeso, outras um velhinho rabugento que fica com raiva cada fez que a rotina sofre alterações. Era engraçado.

- Outras um deus do sexo que estava louco para te comer
Cala a boca consciência.

— Pode esperar no carro se quiser — Ele disse parando em frente a uma floricultura. Assenti gostando da ideia de não deixar o ar condicionado.

Peguei meu tablet dentro da bolsa e abri na minha agenda, vendo o que o dia reservava para mim. Precisava deixar tudo adiantado, pois hoje era sexta e eu definitivamente não passaria meu fim de semana estudando casos. Sendo bem sincera, eu queria passar o fim de semana fodendo.

Ouvi a porta abrindo e o homem gostoso de terno entrar com um vaso embrulhado e dentro uma orquídea roxa. Ele a colocou no console, de forma que ficasse bem firme. Em algum momento uma rosa vermelha estava no meu colo e eu o olhei confusa.

— Acho que não é só com a Rose que eu preciso me desculpar. — Seu sorriso sem graça me da vontade de beijá-lo e assim eu faço, com cuidado eu me aproximo dele e deixo um beijo casto em seus lábios agradecendo.

— Vamos começar daqui. Eu sou esposa e estamos começando um... namoro? — Perguntei incerta se era somente isso.

— Você é minha mulher — Ele me beijou mais uma vez e deu partida no carro.

Vinicius entregou as flores a filha de Rose, já que nossa velhinha preferida estava comprando frutas na feira. Sorri para Juliana, que era filha de um brasileiro e por isso o nome diferente. Saímos com o convite para voltar outro dia com mais calma, ela inclusive nos ofereceu café e mesmo não tendo o costume de comer, quase aceitei por meu... homem? Enfim, seu humor estava péssimo.

Estávamos atrasados, então o plano de tomar café estava arruinado. Entramos na recepção já apressados, Vinicius tinha uma carranca tão presente no rosto que ninguém se atreveu a nos cumprimentar. Enquanto andávamos eu pude notar até alguns olhares de medo. Credo.

Meu marido tinha a personalidade mais louca de todas e eu até tive vontade de rir, mas eu tinha medo que ele me fuzilasse com o olhar. Meu andar já tinha passado, mas eu quis subir com ele, precisava falar com Susan.

— Podemos almoçar juntos? — Vinicius perguntou já na porta de sua sala.

— Hoje não, tenho um almoço com um dos advogados. Quero terminar o mais cedo possível para irmos para casa mais cedo, tudo bem? — Ele me olhou atravessado e assentiu. — Até mais tarde — Beijei seus lábios e ele entrou.

— Em que posso ajudá-la? — Susan perguntou sorrindo, ela era um amor.

— Pode comprar um café para Vinicius? — Pedi — Saímos atrasados, ele não pedirá — Já percebi que meu marido poderia ser bem orgulhoso— Ele também não tomaria no refeitório sozinho e eu estou bastante ocupada. Acredite em mim, você estaria fazendo um favor para si mesma, o humor dele vai estar do cão mais tarde — Ela gargalhou e me olhou incrédula.

— Senhora Mospiert, eu estou imensamente grata por saber que esse humor peculiar pode ser tratado apenas com café — Assenti omitindo a parte que a mudança na rotina também causa seu mau humor.

Desci para o meu andar já ligando meu computador e abrindo o e-mail. Pietro Ducan era um advogado renomado da área trabalhista, nós estudamos juntos na pós graduação, mas nunca tivemos contato um com o outro. Ele era reservado e eu estava ocupada demais estudando feito uma condenada.

Mesmo sem proximidade nenhuma, fiquei feliz em saber que meu parceiro de trabalho era um rosto conhecido. Combinamos uma reunião hoje e como eu queria ser rápida, perguntei se não poderia ser no almoço e graças a Deus ele concordou.

Adiantei boa arte do processos, anotando algumas observações enquanto lia, isso me ajudaria demais segunda feira quando fosse encaminhar para a revisão e conversar com as duas partes da maioria deles, outros eu só tinha que arquivar.

A porta da minha sala abriu algumas horas depois e eu encarei a pessoa que não se deu ao trabalho de bater e é claro que seria ele.

— Vim te buscar para almoçarmos? — Encarei sua cara de pau sem poder acreditar.

— Eu tenho certeza que lhe avisei que não poderia, tenho um almoço com Pietro para que ele me coloque a par de algumas questões. — Expliquei tirando paciência do rabo.

— Eu ouvi, mas quero almoçar com você — Disse como se não fosse nada demais o absurdo que ele tinha acabado de falar.

— Você pode almoçar comigo e com Pietro — Decidi ceder para não brigar na empresa, mas teríamos uma conversa ao chegar em casa. — Vamos. — Peguei meu celular e minhas coisas em cima da mesa, colocando na bolsa e passando por ele, mas não antes de ouvi-lo resmungar.

— O almoço deveria ser meu e seu — Virei para encará-lo tão rápido que ele deu um passo para trás.

— Nós vamos ter uma conversa quando chegarmos em casa.

Disse somente, era muito cedo e muito recente tudo que estávamos vivendo. Era óbvio que teríamos que nos ajustar, eu tinha plena consciência de que não seria fácil, éramos dois desconhecidos que só tinham muito tesão um pelo outro.


Damned SoulsWhere stories live. Discover now