Capítulo 19

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Júlia Mospiert

Vinicius me encarava com tanta seriedade que eu me retraí parando de sorrir assim que cheguei onde ele me esperava, de pé e com as mãos dentro dos bolsos complementando sua postura séria e irritada.

— Podemos ir — Anunciei ao chegar e me virei para Pietro que também mudou sua expressão — Nos vemos amanhã, mas assim que chegar em casa eu te envio a documentação pelo e-mail — Ele assentiu e de maneira muito formal, se despediu de nós e foi embora, — Que cara é essa? — Perguntei a Vinicius que simplesmente segurou em minha mão e me conduziu para fora.

— Conversaremos em casa — Abriu a porta do carro me deixando entrar e deu a volta, logo dando partida e nos conduzindo para casa em uma velocidade tão rápida que eu duvido muito que os seguranças conseguiram acompanhar.

Entramos ainda em silêncio e eu sentia seu olhar nas minhas costas, que segui em sua frente e caminhei para o escritório, o que provavelmente o deixou confuso.

Abri meu notebook e vi que chegamos mais cedo do que costumávamos chegar, não só pela velocidade de Vinicius mais o expediente em si e foi por isso que eu não consegui encaminhar os documentos ainda na empresa. Parei um pouco esperando a inicialização do aparelho e refleti sobre meu dia, trabalho e trabalho.

As mensagens, Vinicius deveria estar incomodado com as mensagens que eu não respondi. Eu só queria provocá-lo, aumentar o tesão dele e deixá-lo doido de vontade, porque eu sabia da explosão que aconteceria quando nos encontrássemos. Eu dei um tiro no pé, porque ele estava bravo de verdade, a mesma expressão que fica quando eu acho que está com ciúmes.

— Podemos conversar? — Sua voz reverberou por todo o ambiente e eu assenti me ajustando na cadeira que estava sentada. Era uma mesa branca colocada de forma estratégica ao lado da sua. Um lugar onde nós dois podíamos trabalhar, embora eu não gostasse de trabalhar em casa.

— Pode falar — Fechei o notebook com cuidado e o encarei, me sentindo ansiosa de repente. Ele colocou a mão no bolso e tirou de lá minha calcinha, dando a volta a mesa e me entregando.

— Dá próxima vez que quiser ficar sem calcinha, espero que eu seja o único homem a estar com você — E saiu.

Processei sua palavras e entendi que o motivo da sua raiva era realmente ciúmes.

Abri novamente o aparelho e encaminhei rapidamente o que precisava. Deixando todas as coisas no escritório, eu segurei a calcinha e saí do ambiente indo até onde eu achava que encontraria meu marido. Gertrud encontrou comigo e sorriu.

— Eu posso servir o jantar antes de ir embora, se a senhora quiser — Sugeriu simpática.

— Eu ficaria agradecida — Sorri — E você pode me chamar só de Júlia — Ela assentiu envergonhada e eu subi as escadas.

Ao entrar no quarto eu escutei o barulho do chuveiro ligado e torcendo para que a porta não estivesse trancada, testei a maçaneta que, felizmente, abriu. Vinicius estava de olhos fechados, mas abriu imediatamente quando escutou a porta sendo aberta.

Prendendo seu olhar no meu, me despi lentamente e ainda segurando a calcinha que ele me entregou, revelei a outra que estava vestida. Seus olhos desceram para meus seios e depois para minha vagina, não escondendo a surpresa ao observar a presença da peça.

— Por que você passou o dia inteiro me ignorando e ainda foi almoçar com aquele cara? — Perguntou visivelmente magoado.

— Queria que você me pegasse bruto — Respondi com o tom de voz manhoso e me aproximei dele — Eu não estava sem calcinha, amor. E você precisa parar de sentir ciúmes do Pietro.

— Eu não estou com ciúmes daquele merdinha — Praticamente rosnou e agarrou meus quadris colando sua boca a minha com violência — Você é minha mulher — Seus beijos desceram até meus seios e ele chupou os mamilos com vontade, enquanto eu era só gemidos. — E eu vou te comer agora com força — Avisou e me virou, colando meus seios no azulejo frio e metendo de uma só vez.

