Capítulo 10 - Leila

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Sou despertada de mais um pesadelo com casamento pelo barulho inconfundível da máquina de lavar antiga da minha tia

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Sou despertada de mais um pesadelo com casamento pelo barulho inconfundível da máquina de lavar antiga da minha tia. Diferente do sonho que tive há algumas semanas atrás, em que eu não conseguia chegar até o altar por mais que tentasse e nem conseguia ver o rosto do meu noivo, neste sonho eu consegui fazer e enxergar as coisas muito bem.

Desta vez eu estava caminhando descalça por uma grama molhada e fofinha. Meu vestido era leve e oscilava com uma brisa quente do fim de tarde. Não haviam convidados, não haviam damas de honra ou padrinhos, nem mesmo meus pais estavam na cerimônia. Era apenas eu, praticamente flutuando até um altar banhado pelo laranja do entardecer e um buquê de flores silvestres de diferentes cores nas mãos. Eu me lembro de sorrir, de estar feliz depois de muito tempo sem conseguir me sentir em paz comigo mesma. Contudo, meu casamento dos sonhos se tornou um pesadelo quando alcancei o altar e meu noivo se virou para me receber.

Danilo Torres quem esperava por mim, exibindo um sorriso perfeito de gente rica que faz todo tipo de tratamento caro para ter dentes brancos como porcelana. O cabelo escuro dele balançava livremente e alguns botões da camisa de algodão branca estavam abertos, deixando aparecer um peitoral que eu achava que só existia na televisão e na internet, depois de algumas camadas de edição, claro.

Ele estendeu uma mão para mim em sonho e inclinou o rosto na minha direção. Danilo não disse nada, mas olhá-lo nos olhos foi o suficiente para fazer o buquê desaparecer das minhas mãos e em seu lugar surgir um buquê sinistro com notas de R$50,00 e R$100,00. Quando isso aconteceu, eu já estava consideravelmente apavorada, entretanto meu desespero aumentou ao ouvir o padre que estava nos casando ecoar um sonoro:

"Eu vos declaro marido e mulher. O noivo pode beijar a noiva!"

Nesse momento, graças a Deus, eu consegui acordar. Meu coração está batendo acelerado até agora e estou em pânico só de pensar no que eu posso ter falado enquanto dormia.

Me sento na cama e olho para os quatro cantos do quarto, sem encontrar Bruna em lugar nenhum. Menos mal, não estou com clima para minha prima tentar adivinhar meus sonhos. Hoje é sexta-feira, ela deve ter saído bem cedo para o estágio e só vai estar em casa lá para as 14h00.

Pego meu celular debaixo do travesseiro e toco na tela, mas como de costume está sem bateria. Me lembro dele ter descarregado após eu ter passado a madrugada inteira buscando notícias inúteis sobre Danilo na internet e vendo fotos e mais fotos antigas dele com uma atriz bem famosa, a Marcela Corrêa, que fez uma novela que minha tia adorava, inclusive. Foi numa dessas fotos deles dois numa praia em Fernando de Noronha que vi o peitoral dos meus pesadelos. É, eu preciso ter mais cuidado com as coisas que pesquiso antes de dormir.

Jogo minhas pernas para fora da cama e cambaleio até o espelho do guarda-roupa. Meu reflexo parece gritar "ressaca!" quando me olho de cima abaixo em meu pijama furado. Eu não devia ter bebido tanta cerveja ontem com meus amigos, quase falei o que não devia algumas vezes e só parei de tocar no nome de Danilo depois que Bruna me carregou até a cama e me colocou para dormir.

Se a gente se casar domingo?Where stories live. Discover now