CAPÍTULO 16

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GEOVANE

Quando meu sogro me falou sobre fazer um "aniversário de morte", admito que achei a idéia um tanto mórbida. Mas no fim das contas acabou sendo uma comemoração agradável e animada. Ver a forma como todos que a a conheceram, a admiram e respeitam até hoje, mesmo um ano depois que ela se foi é algo que realmente mostra como ela era querida. Saber que meu sogro tem Lucian em tão alta conta também fez eu me sentir bem. Nunca teria um relacionamento com alguém que não respeita os mais velhos. Não que eu esteja pensando em ter um relacionamento com ele. E nem em "não ter". Não é isso. Meu deus, onde tá indo meu pensamento? Enfim, isso foi há dois meses, e desde então eu mal tenho visto o rapaz, que parece estar se escondendo.

Bom, mudando de assunto, hoje recebemos a visita de dona Zuleica e seu Valdir. Finalmente resolveram se casar, e farão uma reunião íntima, apenas com a família e amigos próximos. Os filhos do noivo virão na sexta e ficarão até domingo. E o jantar de casamento será no sábado, então as meninas estão eufóricas pra conhecer o netinho de seu Valdir, que tem oito meses. O último bebê que elas foram próximas foi a minha sobrinha Lorena, que nasceu quando Lena tinha 2 anos. Todos os primos tem quase a mesma idade. Mas admito que o que eu estou pensando mesmo é em uma forma de fazer com que Lucian me note.

Resolvi afogar meu orgulho e pedir conselho pro meu irmão e meu cunhado. Quero parecer bem, sem ficar evidente que eu quero parecer bem. É confuso, eu sei. Mas não quero que ele se sinta pressionado. Não quero que ele pense que eu estou me aproximando apenas porque ele é gay. Eu já tinha essa vontade de estar próximo a ele mesmo antes de saber sobre sua sexualidade. Não sou um troglodita, então não pretendo assustar ele. Como dona Zuleica deixou claro que será bem simples e o clima está quente, então no fim com a ajuda de todos, escolhi uma camisa de manga curta azul marinho e uma calça cinza claro.

Pelo pouco tempo que tiveram pra preparar tudo, tenho que admitir que está tudo ótimo. As gêmeas passaram a semana inteira ajudando a fazer flores de papel pra colocar nas paredes, e fica evidente em cada detalhe que foi tudo preparado com muito carinho. Os noivos parecem serenos, e me lembrei do dia que eu perguntei a dona Zuleica sobre o motivo de estarem juntos só agora, pois soube que foram noivos na juventude. Ela me disse que amou ele também, e não queria magoar ninguém, mas amou ainda mais seu Escobar. Já tem bem mais de 8 anos que ele faleceu, então ela resolveu seguir em frente. Quando fomos recebidos, as meninas já entraram foram procurar as amigas.

Quando senti um cheiro divino, segui a fragrância até um jovem que conversava de costas pra mim. Fiquei paralisado olhando as costas sexy do rapaz, até ele se virar e me flagras "secando" ele. Fiquei constrangido, e pra tentar disfarçar fui cumprimentar ele, Marcos e Francisco, que é policial e também mora na pensão. Nessa hora, seu Valdir chegou brincando:

- Vocês combinaram as roupas? Vão cantar?

Olhei mais atentamente e vi que Lucian usava uma camisa de manga curta cinza claro e uma calça azul marinho. Sorrimos sem graça, e eu fui procurar por uma cerveja, pra aliviar o clima. Perdi minhas filhas no meio de tantas pessoas, mas tenho certeza que elas estão bem, afinal aqui somos todos próximos. O clima descontraído, com baladas antigas tocando baixinho e conversas por todo lado faz com que seja muito agradável estar aqui. Depois de um tempo andando entre os convidados e cumprimentando todos, fui procurar as meninas. Encontrei Lena sendo paparicada por algumas moças, inclusive a filha de seu Valdir, que babava pelo vestido de princesa que Lucian escolheu quando fomos fazer compras. Na verdade, todos nós estamos usando roupas que Lucian escolheu. Vendo que a caçula está bem, vou procurar as gêmeas. Encontrei Manu conversando com algumas garotas, mas nenhum sinal de Mari. Quando perguntei por ela, disseram que ela foi até o andar de cima procurar o professor. Essa era a desculpa que eu precisava pra "bisbilhotar" o espaço pessoal dele, descobrir suas preferências e algo que eu poderia presentear. Subi discretamente, entrei no quarto em silêncio, e levei um susto quando o rapaz saiu do banheiro sem camisa. Me expliquei logo, pra despistar meu flagrante:

Era uma vez: um quase conto de FadasOnde histórias criam vida. Descubra agora