Capítulo 19 - Danilo

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Eu não imaginava que um casamento desse tanto trabalho, especialmente porque não estou me casando de verdade, no entanto estou aprendendo da pior maneira que casar é uma enorme dor de cabeça

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Eu não imaginava que um casamento desse tanto trabalho, especialmente porque não estou me casando de verdade, no entanto estou aprendendo da pior maneira que casar é uma enorme dor de cabeça.

Esse é de longe o contrato mais chato que já firmei na vida, repleto de formalidades e pequenos detalhes, sem contar que é impossível me casar no próximo final de semana como eu queria. O cartório precisa de uns 15 dias para processar toda a papelada e só então podemos marcar a data, que já me adiantaram que deverá ficar lá para a metade do mês que vem, já que insisti no domingo.

Pensei seriamente em deixar o casamento para qualquer outro dia da semana, até uma segunda-feira seria um dia melhor do que o domingo, mas meu avô gosta de domingos. Para ele, domingo é o dia da família, dia de celebrar união e afeto, dia de agradecer por mais uma semana que está para começar e por aí vai. Por isso, apesar das complicações, é uma boa ideia aproveitar todo o simbolismo e o valor que vovô atribui a esse dia da semana para celebrar meu casamento, assim o velho vai se convencer ainda mais de que minhas atitudes são genuínas.

     A funcionária do cartório que nos atendeu comentou que Leila e eu deveríamos estar com pressa para nos casarmos. Ela tinha uma aliança brilhante na mão esquerda e olhava para Leila como se quisesse conversar com ela a sós. A princípio achei que as duas se conheciam, mas entendi que a aflição sutil no rosto da mulher se dava porque minha querida noiva estava com cara de quem estava marcando a data do próprio velório. No mínimo, a funcionária queria puxar Leila pelo braço e perguntar se ela queria fugir de mim.

Na verdade Leila está com uma cara péssima desde que me viu mais cedo, e como eu previa, nem mesmo ter consertado o celular todo ferrado dela a fez ficar mais simpática. Eu sei que estou errado, que toquei numa coisa importante para ela, mas eu não fiz por maldade e ela sabe disso, então não vejo motivos para não passarmos por cima disso e seguirmos em frente.

Estou tentando puxar assunto desde que saímos do cartório e nos sentamos em um restaurante para almoçar. Já tentei de tudo, até mostrar fotos novas que tirei de Sansão e mensagens de áudio das minhas sobrinhas implorando para eu levá-la de novo à casa do meu avô para que elas brinquem. Leila ouviu tudo, fez uns dois ou três comentários e me ignorou o restante do tempo. Agora ela está usando a comida para se manter calada e eu não sei mais o que fazer para que essa mulher fale comigo.

— Você sabe que eu não vou adivinhar o que se passa pela sua cabeça se você não me contar, né?

Leila me olha por cima dos óculos e leva mais uma garfada de comida até a boca, sem dizer nada. Largo meus próprios talheres e cruzo os braços, a encarando de volta. Eu iria preferir mil vezes que ela me xingasse e que brigasse comigo como Tales faz quando cometo um erro do que ter que assisti-la nesse silêncio todo.

— Leila, me desculpe por ter atendido sua mãe. Foi sem querer, você sabe que foi sem querer!

— Eu sei, sim. — Ela responde simplesmente, continuando a comer.

Se a gente se casar domingo?Where stories live. Discover now