Capítulo 58 - Que dia fodido!

674 86 5
                                    

DANDARA SCHILLER

Parece que você é uma colecionadora de inimigos, Dra. Schiller.”

As palavras queimam em minha mente, e eu sabia que esse não era o momento para dizer quais foram as últimas palavras do Sr. Rossi. Então tento ficar focada para que eu possa falar a coisa certa, ignorar meu intestino que se revira em medo.

— Eu não estava conversando com ele. — Eu mantenho a voz baixa para evitar que tremesse. — Por que você pergunta?
— Porque há muitas testemunhas de que a senhorita estava muito próxima do Sr. Rossi antes dos tiros.
— Isso não significa nada.

O detetive coçou o queixo, me  estudando pela milésima vez com seus olhos astutos.

— Talvez sim, talvez não. O mercenário sabia exatamente onde a vítima estaria e o horário. E em 60% dos casos, o mandante do crime está na cena também.

Minha garganta arranha, e eu encaro o detetive nervosa, mas atuo, tão calma quanto posso.

— Detetive, é uma péssima ideia tentar me intimidar.
— Estou simplesmente fazendo uma afirmação, Srta. Schiller.
— Que contém a implicação de que estou envolvida em um assassinato.
— Você está?
— Claro que não.
— O que você fazia tão cedo em frente ao hotel?

Eu me vejo tentada a explicar o que aconteceu, mas então eu lembro das palavras do meu pai exortando a mim e meus irmãos: Se por alguma hipótese um de vocês vierem a ser objeto de investigação, lembre-se que  o detetive tem como características desconfiar de tudo. Ele provavelmente desconfia de você ao lhe fazer indagações. Na mente do oficial já existe um pré-conceito sobre sua culpa e nada que você disser pode realmente lhe ajudar. Por esse motivo, utilizem do direito de não produzir prova contra si mesmo, garantido na Quinta Emenda da legislação. Seja firme e não diga nada sem antes consultar seu advogado.

Então eu decido que não posso explicar o que vim fazer no hotel porque isso poderia ser usado facilmente contra mim.
— Se quiser me interrogar, então me prenda e faça isso na delegacia.

Por um instante, o detetive Madison pareceu refletir. Ele descarta o paletó  e a gravata, enrolando as mangas da camisa para revelar um pelo escuro ao longo dos braços. Alguns segundos depois, seu olhar está afiado nos meus novamente.

— Eu não tenho motivos para prendê-la...ainda. E sinto muito se minha abordagem à ofende, mas em  casos de homicídios eu suspeito de muita gente. É meu trabalho suspeitar. E por isso, tenho que explorar todas as possibilidades.

Eu não tenho tempo de responder qualquer coisa porque a porta é aberta bruscamente e Jackson entra na sala. Ele não hesita, veio até onde eu estou e envolveu seus braços ao redor de mim, não importando a bagunça que sou agora, ele enterra seu rosto em meus cabelos e cheira. Senti sua mão subir até meu pescoço e pousar em minha veia que pulsava forte sob seu toque. Ele me beijou brevemente nos lábios antes de se afastar, um pouco de alívio apareceu em seu rosto.

— O senhor não tem permissão para entrar aqui.— O detetive disse.
— E você não tem permissão para manter essas pessoas aqui, detetive.

Jackson me virou para ele e gentilmente segurou meu rosto, a
boca em uma linha reta séria.

— Você está bem?
— Sim.
— Tem certeza?
— Sim.

Seus olhos estreitam em aborrecimento quando respondo seu interrogatório com apenas monossílabos.

— De onde é esse sangue?— Seu olhar preocupado continuou me varrendo, procurando qualquer indício de ferimento.
— Eu ajudei alguns feridos. — Sussurrei. — Eu estou bem.
— Ok, vamos para casa.—  Jackson disse e um tique visível começou debaixo do olho esquerdo do detetive.
— Ela não está livre para sair.— O detetive diz.

Na batida do teu coração Onde histórias criam vida. Descubra agora