Capítulo 32-Quantos secretos desejos cruzam-se por nosso olhar

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DANDARA SCHILLER

Eu tinha muitas coisas na cabeça. E para piorar era um platão parado. A infecção por C-difficile atravessa a emergência, por isso, a equipe de enfermagem é deixada para tratar com a quarentena e requisitos de enfermagem para alguns pacientes enquanto ficamos limitados ao andar de tratamento. E essa noite especificamente não há casos novos e os que estão internados estão com os cuidados feitos.
Aproveito meu tempo ocioso para organizar algumas papelada no armário. Estou colocando uma pasta no fundo quando a voz de um homem de algum lugar atrás de mim me assustou até a morte.

— Você passou no quarto sete?
— Oh meu Deus! — Eu me assusto acertando a cabeça na prateleira de cima. Estrelas explodem atrás dos meus olhos.

Tentando ficar em pé, percebi que não só tinha batido minha cabeça, mas
também consegui prender a parte de cima do meu cabelo em algo dentro do armário.

— Merda, eu não queria te assustar. Você está bem?

Claro, tinha que ser Dr. Fremont. E justamente quando eu estava em uma posição comprometedora. Meu corpo dobrado e minha bunda proeminentemente em exibição.

Visualizando o que ele estava vendo, tentei não enlouquecer. Tomei uma respiração profunda e limpa antes de falar.
— Estou presa.
— Você está o quê?

Acenei minha mão, apontando para onde meu cabelo estava preso.

— Meu cabelo. Está preso em alguma coisa. Você pode dar uma olhada?

Ele murmurou algo que eu não consegui entender e depois parou atrás de
mim. Inclinando-se, ele teve que se curvar sobre a minha bunda para ver onde meu
cabelo estava preso.
— Como no inferno seu cabelo está enrolado em torno da lateral da prateleira?
— Eu não sei. Você pode desenrolá-lo? Ou corte um pedaço se for preciso. Esta não é exatamente uma posição confortável.
— Fique parada. Pare de se contorcer. A maneira como você está se movimentando, está enrolando-o ainda mais.

Fiquei o mais imóvel que pude, enquanto Jackson tinha uma mão na minha cabeça e a outra trabalhando para me soltar de onde fiquei presa. Não foi fácil, considerando que meu corpo estava ciente da proximidade dele. Mas quando parei
de me mover, levou apenas alguns segundos para ele me libertar.

Esfregando minha cabeça onde a raiz tinha sido arrancada, eu me endireitei.
— Obrigada.—  Eu gemi quando encontrei um nó já está se formando.

Jackson cruzou os braços sobre o peito.

— O que você estava fazendo?
— Estava organizando algumas pastas.
— Nós temos uma pessoa responsável por isso, você sabe.
— Sim, mas eu não me importo em ajudar. E eu estava desocupada de qualquer forma. Passei em todos os quartos com paciente.

Jackson balança a cabeça.

— Deixe-me olhar se machucou. — Ele se move para inspecionar a minha lesão. Seus dedos tateiam através do meu cabelo.
— Eu não estou sangrando, estou?

Seus dedos passam pelo novo caroço.
— Ai!
— Sinto muito. Não, você não está
sangrando. Mas vai ficar dolorido.

Ele pega um bloco de gelo do freezer e empurra em cima da minha cabeça.

— Eu faço isso —Tento tomar o controle do bloco mas Jackson me impede.
— Eu faço.— Ele diz.

Seu rosto está mais próximo do meu do que deveria. Perto o suficiente para que eu possa ver o minúsculo corte em sua mandíbula, logo abaixo da orelha, onde ele se cortou ao se barbear. Tenho mais atenção para seus olhos, a apenas alguns centímetros de distância, são escuros, mas as laterais são salpicados de um tom de castanho claro.

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