21 - Helltown Fantasma

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- Jung Kook-

  - A Alícia e a Mallya vão ficar tão felizes quando se encontrarem com as mães, imagino que faça tempo que não as vêem, principalmente a Mallya... - Jimin exasperou erguendo as mãos pro alto enquanto estava espreguiçando o corpo e Mark deu de ombros um pouco a frente, estávamos a horas caminhando, procurando a clareira onde havíamos deixado os carros a pelo menos três dias atrás, é claro que era uma boa caminhada até lá, teríamos que posar pelo menos uma noite na floresta e andar mais um dia inteiro pra encontrar a clareira, mas estávamos indo na frente do Levi e das garotas para limpar o terreno, apenas o bastante para checar se não havia ninguém que podia nos envenenar ou sequestrar alguém do grupo. Nunca se sabe. A floresta maldita nunca esteve tão quieta depois de tudo que ocorreu. E Mark estava calado a horas. O que era estranho já que esperávamos que pelo menos ele ia tentar se associar feito uma pessoa normal. Ou talvez não...
  Era até estranho ver Helltown tão populosa por criaturas macabras e silenciosa com uma equipe de carros abandonados nas ruas, casas escuras e vidros quebrados pra todo lado, fora a reprise de fim de mundo que o lugar estava representando, parecia até uma cidade abandonada cheia de zumbis, enquanto a floresta do lado de cá parecia até oca, a pobre Helltown agora fazia jus ao nome, era uma cidade de fantasmas e suas ruas eram cobertas pelo mais temível inferno.
  As árvores estavam balançando suas folhas verdes com a brisa matutina, e por mais cedo que parecesse, já tínhamos uma pequena noção que passavam das sete da manhã. Com certeza não dava mais para voltar pro barco onde era bem mais seguro. Uma pontada de inquietação alfinetou meu peito só com o pensamento. Não existia mais lugar seguro nesse lugar, bem mesmo nesta vila que um dia foi um lugar tranquilo.
  - Provavelmente as Rainhas vão nos punir por ter deixado tudo que aconteceu sair do controle como foi, mas pelo menos as meninas gostam o bastante da gente para não querer nossas cabeças, já a mãe do Mark eu não garanto. - Retruquei chutando um pequeno galho quebrado pelo caminho de terra, olhando pela primeira vez para os pés naquela manhã, tinha acordado tão sonolento que só agora pude perceber que estava usando uma meia distinta da outra. Enquanto um estava azul e a outra vermelha. A trilha esguia e comprida que seguia ao nosso redor estava se estendendo como o mar. Completamente alheia a nossa presença, parecia que não haveria mais fim naquela imensidão de árvores e verde pra todo lado. Não havia nem mesmo o som de pássaros e animais. Apenas o silêncio e o vento.
  - Deixem a minha mãe fora disso. - Mark cuspiu as palavras quase num murmúrio, como se não quisesse falar e quando Jong Up que até então estava cortando matinhos com uma pequena adaga prestou atenção para entender o que o outro havia dito, e então parou para pegar um galho e tacar na cabeça de Mark.
  - Aí! Você é imbecil?! - Mark reclamou apalpando a cabeça vermelha enquanto um Suguinha estressado por ter sido acordado dentro da mochila de Mark estava miando sem parar, não sei se havia sido uma boa ideia ter trazido Huoyan e Suguinha, acho que eles teriam ficado melhor com as meninas, mas Jong Up insistiu tanto para deixar os bichinhos com Arak, que pelo menos as três criaturas ficariam felizes uns com os outros. Pareciam até três crianças quando estavam todos juntos. Falando nisso a essa altura Arak já havia chegado nos aposentos de Jackson, que novidades será que ele nos traria da próxima vez...?
  Enquanto Mark apalpava irritado o local onde tinha sido atacado pelo graveto, Jong Up deu de ombros pra ele como o próprio Mark havia feito à poucos minutos atrás. Fingindo não se importar com a opinião do outro como ele tinha feito com as nossas.
  - Parem de criancice vocês dois. - Jimin se pronunciou indo dar um peteleco na cabeça de cada um e eu dei risada. A voz dele parecia de um irmão mais velho. Me fez lembrar por um momento dos tempos que vivíamos nos reinos com as rainhas. Quando éramos pequenos e inocentes. Como pareciamos felizes e unidos. Realmente éramos únicos, mas acho que nunca fomos felizes de verdade naquele lugar. Desde pequenos sendo treinados para zelar e aconselhar princesas que nós nunca vimos nem mesmo o rosto, parecia um fardo pesado demais para crianças tão pequenas. E agora que as meninas cresceram, assim como nós nós tornamos adultos, tudo parecia diferente demais do planejado.
  Em Helltown com as meninas pelo menos, por mais loucuras em que elas nos colocavam, estávamos vivendo com mais qualidade do que antes. Mais do que tínhamos lá. Bom pelo menos até as rainhas terem voltado, agora eu não podia mais prever se ficaríamos bem como antes... Ou se elas fariam da nossa vida um inferno cheio de deveres outra vez.

- Alícia on-

  O caminho até chegarmos perto da praia havia sido bem silencioso, pelo menos o bastante para me deixar irritada com meus próprios pensamentos. Tinha algo de errado, parecia que eu estava segurando um fardo nas costas, e a mochila que eu levava apenas com a arma e algumas roupas nem pesava muito. Mesmo assim eu conseguia sentir um peso amargo me seguindo desde a noite anterior. cochichando no meu ouvido feito um elfo em miniatura dos infernos. Era raiva, eu estava tentando conter, mas sabia que ela estava lá. Espreitando feito uma mosca cada um dos meus passos e pensamentos, como se fosse uma erva daninha no meio de uma plantação.
  Tirando pelos demais que caminhavam calados, Levi não parava mais de falar, contando histórias e mais histórias desde ontem, explicando detalhadamente cada parte para a Mallya sobre suas aventuras transformado em lobo no reino dos ogros dos contos de fada ou sei lá.
  Estava tão distraído com aqueles cabelos loiros contando suas proezas divinas da terra das princesas ogras que não parava mais, não apareceu na minha cama naquela noite para dormir e imagino que seja por isso que eu estivesse tão irritada naquela manhã. Talvez era a falta...
  Levi tinha apenas ficado na sala de companhia para mallya e Jong Up, que como dormiram demais durante o dia anterior, não tinham sono durante a noite que passou. Já o Tae, apagou no quarto de hóspedes na primeira oportunidade, e eu, largada feito uma boneca de cera permaneci no meu quarto, sem dormir também. Me sentia a própria boneca Anabelle, macabra e cheia de maldades pra matar alguém, mas não queria machucar ninguém, apenas o lobo. O Lobo estava me provocando por dentro a cada passada minha desde que eu segurei a transformação no resgate do pessoal. Precisava me transformar para espairecer um pouco, ou se não o lobo se retiraria por conta própria antes de mim.

Prison IVWhere stories live. Discover now