Na batida do teu coração

Capítulo 49-Você é a luz que ilumina o meu caminho.

DANDARA SCHILLER

Eu acordo aos gritos de Jackson. Ele está preso novamente em um pesadelo, mas antes que eu me mova para acordá-lo, seu braço atinge um jarro que estava na mesinha ao lado da cama. Não quebrou, mas a cerâmica aterrissou no chão com um baque barulhento. Assustado e com o corpo molhado em suor, ele escorregou da cama, dirigindo-se para o banheiro. Eu ouvi o barulho do chuveiro logo em seguida, e um bom tempo se passou antes que ele retornasse.

— Desculpe ter acordado você.—Ele diz ao me vê sentada na cama.
— Você está bem? —Eu perguntei.

Ele assentiu.

— Qualquer coisa que eu posso fazer?
— Abraçá-la é o suficiente. — Ele diz.

Eu sorri, me deitando novamente para que seu corpo grande e quente se enrolasse devagar por trás de mim, deslizando um braço ao redor da
minha cintura. Nós ficamos assim por uns bons dez minutos, nossas respirações sincronizando. Sua atitude estava clara, ele não queria discutir sobre o pesadelo. No
entanto, eu suplicava em silêncio que ele se abrisse porque o pensamento dele carregando essa dor pelo resto de sua vida doía.

Doía muito.

Então sim, eu esperei longos minutos antes que qualquer ação viesse dele.
Em vez de um desabafo, no entanto, ele beijou o lado do meu rosto. Foi com os lábios fechados.

— Eu não sei se você sabe, mas você faz um barulho sempre que está pensando profundamente, inquieta.

Eu me levantei em um cotovelo e olhei para ele.

— Que barulho?
— Seus dentes, eles batem suavemente. É quase impossível perceber. Ao não ser que preste muita atenção.
— Mm-hmm, eu nunca tinha reparado.

Deitei-me de novo. Mais silêncio, mais pensamentos, mais inquietação. Jackson ri, e então eu percebi que estava batendo um pouco meus dentes frontais.

— Estou sem sono novamente.
— Por minha causa, me desculpe.
— Tudo bem. Fale comigo, o silêncio não ajuda em nada à insônia— Eu disse.
— Falar sobre o que?
— Eu não sei. Me conte uma história.
— Eu não conheço história boas.
— Invente então.
— Ok.

Ele limpou a garganta, seu peito subindo e descendo em ritmo calmo contra minhas costas.

— Era uma vez—  Começou, um pouco de riso na voz— Em um lugar encantado havia uma fada apaixonada pelo mundo. Uma linda fada levada.
— Qual era o nome dela?
— Ah, Faydan.

Eu fiz uma careta.

— O nome da fada é Faydan? Que tipo de nome é esse?

Ele morde minha orelha.

— Você queria uma história, eu estou te dando uma. Cale-se.
— Tanto faz.

Outra mordida, seguida de um beijo dessa vez.

— Então, a fada Faydan estava prometida para um príncipe. Podemos chamá-lo de Príncipe Bosta de Cavalo.

Eu ri.

— Continue, estou gostando da sua história.
— Ok. O Príncipe Bosta de Cavalo era um homem sem qualquer caráter e não merecia nem mesmo o sorriso da fada. Mas ela não tinha conhecimento disso, só descobriu no dia de seu casamento, quando ela estava usando um lindo vestido que destacava seus seios como se estivessem em uma porra de quadro valioso.
— Você está dizendo que meu vestido de casamento era pornográfico?
— Quem disse que a história é sobre você?— Perguntou ele, deslizando um braço em volta da minha cintura.

Eu bufei.

— Ah, claro que não. Que cabeça minha. Não existe nenhuma coincidência. Então vamos lá, continuei com sua história.
— Retomando, apenas no dia de seu casamento com o Príncipe Bosta de Cavalo, Faydan descobriu sua falta de caráter. Ele traia ela com uma bruxa que tinha rosto de sapo
— Wow. — Eu descansei minha cabeça contra seu ombro. — Pobre Faydan.
— Inferno de uma reviravolta na história, certo?
— Nunca vi isso vindo.
— Mm. — Ele descansou sua bochecha contra o topo da minha cabeça.
— O que acontece depois?
— Bem, ela está completamente deprimida, é claro.
— Claro.
— E ela foge para a floresta assombrada. Ela está correndo através de arbustos, pulando buracos, escalando árvores, você escolhe. Nada vai impedi-la de ficar bem longe do Príncipe Bosta de Cavalo. Demora até que ela finalmente encontra uma casa  aparentemente abandonada. Estava trancada mas ela facilmente consegue entrar porque Faydan tem um lado tão ruim como você não acreditaria.