capítulo 27

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Júlia Mospiert

Acordei com Vinicius ao meu lado em mais um dia. Depois da nossa aventura de ontem, nos permitimos dormir até tarde, mas um incômodo me fez acordar.

Definitivamente não estou me sentindo bem. Cólicas fortes e o corpo fraco, é isso que eu sinto.

—Merda — Reclamei quando levantei e senti mais uma pontada.

Corri para o banheiro e tomei um banho frio tentando tirar a febre de mim, mas parece que nada estava adiantando. Voltei pro quarto e Vinicius ainda dormia na mesma posição, fui até a cozinha e tomei um remédio para dor. Deitei no sofá em posição fetal e já não aguentando mais de dor, eu chorei, chorei com um bebê.

—Vinicius —Gritei— Vinicius, por favor —Gritei mais uma vez— Amor, socorro— Eu já estava esgotada e não tinha mais forças para gritar, ele com certeza não ouviria, a porta do quanto estava trancada e ele tinha o sono pesado— Vinicius — Gritei com toda minha força e sentei no quinto degrau da escada, sem mais forças para subir.

— Júlia — Escutei ele me chamar e a porta do quarto bater, não demorou muito e eu o vi descendo a escada em minha direção— Você tá bem? —Se abaixou perto de mim.

—Não —Fechei os olhos— Eu estou com muita cólica, muita mesmo — Ele levantou e passou as mãos nos cabelos, evidentemente preocupado.

—O que eu faço? — Não consegui falar, meu corpo estava mole e meus olhos pesando— Ei — Se abaixou de novo— Amor — Me chamou, mas eu não consegui mais abrir os olhos, a escuridão estava me dominando— Não dorme, linda — Segurou meu rosto, mas tudo ficou escuro e eu não consegui ver ou ouvir mais nada.

Abri meus olhos lentamente ainda pouco incomodada com a claridade em meu rosto. Levei alguns minutos pra me dar conta de que estava em um quarto de hospital, as luzes estavam acesas, mas a janela mostrava que lá fora já estava escuro. Me virei para o outro lado e vi meu marido dormindo em um sofá.

—Vinicius —Chamei e mesmo que minha voz tenha saído quase um sussurro, ele abriu os olhos e levantou vindo em direção a mim— O que eu tenho? —Perguntei tentando sentar e ele me ajudou.

—Seu corpo estava expulsando o aparelho que ficava no seu útero —Segurou minha mão e baixou a cabeça fitando o chão— Você desmaiou na escada e eu... eu fiquei apavorado  —Voltou a me olhar com os olhos marejados— Não sei o que eu faria se te acontecesse alguma coisa — Uma lágrima escorreu por seu rosto e eu enxuguei puxando ele pra perto de mim e ele me abraçou ainda estando de pé.

—Calma, eu estou aqui e vou ficar, pra sempre — Afaguei seus cabelos e ele suspirou, levantou a cabeça e me olhou prestes a dizer alguma coisa, mas uma médica entrou e nos interrompeu.

—Que bom que você acordou — Sorriu— Se demorasse mais alguns minutos eu iria me demitir, seu marido é impossível  — Eu segurei as mãos dele e sorri para a médica— Bom, você pode ir pra casa, o procedimento é simples e como seu marido pediu para que não colocássemos outro diu, recomendo que comece a tomar anticoncepcional, a não ser que queiram filhos agora

—Não, definitivamente nada de filhos — Só a ideia me fez entrar em pânico.

—Por enquanto —Vinicius disse e meu corpo todo gelou— Quanto tempo devemos esperar para transar?

—Vinicius — Repreendi sentido meu rosto esquentar e espalhar o calor pelo meu corpo que agora estava na temperatura normal.

—Pelo menos 24 horas, não pela retirada, mas pelo estresse e se isso acalmar você, pode... transar hoje mesmo — Eu assenti e olhei pra Vinicius  que estava se preparando pra falar e eu já sabia o que estava prestes a vir.

Damned SoulsWhere stories live. Discover now