Reencontro.

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-"Pegasus, com calma!"- Helena pedia dando mais uma volta às rédeas em torno do pulso tentando manter mão firme sobre o animal que não abrandava por nada. Normalmente controlava-o até com o pensamento, era uma extensão do seu corpo mas hoje algo estava diferente. Uma ligeira espuma branca saía da boca indicando a excitação extrema em que se encontrava, Helena ficava cada vez mais ansiosa porque sentia que algo se passava. Sabia no seu interior que um cavalo agir daquela maneira poderia não ser um bom presságio, era uma das poucas coisas sobre a sua mãe que a memória lhe permitia guardar. Pegasus relinchava sem parar, o galope dos seus cascos limpava a medo as ruas da cidade, com as pessoas a tentarem sair da sua frente e com alguns objectos a voar sem hipótese de serem retirados antes. Ouvia-se pequenos gritos de mulheres aterrorizadas com a situação e crianças a chorarem. Helena só podia pedir que ninguém se magoasse sem ser ela. Houve até alguns homens que tentaram travar o avanço do cavalo sem sucesso. 


Num ápice chegaram ao quarteirão do pub onde Helena fez uma derradeira tentativa de travar Pegasus puxando as rédeas com força e segurando a crina do animal ao mesmo tempo. -"Já chega!"- Gritou, fazendo o cavalo apoiar-se nas patas traseiras em protesto. Era habitual fazer aquilo mas Pegasus estava tão agitado que o impulso levou Helena a desequilibrar-se e cair do seu dorso. Como foi ensinada por Joaquim, deveria tentar virar-se no momento da queda para não bater directamente com as costas no chão e foi o que fez. Acabou por bater com a testa numa pedra que a deixou a sangrar. Agarrando a cara para tentar parar a hemorragia sentou-se no chão e encarou Pegasus que mais uma vez se ergueu nas patas traseiras e arrancou para a porta do pub numa correria desenfreada. Os dois homens na entrada levantaram os braços numa tentativa ridícula de o parar mas em vão. Pegasus desapareceu rompante no interior do pub e Helena ouviu instantaneamente gritos e mesas a serem derrubadas. Com alguns dos homens a fugirem pela sua vida, a morena levantou-se com dificuldade e correu até à porta do pub que empurrou pesadamente.



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-"Pegasus, BASTA!"- O animal estava de costas para si e parou de relinchar com uma mão que agarrou a sua rédea e lhe fez um leve carinho no focinho. A energia calma que quebrou sob o seu corpo foi imediata e Pegasus tinha voltado a ser como era. Helena olhou em redor, o salão tinha sofrido alguns estragos, os homens estavam escondidos e alguns tinham saltado sob o bar. Directamente sobre o balcão estava uma boina ao lado lado de uma garrafa de whisky escocês. Uma boina adornada com navalhas. Helena piscou os olhos duas vezes com receio de que a sua queda lhe estivesse a causar alucinações. Foi quando a mão que tinha acalmado o seu cavalo forçou o corpo do animal a virar-se e a encarou. Helena largou o ar nos pulmões e o seu coração falhou as batidas seguintes. Aqueles olhos azuis. Voltavam a encarar os seus. Apertou a mão que tinha sob o corte na testa forçando a dor para ter a certeza que era real. 

My Golden Gangster.Where stories live. Discover now