05. Trabalho e lágrimas

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Chegamos no restaurante depois de uns dez minutos de silêncio completo.

- Tem certeza que vai ficar aqui fora? Está frio. - ele perguntou novamente.

Realmente estava muito gelado. Eu estava tremendo.

- Os fracos sentem frio, eu não estou sentindo nada. - menti.

- Anda logo, Ale. Você vai ficar resfriada. -me puxou pela mão até lá dentro, parecia poder adivinhar meus pensamentos.

- Da próxima vez que me puxar assim eu juro que desloco seu ombro direito. - sussurrei bufando, mas agradecida por estar tão quente lá dentro. Sorri ironicamente.

- Mesmo sendo um sorriso sarcástico, vale. Eu diria que tinha razão, você deveria sorrir mais vezes. Fica tão bonita quanto eu imaginei. - as covinhas quando estava feliz eram notáveis.

- Faça logo seu pedido. Eu já estou cansada de esperar. - mandei.

- Está certo mau-humoradinha. - disse mostrando ainda mais as covinhas.

Revirei os olhos e ele chamou o garçom para fazer seu pedido.

Após comer e pagar, fomos até a porta do local em silêncio.

Assim que ele abriu a porta para que eu passasse, uma corrente congelante de vento bateu em mim, me fazendo arrepiar por inteira. Maldita a hora que escolhi ir de camiseta e calça rasgada.

- Ale, pega a minha blusa. - ele ofereceu, já a tirando.

- Não! - Vi que havia sido muito rude, então tentei concertar. - Eu estou bem. Obrigada.

Ele me olhou de um jeito estranho, mas não questionou mais. Ele tinha obviamente percebido o meu braço arrepiado, pois não parava de olhar.

[...]

Abri a porta de casa com um leve chute e sentei no sofá, enquanto ele observava tudo com atenção.

- Sua casa é... - uma tentativa de elogio.

- Escura, esquisita e sombria? - completei. - Isso porque você não viu as paredes do meu quarto. Eu pichei tudo com tinta preta.

Ele arregalou os olhos de uma maneira engraçada. - Eu só ia dizer que você tem muito bom gosto. Eu gostei. - foi olhando cada detalhe, até chegar em mim.

- Vamos começar logo esta porcaria. - aproveitei que ele estava me olhando, para falar.

Ele deu um risinho. - Ok, eu pensei em algum país europeu... Tipo França, ou Itália. - fiz que sim com a cabeça, bocejando. - Então eu pesquiso a parte teórica e você fica com as imagens, pode ser? - indagou.

Eu poderia simplesmente imprimir qualquer coisa para me livrar disso logo... mas ele estava se esforçando tanto, que eu não conseguia simplesmente fazer de qualquer jeito.

- E-eu sei desenhar. - falei um pouco baixo. - Não muito bem. Mas é algo que faço às vezes. Eu posso desenhar alguma coisa que tenha a ver com a pesquisa. - opinei e senti sua surpresa.

- Eu não fazia ideia! Puxa, você deve desenhar muito bem. Claro que pode, quantos quiser. - respondeu, embasbacado.

Peguei uma folha jogada em uma mesinha de centro, pesquisei algumas inspirações que tinha a ver com o assunto e comecei a fazer uns rabiscos.

Um silêncio tomou conta do cômodo.

- Você tem um caderninho de desenhos? - perguntou de repente e eu assenti. - Deixa eu ver seus desenhos?

Fiz que não com a cabeça. Eu desenhava coisas perturbadoras quase sempre ou confusas demais para a mente dele.

- Por favor, deixa eu ver um dia? O mais bonito deles, promete? - os olhos dele brilhavam de um jeito que não tinha como negar.

Alone Por Alone Where stories live. Discover now