Capítulo 37 - Danilo

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Minha sala é invadida pelos meus funcionários segurando balões e jogando confete para todos os lados

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Minha sala é invadida pelos meus funcionários segurando balões e jogando confete para todos os lados. Eles entoam um "parabéns para você" todo desafinado e rodeiam minha mesa, me cercando de um jeito que eu não tenho como fugir. Afasto os papéis que eu estava lendo e desisto de ignorá-los. É impressionante o fato de todo ano eles fazerem a mesma coisa e até hoje eu não ter aprendido a trancar essa porta.

— Feliz aniversário, chefe! — Alexandra comemora, soprando confete na minha cara.

— E muitos anos de vida! — Marcinha completa ao colocar um pequeno bolo confeitado sobre minha mesa com duas velas douradas denunciando minha idade.

Trinta e um anos é bastante coisa, é quase a metade da vida da maioria das pessoas, considerando a expectativa de vida nesse país. Nunca fui muito de pensar em como seriam as coisas quando eu fosse velho, sempre vivi um dia de cada vez e isso resultou na minha fama de irresponsável. Agora eu consigo perceber que não planejar direito o futuro pode ser um problema, afinal a idade chega para todos e com ela responsabilidades ainda maiores.

Ano passado, no meio de uma comemoração como esta, havia menos funcionários da Eco Habitação na minha sala, meu avô não estava se aposentando e eu não fazia ideia de quem era Leila. Hoje há mais pessoas aqui que dependem de mim e do meu trabalho para que possam trabalhar também e pagar as próprias contas, eu estou concorrendo à presidência do Grupo e estou casado da forma mais real possível para mim, que nunca tinha cogitado isso nem de brincadeira. Tem coisa demais acontecendo e, apesar de toda bagunça que a minha vida se tornou, eu nunca estive melhor.

Meus funcionários começam a cantar parabéns de novo, pedindo para que eu apague as velas do bolo e faça algum pedido. Todos os anos quando eles faziam isso comigo eu cedia para que me deixassem em paz, mas acabava não pedindo nada. No entanto, há algumas coisas que tenho desejado nos últimos tempos, e se essa tradição boba ajudar em algo, quero ser beneficiado ao menos uma vez.

Fecho os olhos por um instante e mentalizo o que almejo para o futuro. Eu quero o sucesso da Eco Habitação, quero a presidência do Grupo e quero... Leila. O nome dela soa tão forte na minha mente, que fico tentado a dizê-lo em voz alta. Ainda é meio complicado para mim entender o que ando sentindo por ela, mas não posso mais me esquivar disso que tem crescido tanto dentro de mim ao ponto de deixar menos importante tudo pelo que sempre trabalhei para conseguir.

Acho que de todas as minhas descobertas recentes, ter percebido que estou colocando meu relacionamento com Leila, ainda que sem perceber, à frente da minha corrida para a presidência da empresa é a que mais me assusta. Sempre valorizei mais as coisas que eu queria do que as pessoas à minha volta e eu não sabia que conseguia priorizar alguém desta maneira até estar sentindo o que sinto por Leila. A impressão que eu tenho é que eu fui substituído por outra pessoa enquanto dormia, porque mal reconheço minhas próprias atitudes.

Me inclino sobre a mesa e assopro as velas do bolo ainda com Leila na cabeça. Eu estou me tornando tão clichê e idiota quanto Tales, e eu nem consigo me envergonhar por isso. O pior que poderia acontecer comigo era me casar e eu já estou casado, então não importa muito o fato de eu estar sorrindo como um babaca só de pensar nela.

Se a gente se casar domingo?Where stories live. Discover now