capítulo 33

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Júlia Mospiert

—Agora somos só nós dois —Sussurrou no meu ouvido enquanto saíamos

—Não via a hora disso acontecer e como não temos nada mais o que fazer, eu pensei que poderíamos ir ao chalé amanhã, claro, se você quiser.

—Eu adoraria, amor, mas Henrique me ligou e nos convidou para almoçar com ele e Helena e eu aceitei para que ele não desconfiasse que tinha algo errado. Me desculpe —Sério, Vinicius? Comemorar 4 meses de casados com o irmão da sua ex. Pensei, mas não tive coragem de contrariar, então eu assenti sorrindo e me concentrei em beijar seus lábios.

—Tudo bem, enquanto eu tomo banho, você pode pedir uma pizza para jantarmos? —Perguntei para que ele não percebesse o quanto a notícia havia me deixado chateada.

—Claro, depois eu subo e acompanho você —Ele disse sorrindo e não pude evitar sorrir também.

Entrei no nosso quarto e antes que Vinicius entrasse também -e eu sabia que não demoraria- peguei meu celular e disquei o número da pessoa que eu deveria ter ligado desde o começo.

— Mamãe —Murmurei assim que ela atendeu— Você precisa me dizer que não estão envolvidos nisso, ou eu juro que não me importarei se foram vocês a me darem a vida.

—Você já não deveria se importar, querida —Seu tom era totalmente ácido e seco, obviamente ela não estava nenhum pouco feliz— Pedimos sua ajuda e você virou a costas para nós, lide com as consequências das coisas que estão por vir. Logo logo o mundo saberá da farsa que é seu casamento — E desligou.

Merda, merda, merda, mil vez merda.

A porta do quarto foi aberta e Vinicius entrou com um enorme sorriso já se preparando para tirar a camisa, mas parou quando me viu seria e com o telefone ainda no ouvido.

—Foram meus pais —Confessei e ele franziu o cenho por alguns minutos tentando entender do que eu estava falando, quando finalmente entendeu, sua expressão se fechou e ele veio até mim— Precisamos descobrir de quem eles receberam ajuda e temos outro problema, minha mãe disse que o mundo vai saber que nosso casamento é uma farsa - não esperei que ele tentasse adivinhar e já falei tudo de uma vez.

—Nosso casamento não é uma farsa, você acha nosso casamento uma farsa? —Ele passou os braços por minha cintura e me segurou firme presa ao seu corpo, sorriu e beijou meu pescoço, como se eu não tivesse dito nada.

—Você não pode estar falando sério —Me afastei dele e o encarei incrédula—Você não ouviu nada do que eu disse?

—Sim, ouvi e quero que você esqueça isso. Já suspeitava do seu pai, por quê ele já tinha nos ameaçado, mas não temos como provar nada e eles também não tem nada a provar sobre nosso casamento.

—E um tal contrato que você mencionado por você na noite que nos conhecemos? —Agora eu estava confusa, na verdade, eu estava perdida.

—Está com o meu pai e a parte que me pertencia foi destruída na noite que você se entregou pra mim, prometemos levar isso a sério não foi?! Eu levo isso a sério todos os dias, por nós e não um pedaço de papel.

—Eu sei, meu amor, sei muito bem. Obrigada por tudo, eu te amo tanto, tanto —Me joguei em seus braços e cobri seus lábios com os meus— Vamos tomar banho, sem safadezas —Adverti— A pizza deve chegar a qualquer momento.

—Ainda não pedi pizza —Gemeu enquanto me arrastava para o banheiro— Não podia correr o risco de interromper meu banho com você, nada me tiraria de dentro de você.

Ainda nos beijando, entramos para o banheiro e logo estávamos nus, molhados e entregues ao nosso prazer. Um prazer que ia além do nossos corpos, que chegava na nossa alma.

O domingo começou totalmente estranho. Primeiro; Vinicius acordou primeiro que eu. Segundo; Não me pediu sexo matinal e por fim, não brigou para ver quem arrumaria a cama.

Levantei com cuidado e tomei um belo banho antes de descer para cozinha atrás dele. Já vestida com um belo conjunto de moletom e uma pantufa nos pés, desci a escada observando a sala a fim de encontrar algum sinal dele.

É... O dia está realmente... Diferente.

A minha frente estava meu marido segurando um lindo buquê de rosas vermelhas -parecidos com o que ele me deu quando brigamos a quase um mês atrás- vestido somente com uma samba canção, enquanto a mesa tinha o mais variado cardápio de café da manhã.

—Bom dia, linda. Feliz 4 meses de uma vida inteira —Ah, como não me apaixonar mais a cada dia? Como não fazer tudo que esse homem quer? Se eu pudesse, Vinicius, juro que te daria o mundo.

—Feliz 4 meses de uma vida —Beijei seus lábios com calma e com muito, muito, muito amor. Todo meu amo— Está tudo muito lindo —Sorri e encarei a mesa e logo depois o chão. Eu não queria chorar, mas era quase impossível.

—O que foi, eu fiz alguma coisa errada? São as flores, né? Eu sabia que era melhor ter comprado uma joia —Começou a andar de um lado para outro enquanto eu chorava tanto que cheguei a soluçar. Eu acabei de tomar uma decisão definitiva, uma decisão de uma vida inteira e estava assustada para o que viria a seguir.

—Não... foi nada disso —Tentei falar mais alguma coisa, mas comecei a chorar de novo e ele já aturdido com tanto choro sem explicação, me abraçou forte e beijou meus cabelos me mantendo presa ao seu corpo até que minha respiração começasse a regular e eu conseguisse falar uma frase— Você pode vir comigo até o quarto, por favor?

—Claro que sim, querida —Soltou as flores em cima da mesa— Agora mesmo.

Me soltando dele eu peguei as flores e as abracei sentindo o cheiro das rosas tomarem conta do meu rosto. Vinicius me olhou ainda mais confuso. Segurei firme em sua mão e nos guiei até nosso quarto.

Pedi que ele fosse para o banheiro e me esperasse e assim ele fez. Coloquei as flores em cima da cama e abri o criado mudo do meu lado da cama, pegando o que eu queria e seguindo até o banheiro.

—4 meses de uma vida inteira? —Perguntei parando na soleira da porta enquanto ele estava sentando na tampa do vaso sanitário com as mãos no cabelo.

—De uma vida inteira —Assegurou.

Caminhei até ele e beijei seus lábios. Ergui a tampa do lixo com o pé e joguei todos os meus anticoncepcionais lá, enquanto Vinicius olhava tudo atentamente, eu só conseguia olhar pra ele. Ele ficou alguns segundos encarando o lixo com todas aquelas cartelas lá dentro e quando voltou a olhar pra mim, seus olhos estavam marejados.

—Eu quero ter um filho, quero ter um filho com você —Me agachei tocando os joelhos dele para me apoiar e limpei algumas lágrimas que escorriam— Diz alguma coisa, por favor —Pedi encostando nossas testas.

—Obrigado— Sussurrou— Você não tem ideia do quanto é importante para mim saber que você tem os mesmos sonhos que eu. Eu prometo que esse bebê não vai atrapalhar sua carreira, eu cuido dele, podemos levar ele para empresa e fazer um lugarzinho pra ele. Vamos fazer um lugarzinho pra ele? —Pediu beijando todo meu rosto e por fim me deu um selinho.

—Porque primeiro não fazemos ele? —Ele sorriu e assentiu.

—Essa vai ser uma parte que eu vou gostar bastante, confesso —Levantou segurando minha cintura e me prendendo no balcão da pia.

—Jura? —Ele assentiu e começou a me beijar novamente.

Damned SoulsWhere stories live. Discover now