CAPÍTULO 24

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GEOVANE

Depois do aniversário das meninas, passamos um tempo sem maiores complicações. Seu Virgílio tem nos visitado constantemente, e sempre pergunta sobre nosso relacionamento. Lucian ainda está receoso quanto a assumir publicamente, pois tem medo de ser rejeitado novamente, mas temos certeza que ao menos os mais próximos continuarão nos apoiando.

Mari e Estela estão ainda mais firmes, e cada dia que passa me deixam mais orgulhoso. O amor delas transborda em cada olhar que elas trocam entre si, como se vivessem em um mundo a parte. Manu, surpreendendo a todos, tem sido mais madura, ajuda a cuidar da irmã caçula e tem se empenhado em projetos sociais. Lena, com sempre sapeca, não deixa nada ficar estagnado. Esse ano ela completou 10 anos, e agora já não quer ser tratada como criança. Não estou preparado pra isso ainda.

O aniversário de morte de Cátia esse ano contou apenas com a família e amigos mais próximos, mas não deixou de ser uma comemoração pela vida que ela viveu, pela mulher incrível que ela foi, e pelo legado maravilhoso que ela deixou. Esse ano foi realizado aqui em casa, e novamente Lucian coordenou a preparação.

Minha família tem recebido ele com cada vez mais entusiasmo, mas ainda não assumimos o relacionamento para eles, então pensam que ele é o melhor amigo que alguém pode ter. Espero que a visão deles não mude quando souberem o nosso nível de amizade.

Esse ano, resolvi fazer uma surpresa de aniversário pro meu namorado, então pedi que as meninas fossem dormir na casa dos meus pais. Levei elas até lá e avisei que não estaria no telefone hoje. Depois de tudo preparado, passei na casa de dona Zuleica pra pegar o aniversariante, levei pra jantar e na volta, passei direto pra minha casa. Ele percebeu a manobra e eu não quero mais disfarçar.

- Geovane, a gente já conversou sobre dormir na sua casa.

- Você dormia lá antes de a gente namorar.

- Mas isso foi antes. É melhor evitar os mirxiricos.

- Vão falar de qualquer jeito. Isso me leva a te fazer a pergunta que precisa de resposta: Quando vamos contar aos meus pais?

- Devemos preparar a situação primeiro. Não quero perder o afeto deles. Eles são importantes pra você, e eu quero que continuem me tratando da mesma forma.

- Você sabe que eu vou esperar seu tempo, mas eu te amo, não quero ficar escondendo a gente. Somos adultos.

- Eu sei. Mas eu estou com medo. O que me diz de esperar passar as comemorações de Natal e Ano Novo, então contamos a eles?

- Por que esperar as comemorações?

- Porque não estraga as festas de fim de ano, a gente pode usar o feriado de Carnaval pra "amolecer" o coração dos relutantes, e com sorte até o final do mês de abril eles já terão nos aceitado, e poderemos comemorar seu aniversário juntos.

- Tem quanto tempo que você está planejando isso? Esse discurso foi muito bem ensaiado.

Não consegui resistir e acabei implicando com ele um pouco. Ele sorriu sem graça e admitiu:

- Desde que começamos a namorar eu tenho pensado em uma forma de contar a todos. Tio Virgílio surpreendeu muito a ser nosso apoiador, assim como seu Valdir e dona Zuleica. Mas tem uns 3 meses que eu estou procurando a melhor saída pra te ajudar a "sair do armário" pros seus pais.

Continuamos conversando até chegar em casa. Mas aqui eu não quero conversar mais. Agora eu quero aproveitar a casa só pra gente e fazer algo que não temos muita oportunidade: Hoje eu quero servir meu namorado. Antes de sair eu chequei se estava tudo no lugar pra nossa festa particular, então acendi as velas aromáticas, peguei as taças e servi o vinho. Depois de alguns goles, mostrei o óleo de massagem.

Era uma vez: um quase conto de FadasWhere stories live. Discover now