Capítulo 3- Você nunca sabe a força que tem.

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DANDARA SCHILLER

Merda.  Eu estava bêbada.

Não bêbada ao ponto de minha fala ficar  arrastada, mas o fato de que eu estava sentada no tapete do meu antigo quarto na casa dos meus pais em um vestido amassado e aberto na parte de trás, enquanto bebia diretamente de uma garrafa de vinho, poderia ter sido um sinal óbvio. Eu joguei a cabeça para trás de uma maneira muito inadequada e esvaziei as últimas gotas antes de jogar a garrafa em qualquer direção longe de mim. O barulho do vidro se chocando em alguma superfície trouxe batidas na minha porta.

— Filha? —Minha mãe chama, sua voz tão preocupada quanto nos outros dias que se passaram desde minha humilhação no altar.

Hoje no entanto é a primeira vez que bebi algo alcoólico. Nos cinco dias desde o casamento que não aconteceu, eu chorei
constantemente, me entupi com sorvete, esmaguei todos os presentes possíveis do casamento e fiquei quase rouca gritando com as paredes do meu apartamento antes de colocá-lo à venda porque não suportava ficar naquele espaço onde Paul, Lucy e eu compartilhamos tantos momentos. O que eu não fiz foi deixar a casa dos meus pais ou atender o telefone. Preciso bloquear a internet também, porque fotos da minha humilhação pública fizeram o seu caminho on-line. A única foto que eu me alegrava em vê era a minha mão quebrando o nariz de Paul. Tanto que eu imprimi diversas cópias e colei nas paredes do meu quarto.

— Dandara —Minha mãe tenta novamente.
— Vá embora. —Eu grito, pensando que vir para casa dos meus pais foi uma escolha ruim para mim que queria apenas ficar sozinha.

Deveria ter ido para algum lugar distante, fora da cidade. De preferência no subsolo, onde não teria que encarar as pessoas.

— Estrelinha —Agora é a vez do meu pai.

Eu não respondo, enterrando meu rosto no travesseiro. Toda vez que vejo meu pai penso em todo o dinheiro que ele gastou para o casamento sair conforme meus desejos. O tecido para os vestidos custou milhares, e sem falar na casa que comprou e me deu de presente.

— Eu estou bem. —Minha voz é abafada pelo travesseiro quando grito.

Alguns minutos de silêncio se seguiram. Pensando que eles haviam desistido, juntei um pouco de força, recostei-me na cama e fechei os olhos, respirando profundamente algumas vezes antes de alcançar mais uma garrafa de vinho.

— Você precisa de algo? O jantar já está pronto—Minha mãe informa.

Meu estômago se agitou com o pensamento de alimentos.
— Eu não quero jantar. Eu nunca mais vou comer — Eu solucei, em seguida tomei um longo gole do meu vinho.

Uau. Que noite excitante. Em uma bela sexta-feira e eu em casa usando um vestido de noiva que foi modelado na expectativa de contos de fadas mas acabou pertencendo ao rack dos “O noivo
acabou por ser um filho da puta traidor”.

— Dandara! Abra essa porta agora! — Meu pai ordenou, e bateu na minha porta com o punho.

Eu ouvia o grito da minha mãe enquanto ela pedia para ele ser paciente, as vozes dos meus irmãos enquanto corriam de volta do jardim ao ouvir os gritos.

— Não.— Eu gritei.

Agora eu soluçava tanto que quase vomitei.

— Dandara! — A voz de Deive gritou. — Abra a porta, ou eu vou derrubá-la!

O pânico me cercou. Eu não quero que eles me vejam naquele vestido e descobrissem o quão fraca eu era.

— Deive, pare com isso! — Minha mãe retrucou, sua voz perturbada.
— Não, nós não sabemos o que ela está fazendo lá—Meu irmão argumentou. — E se ela estiver se machucando?

Na batida do teu coração Where stories live. Discover now