Capítulo 72-Não há conselho mais leal do que o que é dado num navio em perigo.

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DANDARA SCHILLER

— O detetive Madison? — Eu pergunto, ainda um pouco surpresa.

Embora tivesse desconfianças em relação ao detetive, eu não imaginava que fosse tão grave.

— Sim. Quando ele entrou em contato comigo, Paul e eu notamos que era algo maior que imaginávamos então concordamos em pegar o dinheiro e juntar com aquele que você já havia nos dado e ir embora para bem longe dessa cidade.

Lágrimas e suor encharcam seu rosto e ela precisa de uma pausa antes de continuar: — Mas tudo saiu do controle quando cheguei lá e encontrei o homem da cicatriz. Ele estava armado e eu tentei correr mas ele veio em meu alcance e me derrubou no chão. Ele começou a me bater com tanta força que eu não conseguia nem mesmo gritar. Então eu usei meu último recurso de força para alcançar um taco de beisebol e eu o acertei no lado da cabeça, isso chacoalhou seu cérebro e eu aproveitei para fazer novamente, uma, duas, três, várias vezes até que sua cabeça era uma mistura sangrenta. E você está certa quanto minha omissão a cerca da legítima defesa. Mas isso é tudo que aconteceu. Paul não armou cenário nenhum, não incendiou o café e tão pouco tentou incriminar Jackson.
— Lucy...
— Depois do que eu fiz eu não conseguia me mover, Dandara.— Ela continua, quase sem fôlego — Eu estava em choque e tudo que eu lembro foi de Paul me levando para dentro do carro.

Quando eu encaro Paul, seu rosto está resignado, abatido.

— Você não sabe por onde está andando, Dandara. A situação está
muito além da sua compreensão. É complicado. É tudo muito mais
complicado do que você jamais poderia imaginar.
— Eu quero saber, Paul. Me diga. Você sabe quem é o responsável, não sabe? — Pergunto, lutando para puxar oxigênio para meus pulmões.

As narinas de Paul se dilatam mas ele fica em silêncio.

— Me diga o que aconteceu depois que você levou Lucy para o carro. — Eu insisto.

Eu já tenho a confissão e isso era tudo que eu vim buscar, ligar para Wes e deixar que ele fizesse o resto era o aconselhável. Mas agora eu sei que a história é muito além do que eu pensava e a necessidade de saber a verdade castiga minha mente.

— Apenas saia. Você queria nós fora da sua vida, e iremos fazer isso.

O quarto fica incrivelmente menor à medida que o medo parece  deixar o ar quente e espesso, infiltrando como  uma sombra dentro de cada um aqui.

— Eu não posso fazer isso. Não posso simplesmente ir embora. Se você não é o responsável...
— É claro que eu não sou o responsável — Paul diz com cansaço. Ele suspira antes de continuar — Eu estranhei a demora. E quando eu resolvi entrar no café eu vi a cena. Você pode não acreditar em mim, mas tudo que eu pensei naquele momento foi tirar Lucy daquele lugar e levar de volta para o hotel. Eu não pensei em fazer nada mais.

Meus lábios se abrem e o ar quente corre para fora em um chiado enquanto eu contemplo uma maneira de fazê-lo contar mais.

— Isso não é totalmente certo.—Eu murmuro cuidadosamente— Você foi visto às 12 hora e cinquenta minutos da madrugada. Isso são 30 minutos depois da morte do mercenário.

Paul fica tenso. Ele anda de um lado para o outro, puxando seu cabelo com as duas mãos. Suas bochechas estão quase roxas de desespero.

— Conte, Paul. Apenas acabe com tudo isso de uma vez. —Lucy pede em um desespero palpável.

Os tensos ombros de Paul caem enquanto ele vira a cabeça para o
lado, arrastando o ar de seus pulmões antes de seu olhar hesitante me
estudar com sua expressão desnorteada e testa franzida. Como se ele estivesse lutando sobre contar a verdade.

Na batida do teu coração Where stories live. Discover now