Capítulo 46 - Leila

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Como de costume, minha letra está péssima

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Como de costume, minha letra está péssima. Tremi o tempo inteiro enquanto assinava na linha abaixo da assinatura elegante de Danilo e por muito pouco não manchei todos os papéis do divórcio com as minhas lágrimas. Já faziam alguns dias que eu não chorava tão descontroladamente assim, mas por um ponto final formalmente em tudo me doeu mais do que eu esperava, então as lágrimas foram pura consequência trágica do meu estado emocional.

Juro que pensei que demoraria mais para que Danilo providenciasse o divórcio como ele tinha me dito que faria quando veio à E. M. na semana passada, então eu acabei comprando uma passagem para passar uns dias na casa dos meus pais e tentar me recuperar o melhor possível do baque que foi dar fim ao meu casamento. Eu achava que com isso eu estaria mais forte quando esse momento chegasse, no entanto estou aqui assinando tudo. E chorando. De novo.

Madu e Jonas não sabem mais o que fazer comigo, ambos nem sequer têm mais conselhos para me dar. Ouvir que vai passar, que vai ficar tudo bem, que no começo é assim mesmo estava me dando nos nervos e eu supliquei aos dois que parassem com aquilo e só me tratassem normalmente, o único problema é tratar normalmente uma pessoa que desata a chorar do absoluto nada. Estou verdadeiramente com pena dos meus amigos, deve estar sendo horrível me aguentar, por isso que eu vou passar um tempo no interior, sentindo cheiro de mato e ajudando meu pai a cuidar das flores dele.

Tudo aqui na E. M., na rua, na cidade inteira me lembra Danilo. A imagem dele invade meus sentidos em momentos aleatórios, quando preciso fazer coisas importantes ou muito simples e isso tem me afetado muito. Eu preciso urgentemente me desintoxicar, eu só não queria me ausentar da empresa logo agora que as coisas estão dando certo, entretanto é disso que eu preciso por enquanto. Ninguém consegue trabalhar estando doente e eu tenho me sentido uma completa inválida, quase em estado vegetativo. Eu nem sabia que era possível ficar assim depois de um término e ainda mais na minha idade, mas ao que tudo indica o amor é uma enorme incógnita que eu provavelmente vou morrer sem entender.

Coloco os documentos no envelope branco com a logo de Tales e o entrego para Madu. Tales esteve aqui enquanto eu estava fora resolvendo algumas coisas para a viagem, o que foi bom, porque eu não sei como iria reagir. Até as ligações de Andressa e de dona Roberta eu tenho evitado, com receio do que elas têm a me dizer, então encontrar com Tales não ia ser muito bom.

— Entregue isso para Tales o quanto antes, Madu. Diga que eu tinha uma viagem marcada e não pude ir pessoalmente.

— Hm. Certo. — Ela torce a boca numa careta de desgosto.

— Se você não quiser fazer isso, eu peço a Jonas ou para qualquer outra pessoa. — Digo levemente irritada.

Madu está fazendo aquela cara com certa frequência, como se não aprovasse minhas escolhas, mesmo tendo dito mil vezes que não me julgaria, o que é irônico já que eu me sinto julgada o tempo todo por ela.

— Não precisa se irritar, eu vou mandar isso para ele amanhã de manhã. Está satisfeita?

— Estou. — Respondo ainda meio emburrada, passando por ela a caminho da sala que divido com Jonas para pegar minha mala de viagem.

Se a gente se casar domingo?Where stories live. Discover now