47 - Confronto de Almas

9 3 0
                                    

  - Ah e quem foi que disse isso pra você? - Ele soltou um suspiro, entrecortado com uma risada mais sínica do que sua feição.
  - Eu não preciso de segunda opinião, quando eu sinto que tem algo de errado, eu sei que tem algo de errado.
  - É não é mesmo? - Ele se aproximou mais, o rosto pálido com a marca selada de cada um dos meus dedos em sua face num tom rubro quase o mesmo que o de seu cabelo. - Agora você e aquela vadiazinha vão tripudiar que descobriram sobre o plano do Levi assim como fizeram comigo? - Mark se aproximou desmanchando o sorriso para tornar suas feições em uma forma macabra e aterradora. A escuridão possuiu o seu olhar tão rápido quanto sua mão avançou no meu pulso, me segurando para qualquer outro eventual tapa ser evitado.
  - Cala a boca antes de falar da Mallya! E além disso, esse não era o plano dele, Levi teria me contado sobre a troca!
  - Será mesmo? Você já conhece ele tão bem assim apenas depois de trepar algumas vezes? - Ele sibilou olhando dentro dos meus olhos com aquela escuridão sem fim nas suas íris e então apertou meu pulso com mais força até eu sentir que estava machucando a carne - Você gosta dessa sensação não gosta Alícia? - Ele indagou de forma sombria se aproximando o bastante para cortar o pouco de espaço que ainda havia sobrado entre nós e eu tentei me afastar, mas não consegui, me encolhendo logo em seguida quando ele ameaçou por os dedos asquerosos na minha garganta, fazendo menção de me esganar. Não estava forte ainda, meus pontos doíam demais para me defender sem me machucar também.
  - Está se divertindo Mark? - Quem nos interrompeu fez eu dar um sobressalto com o repentino surgimento. E aquela voz grossa. Oh Deus. Como pude confundir esse imbecil do Mark com ele? Minhas pernas ficaram bambas só de lembrar de como era a sensação de estar naqueles braços quentes onde agora estava Suguinha e pouco acima de nós um dragão bem grande, mas inconfundível. Huoyan.
  Se Mark foi surpreendido com a presença do outro homem no coreto, não demonstrou em nenhum momento. Suas feições permaneceram duras como antes, e seu punho rígido mal se moveu. Ele não pretendia me soltar!
  Tentei puxar o pulso, com força, porém o máximo que consegui fazer foi Mark apertar mais, machucando meus nervos já sensíveis.
  - Voltou cedo lobinho... - Mark continuou, ainda sem se virar para olhar o oponente, não desgrudava os olhos de mim, e eu mal conseguia parar de olhar para o loiro a menos de um metro de nós na entrada do coreto. Ele estava sujo, e parecia estar precisando de um banho urgentemente, mas fora isso não tinha nenhum arranhão. E tinha trazido consigo os reféns que Jackson manteve sob seus cuidados. Mais uma batalha tinha sido ganha. Mesmo assim, naquele momento, parecia que a briga tinha acabado de começar. Como se fossem faíscas, desatando aos poucos antes de formar um verdadeiro incêndio.
  - É... Diz isso pro Jong Up. Eu vi o estrago que você fez seu psicopata doente! - Acusou Levi e na mesma hora senti o temor. Jong Up? O que aconteceu com Jong Up?
  Me virei depressa para encarar Mark, Jong Up era pra ter voltado vivo, o que Mark fez com ele que deu tão errado assim?
  - Uma alma a mais, ou uma alma a menos. Que diferença vai fazer, ele não seria mais útil para os próximos meses do que foi agora. - Mark compartilhou seu comentário enquanto se virava para olhar para Levi por um instante, foi a deixa que precisei, tirei a arma da cintura e botei na cabeça dele. Dessa vez eu não ia errar. Já que é pra morrer, ele vem comigo.
  Destravei a arma, pronta pra atirar, apenas pelo tempo suficiente de Levi berrar alguma coisa e então de repente Mark havia batido nos meus pulsos com seu cotovelo, derrubando minha arma, tentei me desvencilhar, torcendo seu outro punho para fazê-lo perder o equilíbrio, mas fiquei surpresa quando ele me agarrou pelos cabelos com a outra mão, me fazendo arquejar e então fez com que eu perdesse todo o ar. Um golpe muito baixo dar um soco no estômago de quem tem vários pontos em questão de centímetros acima da pele atingida pelo golpe.
  - Não! - Levi rangeu os dentes.
  Cai para trás zonza, sem fôlego, e com uma dor insuportável que chegava a ser possível sentir das pontas dos pés até o último fio de cabelo assim que Mark me soltou. Uma dor tão doentia quanto a cabeça psicótica do meu agressor.
  - Você achou mesmo que eu ia deixar você acabar com tudo assim? Deixa de ser estúpida Alícia! - Mark bufou, chutando minha arma que caiu no chão na direção do mato para fora do coreto. E Levi avançou. Mal deu tempo de acompanhar enquanto eu me arqueava para puxar ar, as lágrimas quentes descendo pelas bochechas enquanto sentia as mãos ensopar de sangue. Os pontos. Os malditos pontos estavam abertos!
  - Eu avisei você Mark, avisei que se encostasse nela... - Levi deixou escapar um riso fraco, parecia que já esperava pelo que ia acontecer. Diferente de mim, que me encolhi assustada quando começou.
  Levi desferiu três socos bem certeiros em Mark com força o suficiente para derrubar um rinoceronte, enquanto eu esperei pelo baque, pela pancada dolorida e pelas dores através de mim. O espelho perfeito e unidos de duas almas. Mas alguma coisa tinha acontecido com a conexão. Eu não estava sentindo mais nada que Mark sentia. Nem o meu tapa de poucos minutos atrás não sentia mais.
  Olhei incrédula para aquela cena, Mark se defendeu antes que eu pudesse entender que eles iam brigar até um dos dois ficar inconsciente, ou pior, morto.
  Um chute bem dado na lateral da cabeça de Levi fez o jovem loiro cambalear uns dois passos para trás antes de levar dois socos traiçoeiros no rosto.
  Mark havia sido cruel e batia de forma implacável. Porém Levi era bom de aguentar pancada, da mesma forma que batia e se voltou para Mark novamente, como se fosse uma fera animalesca. O loiro bufou de forma grotesca, e partiu para cima do rapaz de cabelos vermelhos, agarrando o punho de Mark no ar, claramente impedindo que mais um golpe fosse desferido, e então acertando em cheio o rosto de Mark com o punho fechado, ele continuou batendo. Nariz, queixo, bochecha, olho. O que estivesse em sua frente. E eu só conseguia escutar os ossos quebrando sem conseguir fazer nada.

Prison IVWhere stories live. Discover now