CAPÍTULO 17

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LUCIAN

A noite terminou de maneira satisfatória. E agora deitado na minha cama, não consigo parar de reviver o momento que aconteceu mais cedo no meu quarto. E enquanto penso sem parar, meu corpo repete as reações. Geovane me pegou de surpresa, até porque eu não esperava um ataque tão direto. Nos últimos dias eu percebi olhares furtivos, alguns toques que demoram mais do que o necessário quando nos cumprimentamos, e tem também o dia da viagem, que foi o ponto alto pra esclarecer que ele tem algum sentimento por mim.

Pra ser sincero, eu tenho sentido "algo" por ele desde a reforma da horta, no começo do ano, mas nunca pensei que pudesse ser recíproco. Enquanto um turbilhão gira na minha cabeça, repeti a cena de mais cedo. O toque quente das mãos ásperas, os gemidos no meu ouvido.

Sem reparar no que estava fazendo, minhas mãos começaram a percorrer os caminhos que as mãos dele fizeram mais cedo. Minha mente imaginando o que teria acontecido se Maxuel não tivesse batido na porta. Meus dedos tocando meu mamilo, enquanto me lembro do toque dele. A mão desceu pelo meu abdômen sentindo os pelos da minha barriga, seguindo a trilha sob a coberta. Eu não gosto de dormir vestido, então aproveitei a nudez pra acariciar meu corpo. O calor se espalhando como fogo enquanto me dou prazer, imaginando o homem que tem me enlouquecido nos últimos dias.

Quando lembrei do seu beijo, toquei meus lábios. Senti tanta vontade de explorar o corpo dele, então comecei a sugar meus próprios dedos, imaginando qual gosto ele teria. Lembrar do som parecido com um rosnado que ele soltou próximo ao meu ouvido quando eu o toquei, me deixou ainda mais excitado. Quando senti a rigidez do seu membro, eu desejei mais. Muito mais. Enquanto faço isso, minha mente voa longe, imaginando o que eu teria feito.

Continuo me tocando e pensando em Geovane, até sentir o orgasmo muito perto. Nessa hora, só consegui me lembrar da sua voz rouca, dos olhos me pedindo permissão. Com um suspiro final, jorrei na toalha que estava ao lado da cama.

Já fazia um tempo que eu não sentia um prazer tão intenso. Não sou nenhum puritano, e nem um mocinho virgem. Tive minha cota de amantes, mas o toque do homem viril que povoa minha mente parece mais real do que qualquer outra sensação que eu já tive. Depois do que fiz, relaxei e dormi. Como tem sido quase sempre desde que cheguei aqui, essa noite eu também não tive nenhum sonho.

O dia amanheceu com cara de chuva, mas ainda está calor, e eu resolvi fazer uma visita pras minhas meninas. Peguei o carro do Marcos emprestado e fui até a casa de seu Virgílio, buscar ele pra ir comigo visitar as netas. Preciso conversar com Mariana. Estou preocupado desde ontem, quando encontrei ela chorando atrás das roseiras de dona Zuleica.

Quando chegamos, a família inteira estava reunida pro almoço de domingo, e pareceram genuinamente felizes com a chegada de dois convidados penetras. Virgílio tem sido um dos meus melhores amigos e insiste pra que eu o chame de tio, ficando chateado quando eu não o faço. Então pra agradar o senhor tão gentil, consegui um parente. Agora tenho um "Tio Virgílio".

A família de Geovane é grande e unida. Os pais, Sebastião e Rosália, os irmãos Graziela e Gilberto, os cunhados, Fernando e Raquel, os sobrinhos Luan, Michele e Lorena, filhos da irmã, e Sérgio, filho do irmão. E sempre que possível, todos se reúnem. Depois do almoço, enquanto uns jogavam conversa fora, outros jogavam truco e todos tomavam o vinho aromático que dona Rosália faz com uma receita de família.

Mari me chamou em um canto, e pediu pra conversar. Vi seus olhos chorosos, e me perguntei o que poderia fazer com que minha menina valente ficasse triste. Quando ela começou a falar, senti o chão ir sumindo. Eu vou matar meu irmão mais velho.

- Tio Lu, eu tô apaixonada. Já tem alguns dias que essa pessoa tem sido muito gentil comigo, e eu acho que confundi as coisa. Essa pessoa é mais velha que eu, e acho que só ficou próxima de mim porque sou próxima de você. Deve ter ficado com dó de mim, e eu fui patética em acreditar que seria capaz de conquistar essa pessoa. Então ontem eu dei um beijo de surpresa. No começo, fui retribuída, e fiquei feliz. Mas depois a pessoa ficou irritada e me empurrou. Tá doendo, tio Lu. Não sei o que fazer.

Era uma vez: um quase conto de FadasOù les histoires vivent. Découvrez maintenant