Capítulo 71-A culpa é uma dor que arrebata mais e mais.

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DANDARA SCHILLER

— O que está acontecendo? — Pergunto, olhando ao redor do quarto.

Está em desordem, malas abertas no chão, roupas dispersas por toda a cama, pratos sujos misturados com comidas descartados na mesa. O lugar cheira a podridão e decadência.

— Isto, — Diz Paul atrás de mim. — É o resultado da loucura de uma mulher. Eu estou de saco cheio de suas paranoias, Lucy. Eu tentei, mas desisto. Essa cidade te enlouqueceu!

Giro, prendendo-o no meu olhar.

— Do que você está falando?
— Essa cidade é amaldiçoada. Eu nunca deveria ter vindo. — Ele passa a mão pelos cabelos, empurrando mais fios em diferentes direções.

Eu não entendo nada do que ele diz. Então me afasto de Paul, aproximando-me de Lucy. No entanto, ela não levanta a cabeça. Não me olha.

— Como você escapou do hospital?

Ela balança a cabeça, mordendo o lábio inferior, ainda não olhando para mim.

— Ela fugiu, óbvio. Ela está fora de si.— Paul rosna, sua mandíbula se aperta quando seu olhar cai em Lucy.
— Tenho certeza que motivos não faltam para ela ter chegado à esse estado.— Eu digo a ele em um tom calmo—  O incêndio no café provavelmente foi o pico, estou certa? 

Os olhos dele escurecem e eu tento abafar o medo que isso causa dentro de mim. Se eu planejava arrancar qualquer confissão, eu preciso abandonar o jeito de menina assustada e agir com cautela e frieza.
Ser mais esperta que ele é algo que eu sou capaz e deveria ter sido, ter visto além da maçã vermelha por fora, enxergado a podridão dentro.

— O que você está querendo dizer?— Suas sobrancelhas e seus olhos
ficam mais baixos. Sua mão aperta e desaperta.
— Você sabe exatamente o que eu estou querendo dizer.

Paul passa uma mão frustrada através de seu cabelo, bagunçado e respira profundamente.
—  Não, eu não sei nem o maldito motivo de você estar aqui. — Ele diz — Mas já que veio, dê um jeito nessa louca. Vocês parecem compartilhar de algum desequilíbrio.

Piscando para ele, minha testa franze.

— Desequilíbrio? — Eu levanto o queixo e olho para ele com irritação. — Esse é o nome que você dá para as mulheres que deixam de se comportar de acordo com o modelo aceito pelo seu ego?

Seus músculos se tencionam, fazendo com que a veia em seu pescoço pulse e bombeie.

Eu não paro, minha língua é um chicote agora.
— Você é um covarde, Paul. Me pergunto como nunca enxerguei isso. Sempre tentando culpar outras pessoas porque o alecrim dourado que você é não comete erros. Nunca.
—  Bem, nenhumas das merdas que aconteceu desde nosso casamento foi culpa minha.— Ele deixa a zombaria dominar seu olhar.
— Você é tão soberbo. Como não foi culpa sua? Você me traia!
— Porque você é fria na cama —Ele joga de volta.

Eu balanço a cabeça em descrença.

Como ele pode ser assim?

— Eu estou cansada do esterco que sai da sua boca. Chega, Paul. Você não é perfeito, e tem tanta culpa quanto qualquer um nessa história. —Meu tom de voz é leve, embora eu queira gritar em seu rosto — Minha frieza na cama? Você nunca foi capaz de deixar meu copo verdadeiramente aceso. A ruína que foi a cerimônia do nosso casamento? Você era desleixado com sua infidelidade e por isso foi filmado. Minha família não gostar de você? Sua babaquice atraiu isso. Não consegue exercer sua profissão? Você  foi desmascarado para milhares de pessoas. Todos assistiram que tipo de advogado você é. Sem caráter, ambicioso e covarde.

Na batida do teu coração Where stories live. Discover now