[...]

Depois da rapidinha que tivemos no banheiro, meu marido jantava com um sorriso enorme nos lábios e eu estava pronta para jogar um copo em sua cabeça. O filho da puta deixou meu pescoço inteiro marcado e quando eu gozei, ele fez questão de me virar e marcar meus seios, o que impossibilitava o uso de decote. Será que eu estava em um relacionamento tóxico?

Eu nunca havia estado em um relacionamento, de nenhum tipo. Pode parecer meio cafajeste, mas minha relação com homens era simplesmente sexo e eu nem tinha tempo para isso, passava boa parte do meu tempo estudando.

Encarei meu marido seria refletindo todas nossas ações, tudo que já vivemos e o quanto estávamos nos adaptando com a vida a dois. Ele me olhou de volta confuso e eu virei a cara, ainda brava pela marcação de território.

— Acho que você é tóxico — Murmurei e ele riu não me levando a sério — É sério, acho mesmo que a gente tem um relacionamento tóxico.

— Não faz um mês que estamos casados, Júlia — Ele continuou comendo e eu revirei os olhos.

Ele era um fofo, um rendido e tinha uma cara de puto gostoso. Uma delícia. Mas ele também era excessivamente ciumento e o fato de não estarmos juntos a tanto tempo e mesmo assim eu já ter essa ideia evidente dele, não me deixava confortável.

Posso ser julgada como uma maluca, mas eu gosto dessa vibe de "minha mulher", mas também tinha a sensação de que ele não confiava em mim e entendia que não tivemos tempo para isso, mas em algum momento ele teria que confiar em mim.

Olhei pra ele, que comia alheio as todas essas coisas que passavam na minha cabeça. Seus olhos encontraram os meus e seus lábios esboçaram um sorriso de canto, o que me desarmou por completo. Droga de homem bonito!

— Por que está me encarando com essa cara estranha? — Indagou terminando de comer e recolhendo nossos pratos. Sem esperar que eu levantasse para ajudar, começou a lavar a louça que havíamos sujado.

— Você sabe que pode confiar em mim, não é? —Perguntei e ele somente me olhou sem responder nada — Entendo que ainda não confie, mas pode confiar. Eu gosto de você, de verdade — Sorri envergonhada tanto por falar aquilo como pela maneira que seus olhos arregalaram de leve. — Não estamos a muito tempo juntos e isso é o que mais me surpreende, porque eu não costumo me sentir bem em lugares novos ou com pessoas novas e eu me sinto bem aqui e com você.

— Linda, eu... — Neguei que ele falasse porque eu queria continuar enquanto tinha coragem.

— Nunca tive escolhas de nada na vida e você sabe disso, mas eu me sinto livre com você. É estranho porque eu sei do seu ciúme e — Respirei fundo ainda mais envergonhada — Você não é tóxico, acho que você tem medo de me perder. Eu também tenho medo de perder você, porque parece que eu finalmente achei meu lugar no mundo e é ao seu lado.

— Eu tenho mesmo medo de perder você e eu não sei como reagirei quando isso acontecer — Não entendi a forma como ele falou, mas não tive tempo de indagar sobre aquilo, porque ele caminhou até mim e colou nossas testas, beijando meus lábios com calma. — Nos precisamos conversar sobre uma coisa, mas eu ainda não estou pronto. Tudo bem? Só quero que você saiba que eu sinto o mesmo, sinto o mesmo por você — Me beijou mais uma vez com calma — Desculpe pelo ciúme e eu sei que posso confiar, é só que... é mais complicado do que parece, mas você está me mostrando o que é ter alguém e acredite, eu estou me apegando a isso com todas as minhas forças. Então, por favor, não me machuque. — Suplicou me encarando em aflição, como se estivesse prestes a chorar e aquilo me quebrou por dentro.

— Eu não irei, amor. Nos iremos ficar bem — Beijei sua testa colocando um pouco de esforço para ficar a sua altura e ele se abaixou sorrindo e facilitando meu movimento.

Subimos juntos para o quarto, tão grudados quanto se era possível, mas não tinha nada sexual, era apenas nós precisando do contato um com o outro.


Damned SoulsWhere stories live. Discover now