Thomas é forçado a viajar para Portugal numa tentativa derradeira de parar Oswald Mosley, que continua os seus avanços imparáveis no mundo fascista. Lá encontra a ajuda improvável de Helena, uma mulher de origem cigana e com o coração tão despedaçad...
Lisboa parava à passagem imponente do animal negro como um trovão, Pegasus relinchava ruidosamente sentido Helena perdida sobre o seu dorso. A ligação que existia entre os dois tornava-os um só, na alegria e na dor. O rosto da morena permanecia pálido e sem qualquer expressão, não era ela que guiava o cavalo naquele momento mas o contrário. Não sabia onde estava nem como tinha ido ali parar, muito menos à quanto tempo já montava Pegasus. Acordando por breves momentos do transe pensou em voltar para os estábulos onde poderia estar sozinha e tentar digerir tudo mas passou pela fábrica de Alfie e o seu subconsciente falou mais alto. Quando deu por si, tinha amarrado as rédeas de Pegasus à entrada do edifício e dirigia-se agora para a porta , passando pelos olhares curiosos dos trabalhadores que um a um levantavam a cabeça para admirarem a sua beleza. Helena nada disse, apenas olhou em volta explorando as galerias que já conhecia. A um canto mais privado que servia de destilaria e armazenamento de stock, Helena conseguiu ver ao longe o vulto que tanto procurava. Com os óculos na ponta do nariz Alfie lia atentamente o rótulo de uma garrafa e franzia as sobrancelhas.
-"Manuel, esta merda tem seriamente de mudar, yeah? Achas que isto está à minha altura? Mate, mais vale ir beber água da poça ali à frente!"- Alfie olhou finalmente na direcção dos passos dando um leve pulo ao perceber que era Helena.-"Fuck love, pensava que era o meu capataz! É um perigo seres silenciosa dessa maneira!"
Helena parou por cima de uma luz fraca que iluminava o espaço e encostou-se à parede. Quando Alfie viu finalmente o seu rosto, recordou-se por instantes que dentro de si existia um coração e que batia ou parava por ela. E naquele momento sentiu o seu coração ser arrancado do peito pela tristeza que via.
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-"Alfie.."- Foi a única coisa que Helena conseguiu dizer enquanto correu para o judeu e se jogou nos seus braços perdendo as forças.
-"Que merda amor, que se passou? Parece que viste a morte à tua frente! Rasga-me o coração olhar para ti assim!"- Alfie abraçou-a com toda a força possível aconchegando-a no seu peito forte. -"Fala comigo, Helena!"- Alfie permitiu-se olhar para ela.- "Quem te magoou? Foi o cabrão do fascista?"
Naquele momento Helena afastou-se um pouco do calor de Alfie e pegou no envelope que tinha guardado no vestido. A sua mão tremeu e pensou em tudo o que aquela acção poderia desencadear. -"Poderá ter sido."
-"Que porra queres dizer com isso, love?"
-"Promete-me que vais tentar ter calma."- Helena agarrava com todas as forças o envelope esperando a resposta de Alfie.
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