Capítulo 2-No adultério há pelo menos três pessoas que se enganam.

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DANDARA SCHILLER

Jesus.

Eu olhei para a tela, a boca aberta em nojo. Eles estavam realmente fazendo isso. Línguas em uma briga desesperada, dentes se batendo. E não houve qualquer hesitação, nenhuma contenção, quando os dois se encaixaram. O ângulo e a
iluminação eram uma porcaria, mas ainda suficientes para pegar toda a ação
nojenta.

Deus me ajude.

Isso não poderia estar acontecendo. Eu não queria ver, mas não consegui desviar o olhar.  A forma que eles se tocavam, tão obviamente familiar com o corpo um
do outro, me matou. Meu estômago revirava, a bílis queimava a parte de trás da
minha garganta. E então tão de repente como começou as telas se apagaram.

Mas eu havia tido o suficiente.

Meus olhos coçaram, um músculo tremia na minha bochecha. Agora eu entendia toda tensão quando eles estavam juntos. As brigas entre os dois. As minhas tentativas falhas de tentar os dois se darem bem. Sempre foi teatro. Quando eu virava as costas os dois fodiam iguais animais. Malditos traidores.

Isso estava acontecendo pelas minhas costas o tempo todo, nesse caso, que tipo de idiota eu era?

Passei meus braços em volta de mim, segurando firme, fazendo o meu melhor
para manter minha sanidade. Não estava funcionando. Nem um pouco. O pior era que, agora que eu pensava sobre isso, houve sinais. E estiveram bem debaixo do meus olhos. A libido de Paul nunca foi o que eu chamaria de monstruosa. Entre todos os nossos momentos íntimos houve muitos amassos e beijos com certeza, mas pouca relação sexual. Sempre houve desculpas.

Medo do meu pai.

Cansaço da faculdade.

Cansaço do trabalho.

Tudo fazia sentido na época. Simplesmente o fato dele estar comendo a buceta da minha melhor amiga nunca passou pela minha cabeça. O homem tinha sido muito perfeito em todos os outros aspectos.

Só que ele não era.

Porque, de acordo com aquele vídeo, minha família sempre esteve certa. O garoto de ouro de Harvard provavelmente estava me usando como alavanca para conseguir garantir uma boa posição na Suprema Corte ou Congresso.  Lucy Dubois, órfã e sem nenhuma família influente não poderia dar isso a ele.

Quão perto ser genro de Adam Schiller iria levá-lo de uma carreira brilhante no meio jurídico?

Muito perto com certeza!

Bastardos. Imagina, que eu pensei que era muito felizada por ter uma melhor amiga incrível e um noivo perfeito.

Quão idiota eu era?

A raiva me atingiu em um estrangulamento e eu saltei.
— Eu vou te matar!—Eu rugi, atacando-o.

O rosto bonito de Paul instantaneamente endureceu. Um braço forte me segurou pelo meu estômago, me levantando. Fui puxada para trás por meu pai.

— Você mentiu para mim, seu bastardo. O tempo todo, você mentiu. — Eu lutei, empurrando os braços que me seguravam e chutando suas pernas.

Tudo o que meu pai fez foi grunhir e aumentar seu aperto em volta da minha cintura. Eu não estava chegando a lugar nenhum. Mas eu ia deixar isso me parar?

De jeito nenhum. A razão e eu há muito tempo nos separamos.

— Vocês dois traidores. Você me usou!
— Dandara, eu posso explicar.
— Explicar!—Atônita por sua coragem, eu ri. — Explicar o quê? Que você tropeçou e caiu e seu pênis caiu acidentalmente dentro
da minha melhor amiga?
— Estrelinha, acalme-se. — Meu pai sussurrou no meu ouvido.
— Me solte, papai. Vou matar esse verme.
— Não acho que seja uma boa ideia.
— Eu quero matá-lo — Eu ofeguei. — Me de sua faca de manteiga enferrujada. Eu quero dançar no túmulo dele!
— Dandara, aconteceu apenas uma vez. E estávamos bêbados.
— Você estavam, não era? Deus sabe que essa desculpas é ridícula. O que diabos
aconteceu com sua mente inteligente, Paul? Apenas assuma que fodiam em todo maldito tempo.

Toda a expressão deixou seu rosto.

— Você não sabe do que está falando.
— Na minha casa.
— Pare com isso.
— Na minha cama. Nós meus lençóis.

Suas mãos se fecharam em punhos.

— Cala a boca, Dandara!
— Você não fale com ela desse jeito. —Meu pai e meus irmãos disseram ao mesmo tempo, a voz baixa e mortal que era marca dos homens da família.
— Dan, eu queria muito te contar. Eu juro. —O chamado veio da mulher ao meu lado, ocupando o lugar de madrinha.

Meu sangue ferveu.

— Não ouse nem aí menos me olhar. — Eu silibei. Os meus olhos como laser. — Me poupe da sua falsidade.
— Aconteceu, amiga. Não tivemos controle. Quando vi já não havia mais volta. Eu estava apaixonada e com vergonha demais para te contar. Tive medo de te perder os dois— Ela gritou, lágrimas escorrendo por sua bochecha.

Minhas mãos se fecharam em punhos apertados, pulmões trabalhando. Eu não conseguia ar suficiente. A raiva me encheu até transbordar, não deixando espaço para mais nada.

—  Oh sim? Sua cobra do caralho. Venha até aqui e diga sobre como teve medo de me perder novamente.—Eu me lancei, e meu pai novamente me ergueu, segurando firme. Vermelho era a cor do meu mundo.
— Nunca foi minha intenção te magoar, Dan. —Ela continuou, sendo corajosa o suficiente para dar passos em minha direção — Eu sei que parece horrível, mas eu não fui forte o suficiente para ir contra. Eu amo o Paul desde que o vi.
— O quê? — Eu perguntei, voz baixa e mortal.— Por quanto tempo vocês estão juntos?

Os dois traidores se encararam, perdidos em alguma forma de comunicação muda. Enquanto isso, a multidão presente  conversavam em voz baixa. As câmeras soando como armas de fogo, não perdendo um único segundo.

— Seis anos —É Paul que responde.

Eu ri como uma lunática mas minha vontade era de chorar. Tinha aguentado o bastante.

— Mas minhas promessas nunca foram mentirosas. Eu ainda quero realizar cada uma com você. —Ele caga com a boca.

Alguma parte dentro de mim tinha rachado aberta. Com a fúria batendo nas minhas veias, eu aproveitei um pequeno descanso do meu pai e avancei no desgraçado. O filho da puta me encarou alheio à minha intenção. Ou talvez não inteiramente. Ele tentou levantar a mão, mas foi tarde demais. Com os dedos curvados e os músculos tensos, eu golpeei. Meu punho bateu em seu nariz perfeito e reto com uma mira incrível. A dor ressoou pelo meu braço quando o sangue jorrou de suas narinas. Foi sangue o suficiente para causar inveja à mais alta cachoeira.

— Porra! —Ele gritou, se dobrando, as mãos cobrindo o seu rosto.

Atrás de mim, a mão de meu pai desceu para puxar meu ombro. Parecia que em toda parte as pessoas estavam gritando confusas ou excitadas. Eu lentamente estendi meus dedos, flexionando-os. Doloroso, embora todos funcionassem. Nada quebrado. Pode crer, eu realmente bati em alguém e não conseguia pensar em alguém mais merecedor do que o meu próprio noivo infiel. A igreja era um zumbido de ação, todos em pé. Muito barulho. Tudo o que eu podia ouvir, no entanto, era o sangue batendo atrás das minhas orelhas conforme meu pai me puxava para longe daquele circo que seria um prato cheio para os tabloides.

— Eu quero o meu anel de volta — Ouvi Paul dizer.

Parei e encarei seus olhos vermelhos  e a cara uma bagunça sangrenta. O meu sorriso provavelmente de demente ficou ainda maior.

— A única coisa real e verdadeira que tive de você não é mesmo?— Eu ergui minha mão com o anel de diamante ridiculamente grande— Pois bem, essa é a última vez que você o vê. E se você e sua amante nojenta quiserem as suas coisas de volta, terão que procurá-las no lixo.

Eu dei as costas, o misto de sentimentos ainda presente. Não consegui segurar por mais tempo, quando entrei no carro as  lágrimas quentes começaram a fluir pelo meu rosto. Elas não pararam por
muito tempo. Minha cabeça estava analisando os fatos. Para enfrentá-los e deixá-los me assentar. Meu homem não era só meu, nem minha melhor amiga merecia  ter esse título. Não haveria lar feliz. E
meu casamento dos sonhos?

Jogado de lado no lixo e mais um pouco.

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