53 - Família Feliz

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- Tae on-

  Procurei novamente no armário uma camiseta que coubesse em mim já que a maioria era para o porte de todo mundo, menos o meu. Eu precisava andar depressa, a Mallya estava me esperando no jardim, a noite estava quente e eu entendia que ela precisava de companhia antes que o babaca do pai tentasse se aproximar de novo. Cada vez que ele chegava perto dela... Um poder antigo estava crescendo dentro da Mallya, a mãe podia ajudar a conte-lo, mas a filha precisa aprender a controlar ele antes que saia tudo do controle e ao invés de tentarmos sobreviver aos duendes, teremos que fugir da Mallya em si.

  Quando finalmente achei uma camiseta na cor verde do meu tamanho alguém bateu a porta. Estava imaginando que ela viria me buscar. Fui até a porta com a camiseta da cando entre os dedos, incapaz de conter o sorriso que se formava nos meus lábios conforme eu abria e me preparava para provocar enquanto mostrava pra ela meus músculos. Durou pouco afinal e o meu sorriso morreu na garganta junto com as palavras quando olhei para a pessoa do outro lado da porta, tentando não demonstrar o quanto eu estava desconfortável em estar sem camisa perto dela.

— A Mallya está lá fora. — Disse atropelando minhas palavras e tentei bater a porta na cara da mãe da minha namorada, mas ela me impediu, segurando a porta com força. Tentei frustradamente empurrar contra ela, e ainda não obtive sucesso. Merda eu tinha me esquecido que ela era tão forte.

—Eu sei que minha filha está lá fora, estou aqui porque quero falar com você.

— Eu não tenho nada para falar com você Lívia.

— Então só me escuta está bem! — Lívia foi entrando no quarto, estava cheirosa com o mesmo cheiro de sempre, orquídeas. O velho cheiro atiçou alguma memória antiga minha. Trazendo arrepios até o fundo dos meus ossos. Me obriguei a ignorar as semelhanças da Mallya que estavam estampadas nela. O mesmo formato do rosto, os lábios, e até o corpo era volumoso e cheio de curvas igual. Engoli em seco conforme ela se aproximava de mim para olhar em meus olhos. Ela, assim como a filha era poucos centímetros mais baixa do que eu. E isso me fez olhar para baixo para vê-la, o decote que ela usava, naquele vestido esvoaçante azul marinho e como o cheiro doce de orquídea parecia ser capaz de perfurar meu cérebro.

Me afastei dela, mas por pouco tempo já que ela se aproximou de novo.

— Tae, eu preciso entender o que houve, o que vai ser da gente? — Ela me fitou com aqueles olhos ardilosos, a boca pronunciando mentiras deliciosas a cada suspirar que ela soltava.

— Não existe a gente. — Fui frio e direto, olhando pra ela com rancor — Nunca existiu, você só me usou pra conseguir material pra gerar o seu filho, e agora eu estou com a irmã dele, e não quero nada de você. — Sibilei na direção dela e vi desapontamento escorrer daqueles lindos olhos que não se desgrudavam de mim nem por um segundo. Era como se fosse uma leoa pronta pra atacar o próprio jantar.

— Mas Tae... — Ela começou a choramingar e eu levantei a mão negando com a cabeça. Não foi suficiente já que ela acabou com a mísera distância que nos separava e colocou as mãos no meu peito, arranhando os músculos com as unhas coloridas de vermelho.

— Tem só uma coisa que eu quero de você Lívia,— Eu agarrei os pulsos dela e a obriguei a se afastar — Fique bem longe de mim! — Cuspi as palavras e quando me virei para me afastar outra presença jazia no quarto, estava tão distraído com a mãe, que mal notei que a filha tinha chegado no quarto e estava vendo tudo. Meu sangue gelou, descendo dolorosamente pelas minhas veias. O que será que a Mallya tinha visto? O que ela interpretou de tudo?

— Mally eu posso explicar. — Comecei e ela negou com a cabeça, vindo para perto de mim enquanto agarrava minha mão e tirava nós dois do quarto. Fui vestindo a camiseta pelo caminho antes que ela me arrastasse para fora seminu.

— Não precisa explicar nada Tae, - Mallya me fitou, os lindos olhos me perfurando com determinação - Eu já vi o que minha mãe enxerga como família feliz. E sei que você não faz parte disso. - Acrescentou, e eu não resisti roubar um beijo daqueles lábios fartos antes dela me arrastar para fora com pressa de se afastar o máximo que podia da própria mãe.

Prison IVWhere stories live. Discover now