Capítulo 13-O universo é uma criança que gosta de testar os limites do perigo.

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DANDARA SCHILLER

Quando o dia da entrevista finalmente chegou, eu não podia me conter, principalmente por saber o peso que isso tinha em relação ao que seria da minha vida daquele momento em diante. Eu
me encontrava a um passo de explodir de ansiedade.

Respirações profundas. Não enlouqueça, Dandara. Não. Enlouqueça.

Eu tento beber meu suco de laranja. Nicole está olhando para mim do outro lado da
mesa do café da manhã como se eu tivesse perdido a cabeça, então não acho que estou fazendo um bom trabalho em manter minha loucura sob controle.

— Você está bem?— Ela pergunta, sobrancelhas levantadas.
— Mmhm—  Murmurei quando termino de beber meu suco.— O que eu pareço?
— Nervosa. Ansiosa. Doce. Bonita. Espetacular. Um desses deve servir como  resposta, certo?— Ela sorriu.

Eu respirei profundamente e me afastei da mesa. Com o tipo de sorte que estou tendo ultimamente, eu provavelmente teria me
encontrado com xarope na frente do meu vestido branco. E talvez massa de panqueca no meu cabelo também.

— Vai dar tudo certo, Dan. —Nicole diz se levantando também.— Não tenho dúvidas sobre sua capacidade de impressionar. E você está absolutamente linda.

Eu sorri, ajeitando meu vestido. Era um modelo tubinho que combinava com o  salto alto. Elegante e discreto. Meu cabelo estava em um coque solto, e eu passei um dramático delineador nos meus olhos.

— Obrigada — Me inclino para dar um beijo de despedida.
— E quebre uma perna.— Ela pisca e eu gemo.
— Nem brinca, com a minha sorte ultimamente não duvido isso acontecer — Eu peguei minha bolsa de ombro antes de seguir para fora de casa.

Andando poucos metros eu chego até um ponto de taxi. Durante todo o trajeto em direção ao hospital, eu sentia que poderia surtar, mas bastou ver a fachada clara e sentir o cheiro característico de hospital para me sentir em casa. Na recepção, encontro três mulheres sentadas atrás de uma longa, ornamentada mesa, digitando furiosamente em um computador enquanto falam ao telefone.

— Sim, um senhor conforme as características deu entrada essa madrugada, mas vou confirmar o nome, um momento.

Uma delas rapidamente termina a chamada então sorri para mim.

— Eu sou Dandara Schiller.
— Bem-vinda, senhorita Schiller — Diz ela, segurando o sorriso no lugar. — A Sra.London está esperando por você.

Ela digita furiosamente e começa a falar em seu telefone novamente.

— Olá, senhora London, a senhorita Schiller está aqui. Sim, senhora. — Ela clica fora de forma eficiente. — Por favor, sente-se. Ela estará aqui em poucos minutos. Posso arranjar-lhe um pouco de água?
— Não, obrigada.

Ela sorri mais uma vez e simplesmente balança a cabeça e volta para seu
telefone tocando. Antes de eu ter a chance de sentar-me, uma mulher alta e esguia, vestida em um conjunto de saia lápis e blazer comprido sai do elevador direto para mim.

— Senhorita Schiller?
— Dandara, por favor.
— Prazer, Dandara. Eu sou Geórgia London, advogada interna do hospital e vice-presidente de gerenciamento de risco. O Dr. Fremont está no final de uma reunião. Ele pediu que  eu te recebesse esta manhã. Deixe-me acompanhá-la até a sala dele— Ela sorri e a sigo para dentro do elevador.

Vamos até uma sala azul elegantemente decorada, que passava uma sensação tranquilizadora. A mulher do outro lado além de elegante era muito simpática e me ajudou a acalmar o interior. Enquanto o Dr. Fremont não chega, conversávamos informalmente, embora o assunto ainda girasse em torno da rotina de hospital. Para minha surpresa, ela não era como a maioria das pessoas que ocupavam posição elevada, que viviam de cara fechada. Ela era gentil, sorria com facilidade, sabia ouvir e me incentivava a continuar falando, demonstrando real interesse no que eu tinha a dizer. Os assuntos recebem uma pausa quando o pager de Geórgia vibra com  o aviso do Dr. Fremont  que já está retornando para sua sala.

— Como ele é? — Eu pergunto baixinho, uma vez que estamos abrigadas na sala do meu futuro chefe.

Meus nervos estão começando a chegar a mim. Cada segundo que passa  me aproxima da minha nova realidade.

Geórgia sorri. É um sorriso cauteloso e levemente penoso.

— Dr. Fremont?— Ela franze os lábios sobre o que parece ser uma gota de tosse.— Não vou mentir para você. Ele é... difícil.
— Oh— Meu estômago afunda.— Como é difícil?

Tenho a sensação de que mulheres como Geórgia usam o termo “difícil” para dizer idiota furioso.

Georgia apenas sorri, o mesmo sorriso penoso. Meu estômago se afunda mais.
Ela começa a abri a boca para dizer algo mas fecha no momento seguinte quando a porta se abre em minhas costas. Me forço a respirar quando outra onda nervosa
passa sobre mim. Obriguei-me a sorrir, preparando os meus lábios para saudar o doutor, mas no segundo que me concentrei no espaço toda cor sumiu do meu rosto. Eu o sinto antes de vê-lo. É um sentimento, mais do que qualquer coisa, uma mudança na pressão do ar e uma aceleração do meu pulso. Chocada, eu giro minha cabeça ao redor para vê-lo corretamente, mas eu sei mesmo antes que é ele. Meu vizinho idiota. Também conhecido como o homem que tem assombrado meus pensamentos pelas últimas noites.

Ali está ele, todo lindo, arrogante, vestido com um lindo jaleco branco que acentua o seu ar de superioridade autoritária.

Não. Não. Isso não pode ser real...

— Minhas desculpas por estar atrasado, — Disse ele. — Eu precisei passar para checar alguns... — Ele parou no meio da frase e olhou para mim.

Ele está chocado também e eu sabia disso. Seus olhos são como pingentes de gelo  apontados para mim, como uma arma engatilhada. Ele odeia o que está acontecendo, e talvez tenha matado a ele que eu estava aqui, da mesma forma que me enterrou.

— Ok, vou deixá-los sozinhos. Foi um prazer te conhecer, Dandara. Espero vê-la em breve pelos corredores — Geórgia se levanta.

Não consigo mexer um músculo. O resto da sala parece desvanecer-se até que tudo que eu possa ouvir é o meu próprio batimento
cardíaco, batendo nos meus ouvidos. E a única coisa que posso ver é ele. Choque agarrou meu corpo, enquanto as peças do quebra-cabeça se encaixavam.

Quais eram as chances?

Porque não é possível que o homem de pé na porta não é apenas o meu sujo sexo casual que inspirou a luxúria em mim que eu nunca senti. Não só ele é o homem que mora na casa ao lado da minha. O dono do cachorro que eu parcialmente sequestrei.

Ele também é meu chefe.

Por que o universo me odeia?

Na batida do teu coração Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon