Capítulo 25 - Danilo

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Aposto que Sansão está dormindo debaixo das minhas cobertas, só isso o impediria de ter corrido imediatamente para mim assim que abri a porta

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Aposto que Sansão está dormindo debaixo das minhas cobertas, só isso o impediria de ter corrido imediatamente para mim assim que abri a porta. Afrouxo a gravata e tiro o blazer, dobrando as mangas da camisa até os cotovelos e respirando um pouco no escuro antes de entrar direito em casa. Que dia maldito! Reuniões, gente chata, um contrato caríssimo sendo cancelado, a conversa de dissolução e incorporação da Eco Habitação e por aí vai. Parece que paz é uma coisa que simplesmente não existe no meu vocabulário.

Arrasto os pés pelo piso em direção a sala. A televisão está ligada em um programa qualquer, mas Leila e Sansão estão dormindo pesado no sofá, alheios ao que parece ser um documentário sobre macacos. Acho que perdi meu cachorro de vez para essa mulher, porque ele nem mesmo se move ao notar minha presença. Não tenho nem direito de ficar enciumado, pois ao menos com Leila sempre em casa agora eu não preciso me preocupar em chegar tarde como hoje.

Meu relógio marca 01h52min, mas a verdade é que mal vi o tempo passar depois que saí do trabalho. Alguns amigos queriam me ver para saber sobre os boatos de que eu havia me casado e eu nem cogitei dispensar o convite para encontrá-los. Depois de um dia de cão como hoje eu merecia rir um pouco na companhia de amigos que não via há algum tempo e me distrair ao máximo para não remoer o que vovô vai fazer daqui há mais ou menos um mês na assembleia de acionistas.

Fico parado por alguns instantes apenas observando minha "esposa" e meu cachorro espalhados no sofá. Noto que Leila ainda está usando o anel de noivado junto com a aliança de casamento, mesmo depois de eu ter dito que ela poderia vendê-lo se quisesse. Confesso que quando vi que ela ainda usava aquele anel de manhã, fiquei me controlando para não falar sobre o assunto, mas achei que a deixaria desconfortável se eu me oferecesse para tentar conseguir um bom dinheiro pela jóia por ela. De qualquer forma, o anel é dela agora, prefiro esperar para saber que fim ela irá dar nele, mas se eu pudesse decidir, adoraria que Leila continuasse com ele.

Ela está tão tranquila de olhos fechados, que não quero estragar seu sono, já que provavelmente ela devia estar bastante cansada para ter adormecido aqui mesmo. Vê-la assim me faz lembrar das palavras de Seu Maciel sobre a filha não descansar nunca e sempre estar pensando em alguma coisa em sua cabeça complicada de engenheira. Contudo, se eu a deixar passar a noite aqui, amanhã ela acordará com uma dor nas costas terrível e vai ser bem pior.

— Leila... — Eu a chamo, sacudindo-a de leve para despertá-la.

Sansão se mexe primeiro, claro, ficando rapidamente de pé sobre o sofá e sacudindo o rabo quase no rosto de Leila. Ela abre os olhos devagar, passando-os por mim sem parecer assimilar minha presença muito bem.

— Danilo? — Leila pergunta, sonolenta, como se ainda estivesse sonhando.

— Melhor você ir para cama, já está bem tarde.

Ela fica subitamente alerta ao ouvir minha voz, se sentando no sofá tão depressa que chega a derrubar o celular que segurava em uma das mãos.

— Que horas são? Está tudo bem com você?

Se a gente se casar domingo?Where stories live. Discover now