Capítulo 17

233 11 0
                                    

Júlia Mospiert

Esperei que em algum momento ele me falasse sobre a tal Eleanor, me falasse de onde se conheceram, o porque ela apareceu lá na empresa, quanto tempo são amigos, coisas desse tipo. O carro finalmente estacionou na garagem do prédio e eu desci em silêncio carregando minhas coisas.

Eu não estava com raiva de Vinicius, estava chateada comigo mesma, pela forma que uma situação tão simples me causou desconforto. A forma como ele me apresentou também não contribuiu para minha segurança. Entramos juntos no elevador e o clima começava apesar entre nós, como se a tensão pudesse ser tocada de tão forte.

—Boa noite, Rose — Ele disse assim que as portas abriram e eu levantei o rosto observando nossa governante parada na sala.

— Boa noite, queridos. Júlia podemos conversar sobre a moça que ficará responsável pela limpeza, é rápido — Chamou minha atenção e seguiu para cozinha sem me dar chances ao menos de confirmar.

— Eu vou subir para tomar banho — Vinicius me avisou e beijou meus lábios de leve — Está tudo bem? — Indagou confuso.

— Sim, tudo bem — Sorri como consegui — Vou falar com ela e depois subo, não estou com tanta fome, então vou deitar logo após. — Copiando o exemplo da mais velha, eu também saí sem que ele tivesse tempo de dizer nada.

— Não precisava ter esperado só por isso, Rose, poderíamos conversar amanhã. — Sentei em um dos banquinhos da ilha, observando ela que mexia em alguma coisa no armário.

— Quis resolver isso o mais rápido possível, menina — Me olhou engraçado —Esqueceu que amanhã é meu dia de folga? Minha programação amanhã envolve somente bingo e feira. — Sorrimos e ela parou o que estava fazendo focando apenas em mim — Gertrud é uma sueca de 35 anos, casada e mãe. Ele se mudou a pouco tempo e precisava do emprego, tem experiência em casas de família e só vira duas vezes por semana, mas em ocasiões especiais pode-se acordar mais vezes. — Assenti assimilando todas as informações.

— Obrigada, Rose. — Agradeci do fundo do meu coração — Não sei mesmo o que seria de mim sem você.

— Pode não parecer, querida, mas esse é o meu trabalho — Riu com humor e se despedindo de mim, foi embora.

Passei mais alguns minutos imóvel na mesma posição, pensando em como encararia Vinicius e diria mais uma vez que estava tudo bem quando não estava. Por que caralhos ele não me apresentou como esposa?

Sabia que tinha que falar com ele sobre isso, mas já estava ficando chato todas essas cobranças. Ele não era mais criança, precisava entender suas ações. Eu definitivamente não iria cobrar essas coisas dele todas as vezes.

— Tenho certeza que o jantar de hoje vai ser uma delícia — Me assustei com a voz dele que ecoou por todo o ambiente — Tem mesmo certeza que não quer comer antes da gente conversar sobre o que te deixou assim?

— E você por um acaso sabe o que me deixou assim? — Não consegui conter minha língua e o tom acabou saindo mais ríspido do que eu esperava.

— Tenho algumas suspeitas — Beijou meu pescoço sorrindo — Vá tomar banho, estarei te esperando aqui para comermos. — Assenti e saí.

Minutos depois eu estava de volta e ele realmente estava na mesma posição, pediu que eu sentasse e começou a nos servir, ali na ilha da cozinha mesmo.

— Quero conversar com você sobre Oswaldo Duncan — Seu olhar encontro o meu imediatamente. — Eu li sobre o caso, conversei com Pietro e não trabalharei para defendê-lo. — Por um breve momento coloquei os talheres apoiados no prato — Sei que todos os advogados preferiram não se meter e sei também que como sua mulher eu devo sempre priorizar a empresa — Ele me encarava ainda em silêncio — Garanto que isso não respingará sobre ela.

— Eu ainda não era presidente da empresa, trabalhava em grande parte nas obras. — Bebeu um gole de sua água e tornou a falar — O caso Duncan ficou conhecido na empresa porque fez com que muitas pessoas fossem demitidas, então se tornou impossível que não soubéssemos, mas a uma grande brecha entre saber e falar. Na época eu não podia fazer nada, além de oferecer a Vivian todo o apoio possível, deixando bem claro que eu não faria isso para que ela recuasse.

— Então você a ajudou? — Indaguei e ele assentiu — Onde ela está agora?

