Capítulo 26 - Leila

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Danilo fez questão de levar minhas coisas até o carro, como se bancar o meu chofer particular fosse apagar da minha cabeça que ele me deixou toda ansiosa e no fim só queria que eu bancasse a babá de cachorro

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Danilo fez questão de levar minhas coisas até o carro, como se bancar o meu chofer particular fosse apagar da minha cabeça que ele me deixou toda ansiosa e no fim só queria que eu bancasse a babá de cachorro. A sorte de Danilo nesta história toda é que eu adoro Sansão e esse carinho é recíproco, porque se aquele cachorro fosse uma peste feito o dono dele, eu não responderia por mim.

Madu e Jonas também se enfiaram no carro e estão tagarelando com Danilo o caminho todo, falando horrores da minha comida e sobre como minha tia faz o melhor lombo de porco assado do universo. As mulheres da minha família, em sua maioria, cozinham mesmo melhor do que eu, mas minha comida não é a coisa terrível que meus amigos fazem parecer. Porém, se depender de mim, Danilo nunca vai saber o gosto do meu tempero. Ele sobrevivia e se alimentava antes de eu ter ido parar na casa dele, pode continuar muito bem do mesmo jeito pelo resto da vida.

Por mim, eu teria vindo me despedir dos meus pais sozinha, mas fiquei pensando no que Danilo disse assim que me viu, sobre as pessoas já estarem esperando nosso divórcio. Madu e Jonas me encheram o saco a semana toda para voltar para casa, mesmo comigo inventando mil e uma desculpas para ter continuado na E. M. todos esses dias. Contudo, com o passar dos dias, ficou difícil fingir que estava tudo certo, já que Danilo fez o favor de desaparecer também. Eu tive que simular ligações e troca de mensagens para que meus amigos não ficassem ainda mais cismados, o que acabou com a minha dignidade. Se eu não convidasse Danilo para vir conosco à casa de tia Célia hoje, nem mesmo uma cena de beijo iria convencer meus amigos que meu casamento está às mil maravilhas, por isso estamos os quatro aqui, disputando com as músicas que tocam no interior do carro quem fala mais alto.

Particularmente, não estou muito disposta a participar da conversa, trouxe meu notebook e estou trabalhando, que é mais útil do que defender minha comida dos meus pseudo amigos, que até ontem gostavam e muito do que eu costumava cozinhar. Não descansei direito nenhum dia na última semana e preciso forçar um pouco minha visão para ler os documentos que aparecem na tela. É tanta coisa, mas tanta coisa, que fico perdida no meio da tentativa de resolver os problemas burocráticos da startup dentro desse carro em movimento. Acho que no fim não vai ter jeito, vou ter que ir atrás de pelo menos um contador para me ajudar com essa papelada toda.

As ruas vão ficando mais estreitas conforme nos aproximamos do nosso destino final, ao passo que o barulho dos meus amigos e de Danilo só aumenta. Estou quase me arrependendo de ter deixado que eles viessem comigo. Quase, porque no fundo eu sou uma idiota sentimental que ama ver todo mundo contente desse jeito.

Danilo alinha o carro rente ao meio fio em frente a casa de tia Célia e vira a chave. Meus amigos arrancam o cinto num piscar de olhos e pulam para fora, anunciando nossa chegada no portão. Me enrolo um pouco, guardando minhas coisas na mochila e só quando fecho o último zíper percebo que Danilo ainda está sentado no banco do motorista, me olhando meio apreensivo.

— O que foi? Por que não desceu ainda?

— Eu só quero saber se está tudo bem mesmo ir lá para dentro, com sua família, seus amigos e todo mundo...

Se a gente se casar domingo?Où les histoires vivent. Découvrez maintenant