18 - Cauda Branca

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- Alivia on-

  Depois de pelo menos duas tentativas falhas de conter a rigidez das pernas e tentar nadar para cima para buscar ar, eu me rendi procurando atentamente por movimentação na água. Podia sentir como elas estavam perto. Tão traissoeiras como cobras, sereias envenenadas podiam ser muito piores que um tubarão branco bem nervoso já atraído pela presa ensanguentada.
  E a Mallya... Eu não sabia mais onde estava a Mallya, não sabia se tinha sido pega ou se estava bem, ela parecia bem perturbada quando caímos na água. Eu não tive a intenção de nos derrubar, mas a Mallya estava tão atordoada e brava que o máximo que consegui foi bater a cabeça e rolar por água abaixo, literalmente. E o problema era que eu mal tinha ideia se alguém já tinha vindo atrás de nós.
  Parecia ter passado uma eternidade quando desisti de tentar enxergar alguma coisa, o mar estava bravo e as ondas estavam com fúria do lado de cima, mesmo assim eu tive que decidir me aventurar para lá, não havia jeito, eu precisava de ar.
  Comecei a movimentar as pernas outra vez, não estava fácil nadar de calça jeans, o corpo não colaborava, e as pernas estavam querendo dar cãibra.
  Mesmo assim, quando finalmente consegui respirar um pouquinho que fosse, consegui tempo suficiente encher os pulmões de ar até encontrar a Mallya, seus cabelos embranquecidos estavam bem evidentes do outro lado, a pelo menos uns cinco metros para esquerda bem afastada de mim e do barco, que aliás estava a menos de dois metros atrás de mim. Estava enganada quando achei que a correnteza tinha me arrastado mais ao invés da Mallya.
  Outra onda estava vindo e eu mergulhei indo atrás dela, afundando nas ondas quando de repente senti alguém me puxar. Mas não para baixo e sim para cima, tinha se agarrado em mim e estava me erguendo.
  Dei um grito e olhei para cima, assustada o bastante para reconhecer Tae no meio do processo. As enormes asas negras se abrindo e fechando num vôo continuo como se fosse um... Um anjo...
  Caído e encrenqueiro, mas um anjo!
  Quando debati os pés escutei a voz de Levi berrando alto na minha direção. Estava a poucos metros, ficando cada vez menor enquanto Tae me levava para mais alto e longe das ondas.
  - Vai Alícia! Vai! Cuida do Arak eu alcanço a Mallya.
  Dizia e então mergulhou outra vez, indo depressa como se fosse um nadador profissional indo em direção onde eu tinha visto a Mallya pela última vez. Que aliás não parecia estar mais lá.

- Mallya on-

  Minha visão escureceu quando senti mais uma onda me engolir e jogar para baixo, estava ansiosa, não conseguia enxergar e quando mais tenta tava me aproximar do barco, mais longe eu estava ficando.
  - Mallya... - Escutei alguém chamar meu nome, estava confusa, mas quando abri os olhos vi algo que me fez congelar, minha mãe. O que ela estava fazendo aqui? E porque estava com cauda?
  - M... - Mal pronunciei e água salgada invadiu minha boca né fazendo tocir e engasgar. Comecei a nadar em direção a ela, tentando me aproximar mais para ver se era ela mesmo, parecia, cada traço, o corpo jovem e a bela pele de fada. Cada detalhe, eu podia até sentir seu cheiro reconfortante. Não sabia se estava ficando louca ou se realmente estava sentindo cheiro de alguma coisa na água. Não podia ser só a minha imaginação.
  Era ela, tinha que ser ela, mas ela estava tão longe. Tão pra baixo.
  Continuei tentando avançar para o fundo, nadando com determinação, porém tive de retroceder quando parecia que a pressão estava aumentando no meu peito. Só então havia me lembrado de que precisava respirar. Choraminguei angustiada esticando as mãos como se pudesse apalpar e comecei a nadar para cima outra vez, indo para longe de onde tinha vindo a voz, para longe da imagem dela que parecia tão distante.
  Quando cheguei a superfície outra vez senti as mãos de alguém, e Levi surgiu na minha frente, me agarrando pelos antebraço e pondo nas suas costas, como se eu fosse um saquinho de batatas.
  - Levi! - Tocia angustiada, minha mãe, tinha que avisar para ele da minha mãe - Levi a minha...! - Minhas palavras se perderam na água quando senti alguma coisa agarrar meu pé e me puxar vim tamanha rapidez iara o fundo. Quando pensei que iria encontrar minha mãe, senti meu pé começar a arder pegando fogo, um filete de sangue começou a se espalhar pela água e embaixo do meu pé, agarrada com garras no meu calcanhar estava uma bruxa com uma calda longa, os cabelos espalhados ao redor do seu rosto a deixavam ainda mais macabra do que os fantasma que tinham nas casa velhas em Helltown.
  - Venha minha querida, vamos adorar te levar pra ser o jantar... - Sibilou a criatura e a voz parecia a voz da minha mãe, era igualzinha. Mas a aparência não era mais a mesma, aquela coisa cheia de dentes amarelos e pontudos com a face ossuda e horrenda não era a minha mãe, jamais seria!
  Ah como eu queria minha faca agora, tentei puxar o pé e Levi que até então eu tinha me esquecido que estava lá se abaixou e cortou fora a mão da coisa, ele estava com a minha faca! E tirando meu pé das garras da sereia demoníaca ele me jogou nas costas outra vez, me carregando enquanto quebrava as ondas com o corpo.
  Quando estávamos a pelo menos três metros do barco, e já dava pra ver Jimin e Kook na parte mais baixo do barco, Levi mergulhou. Achei que estava tentando nos proteger da onda que estava vindo, mas só quando mergulhamos pude ver que havia uma daqueles sereias demoníacas bem na nossa frente, os dentes pareciam ainda maiores de perto. Levi agarrou meu antebraço com força me fazendo se segurar firme no seu pescoço e a coisa mais estranha que eu presenciei em toda a minha vida aconteceu.

Prison IVWhere stories live. Discover now