— Ela está com os pais na Filadélfia e recebe uma pequena remuneração da empresa pelo período de afastamento, mas nada que a ajude. — Explicou. — Além de enfrentar os problemas financeiros, ela também está tendo que lidar com o trauma de ser assediada no ambiente de trabalho e das constantes ameaças implícitas que recebeu quando decidiu se manifestar. — Seus olhos brilharam minha direção e algo dentro de mim saiu do compasso. — Estou muito orgulhoso de você, querida. — Se aproximou com calma e beijou meus lábios — Você tem meu apoio para fazer justiça por Vivian.

— Obrigada — Dessa vez eu tomei a iniciativa e beijei seu lábios de leva mais uma vez — E quanto as pessoas que foram demitidas?

— Consegui recontratar algumas, outras não quiseram voltar — Explicou.

— Tudo bem — Decidi por um fim na conversa e voltei a comer.

— Agora podemos conversar? — Questionou quando terminamos de lavar a louça que sujamos no jantar.

— Podemos — Me preparei para ouvir, porque dessa vez ele falaria.

— Eleanor é mãe do filho de Enrico — Disse e eu me recordei do padrinho do nosso casamento — Ela perdeu a guarda para ele e acreditando que eu pudesse ajudá-la, me procurou. Falei a ela que eu não me meteria e que mesmo depois do que aconteceu com Débora, eu continuava a ser amigo de Enrico. Sinceramente? O menino é louco pelo pai e a mãe é uma dessas caça maridos ricos, ele está melhor onde está.

— Uma caça marido ricos — Ri com escárnio — Alguém parecida comigo?

— Não quero que você fale assim outra vez — Seu rosto se tornou sério e uma raiva que eu não conhecia refletiu em seu olhar — Eu odeio a forma como você se coloca em posições assim. Porra, eu vi todas as suas negativas nesse casamento, sei o quanto sempre se esforçou para sair da casa dos seus país e sei também a mulher foda que você é. — Respirou e se aproximou passando as mãos por minha cintura. — Você não é assim e sabe disso. Não quero mais ouvir falando isso de você mesma. — Com vergonha eu somente assenti e beijei seus lábios grata por ele e suas palavras.

O beijo esquentou rapidamente, logo senti sua língua pedir passagem e eu rapidamente cedi. Minhas mão circularam seu pescoço e as suas deram impulso na minha perna para que eu subisse em seu colo e assim procuramos nosso quarto, parando o beijo só para que ele encontrasse as escadas sem acidentes.

Suas mãos seguraram firmes em minha bunda, assim que meus pés encostaram no chão. Meu ventre estava bem em cima de sua ereção e eu deixei um gemido escapar por meus lábios, o que instigou Vinicius que desceu a boca pelo meu pescoço e rapidamente pelos meus seios, que ainda estavam cobertos pela blusa e devorando meus mamilos como se estivesse morto de fome.

— Gostosa e minha — Sussurrou beijando minha barriga e se ajoelhando diante de mim. Com calma, tirou o short folgadinho que eu usava e me olhou faminto ao constatar que eu estava em calcinha. Seu rosto se enfiou entre minhas pernas e eu as abri um pouco dando espaço. — Cheirosa.

— Me chupa — Ordenei olhando para baixo e tirando a blusa, par do short, e soltando em algum lugar do quarto.

Sua língua começou a trabalhar ferozmente no meu clítoris e eu senti as pernas tremer. Minhas mãos acariciavam meus seios, ora puxando os mamilos, ora apertando a carne. Estava tudo tão gostoso que eu poderia gozar a qualquer momento. Senti mais uma vez minhas pernas vacilarem e com medo de cair, eu segurei os cabelos do meu marido e os puxei para cima, mostrando que eu queria que ele levantasse.

Segurando forte em seus cabelos, trouxe sua boca até a minha e o beijei com todo o meu desejo, sentindo meu gosto em sua língua. Dando uma trégua para seus cabelos, deslizei minhas mãos pelo tecido da camisa leve que ele usava e a puxei para cima, querendo sentir seu corpo quente junto ao meu.

Minha língua deslizou do seu queixo ao pescoço. Mordi aquela área onde minha boca parou. Minhas mãos ,que estavam bem safadas essa noite, desceram sua calça moletom e o pau saltou majestosamente duro.

Não tive tempo de colocá-lo na boca como eu queria, minhas costas encostaram na parede, uma perna minha foi levantada por Vinicius e seu membro estou em mim. Suas estocadas se tornaram duras e certeiras. Sua boca estava beijando meus pescoço e seu peito apertava o meu.

Então começamos a nos movimentar mais rápido deixando os gemidos abafados por nossa bocas. Foi quando uma enorme onde de prazer se espalhou por todo meu corpo contagiando o homem colado a mim e como se fôssemos um só, nos desmanchamos em prazer e satisfação.

