Capítulo 34 - Leila

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Minha cabeça está doendo pela falta de sono e eu estar de pé no meio desse ônibus lotado de gente falando alto só colabora para que a dor vá se tornando mais e mais insuportável

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Minha cabeça está doendo pela falta de sono e eu estar de pé no meio desse ônibus lotado de gente falando alto só colabora para que a dor vá se tornando mais e mais insuportável. Como se não pudesse piorar, meu estômago está girando por causa do vinho barato que tomei ontem e eu estou me amaldiçoando pela milésima vez desde que tive a brilhante ideia de visitar tia Célia em pleno dia de semana para não ter que encarar Danilo de manhã.

Inferno de homem! Ele não tinha o direito de tirar o pouco de paz que me restava ao me beijar ontem à noite! Não consegui pregar os olhos nem com a porta do quarto trancada e bem protegida debaixo das cobertas. Danilo aparecia todas as vezes que eu me permitia piscar mais demoradamente, dizendo que não iria me magoar, acariciava minhas mãos e me beijava devagar, um beijo de verdade, bem diferente dos selinhos com gosto de plástico que éramos obrigados a dar na frente da nossa plateia cativa, então eu era obrigada a pular da cama e dar voltas pelo quarto para espantar a imagem dele para bem longe, o que me custou uma noite de sono.

Descanso minha cabeça no meu braço erguido que segura a barra de ferro do ônibus, tentando afastar aqueles pensamentos, mas eles só ficam mais vívidos e recorrentes conforme o tempo passa. Quase caio em cima de uma mulher quando o ônibus dá um solavanco, o que a faz me olhar de cara feia e se virar de costas para mim. Maravilha, esse dia só melhora!

Isso tudo é culpa de Danilo, porque depois de tudo que ouvi de Madu, a última coisa que eu esperava era aquele beijo. Era a gota d'água para o nosso acordo desmoronar e eu nem tenho vergonha na cara ao admitir para mim mesma que eu queria aquilo tanto quanto ele pareceu querer ontem. O porém da coisa toda é que um segundo depois ele estava se desculpando e prometendo que não ia acontecer de novo. Claro que ele iria se desculpar, era um momento de fraqueza dele, havia uma garrafa de vinho barato entre nós e eu estava ali, no lugar certo, ou melhor, no lugar errado, logo seria muita inocência minha achar que Danilo estava raciocinando direito quando fez o que fez.

Pensar assim poderia deixar as coisas mais fáceis de serem organizadas na minha cabeça, afinal nosso contrato tem como um dos pilares a ausência de sentimentos um pelo outro, mas ainda assim eu não consigo parar de me questionar sobre o que teria acontecido entre nós dois se eu tivesse apenas permitido que ele me beijasse um pouco mais. Minha pele se aquece involuntariamente só com a mínima insinuação disso e eu tenho vontade de socar a minha própria cara por ser tão carente e estúpida.

Salto do ônibus e me arrasto pelo bairro que tia Célia mora. Nem a avisei que estava vindo, mas por sorte ainda tenho a chave e posso entrar mesmo se não tiver ninguém em casa. Eu até cogitei em ir para a E. M. mais cedo e acabei desistindo antes de tomar uma decisão, pois não acho que ainda seja uma boa hora para fazer isso. Só consigo resolver um problema por vez e agora o que está fazendo minha cabeça doer é Danilo. Amanhã tento descobrir o que fazer com minha empresa que está ainda mais perto do fracasso do que antes.

Encontro tia Célia chegando em casa com algumas sacolas de supermercado nas mãos. Ela não nota minha aproximação de imediato, resmungando sozinha sobre o peso das sacolas e que João não a ajuda em nada. Realmente, aquele adolescente não ajudava em nada em casa e não deve ter mudado muito agora que não estou mais morando aqui.

Se a gente se casar domingo?Där berättelser lever. Upptäck nu