Reviravolta.

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Helena seguia a passos largos para a porta do hotel, a única coisa que queria era afastar-se de Mosley a todo o custo e um banho. Sentia-se suja com aquela presença perto de si. Os saltos denunciavam os seus passos no chão de mármore perfeitamente trabalhado enquanto atravessava aquele imponente salão que lhe parecia não ter fim. Aproveitou para estudar durante um segundo a forma como a segurança do fascista se movimentava, amadores pensou ela. Ao ponto de surgir um leve sorriso na sua cara que prontamente disfarçou. Olhou por breves momentos para a recepção do hotel, recebendo de seguida um pequeno aceno do empregado. Ouviu o som característico da porta, pensando estar a abrir-se para si mas parou repentinamente deixando o seu coração cair ao chão. Helena prendeu a respiração quando viu Thomas entrar no hotel, tirando a sua boina de imediato enquanto se dirigia a ela e um sorriso quase imperceptível aparecia por detrás da fumaça do cigarro.


-"Diz-me que não teve coragem de te tocar."- Disse Thomas mantendo uma certa distância de Helena.

-"Que raio estás a fazer aqui?"- Helena percorreu rapidamente o espaço com o olhar confirmando que ninguém se encontrava por perto.

-"Gostava de te responder mas não sei, recebi o convite de Mosley pouco depois de teres saído."

-"Achas que foi propositado?"

-"Nada acontece por acaso com ele."- Thomas abanou levemente a cabeça.

-"Então vai, qualquer coisa estavas apenas a cumprimentar-me e a desejar boa noite."

-"Aquece a cama por mim, love."- Thomas disse-lhe discretamente com um ar malicioso antes de se encaminhar para o restaurante. A mente de Helena fugiu navegando para sítios que não podia permitir estando ainda no hotel. Por segundos perdeu a noção completa ao ponto de deixar cair a bolsa no chão que prontamente apanhou, limpando a garganta. Quando finalmente saiu do hotel não resistiu em olhar uma última vez para trás. Foi quando sentiu o seu estômago apertar por completo. Ao longe, directamente no seu campo de visão podia ver a mesa de onde à pouco tinha saído e onde Thomas se encontrava lado a lado com Mosley. Mas não estavam sozinhos naquele momento, duas mulheres incrivelmente bonitas que deduziu serem prostitutas acompanhavam-nos. Uma delas sentada no colo de Thomas que o abraçava e brindava enquanto a outra fazia uma massagem nos ombros de Mosley. Os dois homens riam abertamente e trocavam ideias entre si. Helena quase falhou o primeiro degrau depois de virar costas aquela cena, correu para o primeiro beco que encontrou e mandou fora o pouco que tinha comido. Sabia que Thomas tinha de alinhar, o plano dependia também da sua abertura mas preferia não ter visto aquilo. Todos faziam sacrifícios, todos abdicavam de algo para aquele plano prevalecer. Tudo era justificado por um bem maior.

Voltou para casa lentamente, a brisa da noite fazia-lhe bem, acalmava o seu coração inquieto. Agradeceu internamente por o salão do pub se encontrar vazio e aproveitou para pegar na velha companheira garrafa de whisky. A última coisa que queria era falar com alguém. Subiu para o quarto e preparou um banho bem quente onde ficou horas tentando apagar a imagem que teimava em não lhe sair da cabeça, nem mesmo depois de esvaziar a garrafa. Tentou descansar mas contava os minutos olhando para o relógio e a noite acabou por se transformar em dia. Thomas ainda não tinha chegado, ainda não tinha dado sinal de vida. 


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My Golden Gangster.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora