Só por uma noite

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Há abraços que são lares.

BEATRIZ 🍄

Estava descendo as escadas mas parei quando vi Leonardo tomando cerveja com o pai. Eles pareciam tão felizes que meu peito se consumiu de um sentimento tão bom, não pude evitar os sorrisos enquanto os via gargalhar, não importa se estavam bêbados, eles estavam felizes. O Leonardo estava feliz. Fiquei um tempo os admirando e percebi que durante esses dias eu tinha mudado meu pensamento em relação ao Lorenzo e isso era bom.

Pude observar que ele tem feito de tudo para conversar com o Leonardo, ele inclui o filho em todos os assuntos, mesmo que o cigarro não entenda nada do que ele está falando. São conversas de adultos eu diria.

Leonardo também tem mudado muito, ele tinha sérios problemas para se controlar perto do pai devido à todo o rangor que ele guarda. Ou pelo menos guardava, eles até transmitem uma energia boa agora.

O medo que eu tinha de que isso desce errado está quase se transformando em nada. Eu entendi que não é porque o meu pai errou comigo, que o pai do Leonardo vai fazer a mesma coisa.

Lorenza realmente parece arrependido de tudo o que fez e mostra estar disposto a tentar consertar os erros do passado.

Eu sei e entendo que isso é difícil para os dois, ainda mais para o leo que tem tantos traumas por causa do pai. Mas eu percebo que ele está disposto a tentar esquecer tudo e viver o que ele sempre quis, viver em paz e ter uma relação saudável com a família.

Ainda falta muitas coisas para que tudo esteja perfeito, Helena e Lorenzo não se falaram desde o hospital e eu não tiro a razão dela, ela demonstra sentir medo dele e se aproximar é muito difícil. Leonardo queria muito que ela estivesse aqui conosco, mas tanto eu quanto ele entendemos que isso machucaria ela. Então vamos dar tempo para que talvez ela também possa dar uma chance para o Lorenzo, uma chance de quem sabe perdoar e ter pelo menos uma boa relação pelo filho.

—Sabe que é feio bisbilhotar?

Me virei e vi Marta no corredor, ela estava encostada na parede e me encarava com tédio.

—Não estou ouvindo a conversa deles, só estou feliz em ver que eles estão se dando bem.

Ela se inclinou um pouco para olhar os dois e não pude deixar de notar a cara de nojo que ela fez, que só piorava na medida que os dois sorriam.

—Patéticos — Murmurou.

—Não fica feliz em ver que seu enteado está se dando bem com o seu marido?

—Eu não me importo nem um pouco com isso, ali é um ninho de cobras, não se iluda querida.

Eu estava feliz por eles, e não ia deixar que Marta distribuísse seu veneno para todos os lados.

Sei que ela não faz gosto que eu e Leonardo estejamos aqui, mas eu deixei de me importar com isso quando Lorenzo começou a me tratar bem. A opinião dela não importa para mim, nem um pouco.

Mas não posso ignorar o fato de que toda essa situação me deixa desconfortável e faz com que eu queria ir embora daqui, mas não tenho para onde ir e não quero deixar o Leonardo.

—Não admito que fale assim do Leonardo — apontei — Você não o conhece e posso apostar que não conhece nem mesmo o seu marido.

—Sabia que não ia demorar acontecer.

—Do que você está falando?

—Eu sabia que não ia demorar para você começar a se achar a dona desta casa — ela apontou o dedo na minha direção e eu dei passos para trás — Lorenzo deu muita liberdade para vocês.