43 - Decapitado

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  Jackson se aproximou e então colocou as pontas da tesoura enferrujada entre as minhas bolas e o pau. Meu coração começou a saltar mais, parecia capaz de sair pela boca quando eu senti as lâminas passando direto, arrancando meu membro para fora. Sem nem me dar chance de assimilar corretamente o que estava prestes a acontecer.
  Me contrai de dor, sem ar nos pulmões até mesmo para gritar, e as correntes que me prendiam foram soltas. Agarrei os países baixo berrando de agonia e pude avistar Mark em meu campo de visão.
  Ele estava acertando com o que parecia um bastão a cabeça de muita gente. Depois de um tempo, quando ele derrubou Jackson e o deixou inconsciente eu pude perceber que aquilo não tinha nada haver com um bastão, era apenas o cabo de um machado.
  - Eu queria te dizer que sinto muito, mas seria mentira demais Jong Up. - Mark confessou e então se abaixou para ficar na mesma altura que eu agonizando no chão. Tinha tanto sangue saindo entre meus dedos, eu podia ver meu pau a poucos centímetros de distância do meu pé, da perna que os ossos estavam tão quebrados que eu mal podia sentir. - Eu sou um psicopata você sempre soube, não consigo sentir pena de você, talvez um pingo de divertimento - Mark continuou como se a minha dor não importasse, e foi quando percebi que aquele machado não era só para os amigos do Jackson, também era pra mim, Mark nunca teve a intenção de me tirar dali e me ajudar, era um crápula descarado que só ia salvar a própria pele.
  - O que você vai fazer!? - Agonizei implorando entre um pedido e outro uma resposta, e um soluço incontido escapou dos meus lábios, eu chorava, sentindo a ardência e o fogo cortando uma por uma das minhas veias do abdômen até a virilha.
  - Eu vou terminar o que eu comecei Jong Up. É isso que eu vou fazer. - Mark comprimiu os lábios me olhando com frieza e então me fitou com mais calma ainda, decidindo, praticamente ponderando se abria a boca mais um pouco ou não. - Eu sabia que você ia morrer logo, não achei que fosse tão cedo. Mesmo assim, acho que é um bom momento para contar o que eu vou fazer. Você precisa saber, eu tenho que contar pra alguém porque a empolgação está me consumindo! - Ele cuspiu as palavras no ar rindo histericamente como se fosse um lunático e então seus olhos negros me fitaram mais um momento.
  - Do que você está falando seu maluco?!!
  - Do fim do mundo! E do renascimento! - Ele berrou alto e sua risada começou a ecoar pela sala e os corredores, minha visão ficou turva por um instante - Tudo ocorreu de acordo com o plano desde o começo e agora eu vou repetir mais uma vez a sequência de mortes e então vou prolongar minha vida e a da Alicia por mais alguns anos. Vinte pra ser mais exato, eu sei que vai achar que sou maluco, mas é o preço a se pagar pela imortalidade. Três vezes fazendo o mesmo feitiço duas vezes no espaço de tempo do mesmo ano. Matar aquelas garotas e colocar as rosas encantadas nelas, aquilo me deu mais algum tempo, mas agora eu quero anos, e quando eu chegar na terceira vez, em 60 anos, eu terei conquistado a imortalidade. Vai ser incrível você não acha? A Alicia vai adorar ficar me caçando pela cidade tentando descobrir onde eu estou escondido, e quem eu vou matar da próxima vez. Helltown se transformará num verdadeiro circo banhado de sangue.
  Eu não sabia mais descrever se sentia o horror ou se ele estava também estampado no meu semblante naquele momento. O lunático tinha planos diabólicos. Piores do que a Mallya e a Alícia juntas imaginaram.
  - Eu planejei meticulosamente cada detalhe, desde o começo, eu já imaginava que o Jackson podia me trair, já imaginava que a Alicia podia se apaixonar pelo irmãozinho do Valentim, eu imaginava tudo!!! - Mark gargalhou mais alto ainda, cuspindo ideia atrás de ideia, confessando em alto e bom som. Pena que não havia mais ninguém além de mim naquela parte da delegacia, eu queria que a Mallya estivesse aqui para ouvir tudo isso. Pra impedir esse cretino. Pelo menos tentar.
  - A Alicia vai voltar pra mim quando o filhote de Pug perder a graça pra ela. E eu vou nos manter vivos e entretidos pelos resto das nossas vidas nessa cidade tão maravilhosa cheia de opções. - E então depois que terminou de falar Mark se levantou, colocando a lâmina do Machado na direção da minha cabeça, eu já estava deitado no chão, rendido, com dor, sujo. Tinha finalmente desistido de lutar. De que adiantaria fugir da própria morte? - Sabe Jong Up, eu nunca tive um carrasco, você sabia disso? O Tae sabe disso. Eu sempre gostei da adrenalina, dos últimos segundos, e de ver a morte tomar conta do corpo da pessoa, esse sempre será, para sempre o meu maior prazer. Executar as pessoas. Assim como ver que a cabeça humana permanece consciente de 15 a 20 segundos depois de ser decapitada.
  Foi então que o machado desceu, arrancando e separando sem dó os tecidos, e a dor inescrupulosa dos nervos e tendões e até da espinha sendo atravessadas em dormência e ardência enquanto desligava do corpo a minha cabeça.

  - Mark on-

  Depois de terminar o trabalho mais bem feitos dos últimos meses eu me esgueirei por entre pinheiros altos e terrenos íngremes. Nunca fui fã da natureza, mas aquele passeio estava ficando cada vez pior. Como faziam falta meus servos e o palácio... Era tão fácil resolver as coisas, mas estávamos quase lá, já havia começado o verdadeiro plano, agora não mais que em três dias e eu poderia impedir o verdadeiro problema. A Alicia continuaria viva e eu... Ao seu lado para sempre. Ela seria minha, e a Mallya... Bom eu precisaria pensar no que faria com ela depois.
  O importante era impedir nossas mortes nos próximos três dias.

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