Era uma vez: um quase conto de Fadas

CAPÍTULO 23

LUCIAN

Estou acabado. Esses dias perto dos meus pais me fizeram recordar com riqueza de detalhes o motivo de eu ter saído de casa sem dizer pra onde ia. Não posso permitir que minha nova família seja exposta a esse veneno, então tentei evitar que Geovane e as meninas estejam no mesmo ambiente que senhora Suzana e senhor Gabriel. Mas como não poderia deixar de ser, eles descobriram sobre meu relacionamento.

A tensão da convivência tem me provocado insônia, falta de apetite, ansiedade e dores de cabeça constantes. Pra piorar, o encontro de Geovane com meus pais não poderia ter sido mais desastroso. Mas ver ele me defendendo daqueles contra quem eu nunca pude fazer nada me provocou uma reação de orgulho sem tamanho, então durante todo o caminho até a casa dele, uma ideia não saiu da minha cabeça: "Eu o quero. Eu o desejo. E eu quero ele agora".

Ao descer da caminhonete ele escorregou, e eu não quis rir pra não causar constrangimento, mas ele fez uma careta tão engraçada que eu não resisti. Enquanto ele tomava banho, eu tomei a minha decisão: Não vou esperar ele vir até mim, eu irei até ele.

Ele saiu do banho, e seu cheiro estava enlouquecedor. Admito que eu não me esforcei nem um pouquinho pra resistir. Não esperei, eu ataquei. Saber que ele comprou o necessário pra fazermos sexo me mostrou que ele também me deseja, então enquanto ele vai no andar de cima pegar os itens, me lembrei de que ele ficou desconfortável o dia que tentei inserir o dedo nele, e não quero que a brincadeira acabe por causa de algo bobo. Então aproveitei sua ausência e me preparei pra receber ele em mim.

Quando vi seu olhar perdido enquanto eu colocava o preservativo, fiquei ainda mais excitado. Já faz quase dois anos que eu não faço sexo, e mais tempo ainda que eu não sou o passivo, então a primeira investida dói. Pra controlar o ritmo, escolho ir por cima, e sentar nele ao invés de deixar a ação por conta dele. Depois de algumas carícias, meu corpo dá sinais claros de que não irá resistir por muito mais tempo antes de gozar, e minha resistência diminui ainda mais quando ele começa a massagear meu membro negligenciado. Logo, sinto a energia represada se acumulando em um ponto específico, a sensação me envolve completamente, e o prazer sublime me faz perder a conexão com o resto do mundo. Pouco depois, senti Geovane também gozando debaixo de mim, produzindo um ruído absurdamente sexy, um rosnado profundo e selvagem. Não sei porquê, mas combina com ele. Sinto seu peito reverberando sob minhas mãos, até que em um último espasmo, ele desabou o corpo, me puxando junto para o chão.

Depois de alguns carinhos, percebi que ele tinha um olhar distante, parecendo estar decepcionado. Fiquei preocupado de que ele não houvesse gostado do que acabamos de fazer. Meu peito começou a apertar de medo de que ele quisesse terminar, então pra abordar o assunto, dei um sorriso pra disfarçar o nervosismo e perguntei:

- Então? Como foi minha performance?

- Ótimo. Nossa, tô meio nublado até agora.

- Então por que essa cara?

Levantou o rosto pra me olhar, parecendo surpreso por eu ter percebido.

- Na verdade, estou um pouco decepcionado.

Senti meu coração errar uma batida. Eu devia ter imaginado. Ele é um cara que está acostumado a ser hétero a vida inteira. Eu não deveria ter atacado dessa forma. Minha cabeça já estava criando um monte de teorias, a ansiedade me fazendo suar frio. E teria entrado em curto se ele não tivesse terminado a frase da maneira mais surpreendente do mundo:

- Eu pensei que teria a experiência completa, sabe? Eu meio que me preparei, e agora me sinto muito idiota. Espero que ninguém pesquise meu histórico no Google.

Enquanto ele dava uma risadinha sem graça e auto depreciativa, minha mente começou a assimilar o significado do que ele disse. Assim que o significado ficou claro, senti o meu pau adormecido começar a despertar entre minhas pernas. Mas preciso confirmar primeiro, antes de tomar qualquer atitude.