49 - Noite de Calmaria

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  - Já Basta! - Foram apenas duas palavrinhas, e então a estaca que eu tinha nas mãos se desfez em pó e caiu no chão como se fossem cinzas, minha mãe tinha entrado na frente do meu Pai. Não sei se pretendia defende-lo de mim, mas conseguiu proteger o homem. E ela não estava sozinha, tinha trazido consigo Tae e um querido amigo, que não sei como entrou aqui pelo tamanho que tem, Huoyan.
  Estava ainda maior do que eu me lembrava. Minha mãe abaixou a minha mão, colocando a sua outra mão livre no meu rosto enquanto escondia uma pequena mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.
  Meu coração estava tão acelerado, e tudo que eu consegui fazer foi apenas chorar, mais do que já estava. O peito doía e com ele meu coração destruído em pedaços assim como a estaca que se transformou em pó.
  - Para meu anjo, eu já estou aqui pra cuidar de você. - E então ela olhou no fundo dos meus olhos e me puxou para um abraço, apertado o bastante para estalar meus ossos. Uma onda gigantesca de paz me invadiu de imediato, acalmando meus batimentos contra o peito, e toda aquela fúria e o desespero foram se esvaindo.
  Era como se ela tivesse me deixado leve, flutuando em paz tanto do espírito quanto da alma.
  E eu podia sentir ela fazendo isso, me sugando cada parte ruim, não sabia como, mas ela estava. Tirando cada traço de raiva de dentro de mim com correntes fortes o bastante para quebrar todas as minhas barreiras.
  O cheiro dela invadiu meu nariz e na mesma hora meu cérebro assimilou que eu conhecia aquilo, aquela fragrância almiscarada e leve como a brisa noturna do mar.
  - Ah mãe... Por que demorou tanto? - Consegui gemer entre soluços e ela acariciou meus cabelos claros, me aninhando em seu abraço cálido.
  - Eu já estou aqui meu anjo. Está tudo bem. Deixa eu tomar o controle agora e cuidar de você.
  Foi quando o teto do quarto escureceu e eu comecei a sentir as pernas cederem. Ela estava fazendo isso comigo...

- Alícia on-

  "- Pronto. Agora promete pra mim que vai ficar longe de confusão até isso sarar? - Levi abriu um sorriso gentil na minha direção, o joelho dobrado no sofá em que estávamos fazia uma pequena distância surgir entre nós, e eu assenti baixando os olhos numa tentativa furtiva de tentar entender, porque e como eu me enganei com Mark, foram por poucas horas, mas eu podia jurar que estava com Levi do meu lado, e era Mark naquele carro..."
  E agora que realmente era ele, eu estava com medo de não ser real de verdade. Estava com medo do Levi ser apenas o Mark e eles estarem no lugar um do outro de novo.
  Estava cansada e ferida como sempre, mas dessa vez minha cabeça estava tão ferrada quanto meu corpo.
  Chaqualhei a cabeça afastando a lembrança da tarde e o pensamento que me perseguiu o resto da noite e me aninhei nas cobertas da Mallya, o sol estava quase nascendo, e somente agora comecei a sentir um pouco de sono. Diferente da Mallya que estava inconsciente a horas, desmaiada como um lindo bebezinho.
  - Sua vida está tão complicada quanto a minha não é? - Fiz a pergunta, mesmo sabendo que ela estava dormindo e não pretendia verbalizar uma resposta, e quando deitei ao seu lado, como fazíamos quando éramos bem pequenas e íamos dormir na casa uma da outra, ela abriu um dos olhos, que por incrível que pareça, estava normal, com aquele leve castanho claro e não vermelhos como tinha ficado nos últimos dias.
  - Eu entendo. - Recebi uma resposta mesmo sem esperar já que pensei que ela pudesse estar dormindo e quando arqueei a cabeça para olhar pra ela a mesma me deu uma travesseirada na cara - Fica quieta aí, que eu ainda estou dormindo!
  E então caímos na risada. Enquanto ela me puxava pro seu braço. Fazia tanto tempo que não acontecia qualquer coisa boa na nossa vida que quando as gargalhadas se acalmaram e eu recuperei o compasso do coração no peito, eu estava começando a me perguntar se aquela vida de assassinos e detetives era realmente tudo que eu queria pra mim e pra ela, Mallya estava sofrendo demais em tudo aquilo. E agora eu também estava percebendo que ela não era a única que sofria, eu só não tinha notado ainda que as duas estavam sofrendo.
  Puxei um dos cachos da Mallya tão brancos quanto os cabelos de uma senhora e levantei o rosto agora encarar ela, enquanto a mesma me espiava com um dos olhos.
  - O que quê foi... - Ela começou e eu segurei o cachinhos platinados entre o polegar e o indicador, observando como tínhamos crescido. Estava assustada que nossa amizade não. Ainda nos amávamos, éramos irmãs como sempre fomos, mas nossos caminhos estavam diferentes, e agora eu realmente queria reparar esse erro que cometi. Não quero mais uma vida onde eu possa morrer a troco de nada.
  - Pensando...
  - Em que? - Perguntou enquanto tirava seu cachinhos da minha mão para esconde-lo num coque desengonçado no topo de sua cabeça e eu peguei seu pulso quando um objeto chamou minha atenção.
  - Que você está ficando muito velha... E que tem uma pulseira maneira que combina com o cabelo! - Brinquei dando risada quando ela não gostou de ser tratada como uma velha e levei outra travesseirada na cara.
  - Toma jeito menina! - E levei mais outra. - Eu ganhei da minha mãe. - Ela respondeu antes de eu perguntar como tinha arrumado a pulseira de ouro negro que tinha um dragão de asas abertas esculpido no centro, foi quando me recordei de outra coisa. Mallya em choque, e a mãe... Isso explica porquê estava dormindo tanto, deve até ter tido uma crise sem ninguém para apoia-la...
  A culpa me invadiu de novo, mas dessa vez foi mais forte. Eu era uma péssima amiga!

  Fiz dia das mulheres para todo mundo que tá lendo!!!

Prison IVWhere stories live. Discover now