EXTRA 1

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1969

Quem já leu até aqui, sabe que eles MORRERAM, então leiam por sua conta e risco. Contém gatilhos.
Fim do aviso.

A cachaça é boa, mas não resolve. Não me anestesia mais. Enquanto olho a garrafa vazia, sentado no tronco ao lado do lago onde nós conhecemos e onde nosso amor desenvolveu, começo a lembrar do meu Alfredo.

Era um dia quente e eu estava passeando na praça, perto do Lago, aproveitando a brisa fresca que a sombra das árvores ofereciam, até que o vi pescando no barranco. Já tínhamos nos visto antes em alguma festa, até trocamos algumas palavras, mas não éramos amigos. Na falta de opções e com preguiça de voltar pra casa no sol, fui conversar com ele. Ficamos sentados até perto do sol se por, conversando sobre tudo. Gostei muito da companhia, e voltei nos dias seguintes. E foi assim que tudo começou.

Deveríamos saber que nosso amor já começou errado, pois estávamos durante a Semana Santa, mas isso não nós impediu. Depois de quatro dias de encontros, convidei ele pra uma volta perto da mata, onde nós sentamos e confessei a ele meus sentimentos. Por ser quem sou, pensei que ele se afastaria de mim, mas ao invés disso ele pegou minha mão e disse que sentia o mesmo. Não consegui acreditar que algo assim fosse possível.

Não queria esperar mais nada, então montei no seu colo e colei minha boca na sua. Foi meu primeiro beijo, mas não pareceu ser o suficiente. Depois de algum tempo de lábios se chocando, falta de fôlego e toques desesperados, começamos a nós despir. Passei as mão no seu peito e seus ombros, deslumbrado com a forma e a força contida naqueles braços. Quando o toquei por sob a calça, fiquei ainda mais afoito, e terminamos de tirar a roupa. Ainda não parecia ser o bastante. Eu o queria todo.

Então com algum esforço, muita saliva e um pouco de dor, eu comecei a colocar ele dentro de mim, me abaixando aos poucos até sentir que o havia recebido inteiro. Não tínhamos nenhuma experiência, mas tínhamos desejo. Muito desejo. Com algum esforço, comecei a me mover até encontrar o ritmo que nos fez gemer. Estar preenchido por ele foi a melhor sensação da minha vida. O tesão era tanto que eu nem me lembrava mais da dor.

Eu queria mais, e ele me deu mais. Apertou minha cintura com firmeza, me ajudando com o movimento enquanto me  beijava, mordendo meu peito, pescoço e ombros. Nossos corpos se tocando em todas as partes, pressionando e estimulando meu pau entre nós dois, até que eu não aguentei mais e em um gemido agonizante, gozei como nunca antes, e logo depois ele também me preencheu com o líquido quente. Ficamos unidos por mais alguns minutos, mas estávamos ao ar livre e mesmo que no meio da mata, alguém poderia nos ver. Então nos vestimos rapidamente e nos despedimos, marcando de nós encontrar novamente no dia seguinte.

Mas três dias se passaram antes que eu conseguisse sair de casa. Tive febre e muita dor, então não nos vimos. Quando eu contei a ele, ficou realmente preocupado e se recusou a me tocar de novo. Passamos quase meio mês apenas conversando e trocando alguns beijos escondidos, até que uma tarde ele apareceu com as bochechas vermelhas e um vidro no bolso. Quando perguntei o que era, ele corou ainda mais.

- O mascate passou vendendo uns produtos da Botica do seu Antônio, e eu comprei uma loção de rosas pra não te machucar de novo.

Saber que ele cuida de mim me fez amar ainda mais esse homem. Nesse dia, usamos a loção enquanto eu me apoiava em uma árvore, e depois usamos de novo dentro do lago. E depois usamos de novo e de novo.

Nos oito meses seguinte, nosso amor só cresceu. Mas meu pai começou a dar ouvido aos burburinhos, e pra evitar manchar a imagem do Prefeito impecável que ele tinha, arranjou um casamento com a filha de um governador, amigo dele. Segundo ele, seria um duplo benefício: alavancar a carreira dele na política e acabar com a minha pouca vergonha. Fique desconsolado com a ideia, e fui a procura do meu porto seguro. Alfredo não decepcionou.

Era uma vez: um quase conto de FadasWhere stories live. Discover now