Duas almas condenadas, juntas e dispostas a tudo em nome da nossa satisfação e do nosso prazer. Nossas testas estavam juntas, nossas respirações ainda estavam ofegantes e ele ainda estava dentro de mim, mesmo após ter gozado seus braços me seguravam próximo a seu corpo.

— Precisamos de um banho — Sussurrei, quase sem forças.

— Já vamos, só me dê uns segundos — Pediu.

Finalmente sua respiração voltou ao normal, seu rosto saiu da curva do meus pescoço e olhou diretamente para mim com tanta intensidade que eu acabei ficando com vergonha e desviei do seu olhar.

— Você é linda — Sorriu e beijou meus lábios com calma — E eu espero não te perder quando souber toda a verdade — Sussurrou a última parte e me puxou em direção ao banheiro.

Senti o sol bater em meu rosto e logo lembrei de não ter fechado as cortinas da janela. Me virei encontrando um corpo quente bem perto do meu e senti muita vontade de voltar a dormir, mas eu sabia que se quisemos sair com tempo, deveríamos levantar agora, tomar um bom banho e hoje eu até estava com vontade de tomar café em casa.

Levantei com cuidado e fui para o banheiro, deixaria para acordar Vinicius depois que saísse. Acabei lembrando que hoje seria o dia de conhecer a Gertrud, a nova diarista que começaria a trabalhar com a gente.

Levei mais tempo do que esperava no banheiro, hidratando meu cabelo. Na realidade, eu precisava mesmo de um salão, mas deixaria isso para outra hora. Saí do banheiro com o roupão e a toalha na cabeça, tentando absorver um pouco da umidade.

— Bom dia — Sorri ao ver o homem gostoso me olhando, todo sonolento.

— Bom dia, amor — Respondi vendo ele sorrir todo bobo e levantar nu, como deitou ontem e vir me abraçar. — Vou descer para preparar algo para comermos, hoje não chegaremos atrasados.

— Eu tinha uma ideia bem gostosa de algo que poderia nos atrasar — Seus lábios encontraram meu pescoço deixando beijos cheios da suas intenções. — Você me deixa duro só de sentir seu cheiro — Impulsionou seu quadril para frente, me fazendo me sentir sua ereção.

— Tenho certeza que essa é uma ereção matinal, que você vai resolver tomando um banho bem frio enquanto eu arrumo nosso café — Ele gemeu frustrado, sua boca ainda em contato com minha pele e eu ri. — Vai e não me atenta.

Mesmo reclamando ele foi para o banheiro e depois de pronta eu desci para cozinha. Procurando algo na geladeira encontrei suco, fatias de queijo italiano e uma geleia que parecia estar muito boa. Coloquei tudo arrumado em cima do balcão e fui procurar mais algumas coisas.

Observei a máquina de café e torci para que a forma de fazer fosse aquela, porque eu nunca tinha feito café na vida. Abrindo os armários achei também torradas e ao imaginar ela com a geleia, minha boca salivou. Coloquei junto com as outras coisas e desliguei a máquina depois de achar que era tempo suficiente.

— Que cheiro bom — Vinicius falou da porta da cozinha e eu o encarei. Ele vestia todas as peças comuns do trabalho, menos o terno e gravata estava solta ao redor do pescoço.

— Não sei se o café está bom, confesso que nunca fiz. — Observei ele se aproximar, beijar meus lábios de leve e encarar as coisas que eu havia posto sobre o balcão.

— Tenho certeza que estará bom.

Resultado: Não estava.

Ele fez uma cara tão feia depois de tomar um gole que eu pensei que ele teria um trosso. O resto estava tudo muito bom, já que não fui eu que fiz. Comemos com calma e depois de toda a louça limpa, ele avisou que subiria para terminar de se preparar e eu abri a porta recebendo a moça que trabalharia conosco.

Expliquei a ela mais ou menos como funcionava nossa rotina e disse também que toda parte de funcionamento da casa era uma novidade para mim, que tinha me mudado somente há duas semanas. Ela disse que Rose a tinha passado as instruções e que eu não me preocupasse.
Vinicius desceu as escadas e a cumprimentou se apresentando e saindo dizendo que me esperaria no carro, porque resolveria algo com a segurança.

— Vou te deixar com meu número e você pode me ligar sempre que precisar — Entreguei o cartãozinho e ela assentiu — Sinta-se em casa, tudo bem? Eu não tenho nenhuma besteira com organização e essas coisas, você pode fazer tudo da sua forma.

— Certo, senhora Mospiert. — Não queria ser chamada daquela forma, mas eu diria depois, porque ela já parecia incrédula demais com tudo que eu disse.

Vinicius me esperava do lado de fora do carro e abrindo a porta para que eu entrasse, ele entrou também e deu partida rumo a empresa.

Damned SoulsOnde histórias criam vida. Descubra agora