Capítulo 73-No desespero e no perigo, as pessoas aprendem a acreditar no milagre

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DANDARA SCHILLER

Paul está morto!

E a culpa é minha. Minha.

Agarrando seu braço, eu entro em pânico, empurrando-o.

— Paul? —Agitando seu braço, murmuro com medo: — Paul, respire. Paul, vamos lá.

Eu  pairo sobre seu corpo sem vida, agarrando os ombros e sacudindo-o
profusamente, implorando mais alto: — Acorda. Respire!— Lágrimas queimam meus olhos, e eu engasgo com minhas próprias palavras. — Acorde, Paul! Eu sinto muito. Oh meu Deus, eu sinto muito por culpar você. Por favor, acorde!

Seus olhos ainda estão bem abertos, mas não há nenhum movimento. Eles estão congelados, fixos no local, e totalmente escuros.

— O que eu fiz?

Eu encaro Lucy que está estranhamente silenciosa, quase em estado catatonico. A culpa gira e infecta cada veia dentro de mim. Corroendo, calafrios raspam minha pele como lâminas de barbear. Um som que me recuso a deixar sair queima o meu peito.

— Dandara, sinto muito — Peter estende a mão para me puxar para seus braços mas eu forço meu corpo para trás.
— Não. Que merda Peter. Não era para ser assim. Que caralho você tinha na cabeça?

Peter fica em pé lentamente, ele vira um pouco o queixo, obviamente confuso com minha acusação.
— Eu já te disse... Eu pensei que você estava em perigo.
— E quando eu falei que você deveria matá-lo? Era para impedi-lo de outra forma. E de onde você arranjou essa arma? Não conversamos sobre armas.

Os olhos de Peter se enchem estão de surpresa e... dor.
— Eu tenho porte e sempre ando com uma no carro. E você disse que ele poderia ser perigoso, então achei que todo cuidado era necessário.
— Mesmo? Porque você acabou com tudo. Você fodeu com tudo. E você matou um homem inocente.

Sua expressão torna-se distorcida pela incredulidade, e acho que percebo suas narinas se alargando.
— Homem inocente? Não, ele não era inocente.
— Claro que era. Tão vítima dessa história como qualquer outro. Você ouviu a conversa?
— Sim, e ele definitivamente não era inocente. Ele participou de tudo. Escondeu a verdade quando poderia ter acabado com isso muito mais cedo. Paxton não estaria entre a vida e a morte se ele tivesse omitido tudo.

Eu fico de pé bruscamente e eu o olho nos olhos.
— Então esse tiro se tratou de uma vingança?

Ele balança a cabeça com um movimento brusco e nervoso. Ele começa a andar de um lado para outro e então põe as mãos na cabeça, passando-as pelo cabelo com força. Ele olha para mim com olhos cheios de lágrimas
— Você está acha mesmo isso? Eu tentei salvá-lo apesar de tudo.

Ele continua andando, seu rosto cada vez mais carregado de dor e negação.

— Apesar de tudo o que? Paul omitiu por medo. Quem está por trás disso tudo é muito perigoso.
— Medo ou não ele foi um covarde, colocando muitas pessoas em risco.

A primeira de suas lágrimas escorre por um lado da face, e ele instintivamente a enxuga, furioso.

— Eu sei, mas...
— Mas nada, Dandara. Você é muito ingênua e esse é seu maior defeito.—Ele grunhe, com os dentes à mostra. Seu olhar para mim é confuso, magoado e furioso. — Eu nunca deveria ter vindo aqui com você.

Ele desaba na poltrona, com as pernas abertas, o tronco inclinado para
a frente, a testa apoiada na mão. Outra lágrima escapa de seu olho, mas desta vez ele não tem cabeça para pensar em enxugá-la.

Droga.

Cerro os dentes, engolindo minhas próprias lágrimas. Aperto os dentes com tanta força que sinto a pressão no meu crânio. Então me sento na poltrona mais próxima também.
O silêncio enche o quarto e eu reflito sobre a situação. Peter tem motivo para estar nervoso e magoado, um homem acabou de morrer em suas mãos. E eu estou piorando as coisas tentando condená-lo unicamente como o responsável.

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