22. Começo triste, final feliz

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- Nã-não, por quê? - fiquei curiosa.

- Eu queria te levar num lugar. Topa? - perguntou, com ar misterioso.

- Onde? - questionei quase que automaticamente.

- É surpresa, eu não posso contar! - respondeu como se fosse óbvio.

- Você ama fazer surpresas, não é? - indago, lembrando do porta-retratos.

Ele assentiu. - Topa? - pergunta novamente.

- Ham... está bem. - Falo sem tanta certeza.

Ele pega minha mão e me puxa até lá fora. Entra num carro preto, uma BMW, para ser mais exata. Enquanto balança uma chave.

Abro a porta - Você dirige? - berro embasbacada, sem conseguir me conter.

- Sim!

- Que? E nunca me disse? Você me impressiona mais a cada minuto! - olho para ele revirando a chave, achando aquilo tudo surreal.

Ele liga o carro com a maior naturalidade enquanto eu observo cada movimento.

Uns minutos se passam e por mais que eu tentasse saber aonde estávamos indo, o lugar parecia novo aos meus olhos.

Entramos em uma estrada de terra. - Eu só espero que você não esteja me sequestrando. - falei um pouco mais alto que o tom da minha voz, por conta do barulho que os pneus faziam em contato com a estrada.

- Relaxa, você vai amar o lugar que estamos indo! - Ele sorria, mostrando as covinhas. A perfeição dos dentes retos e brancos dele ainda me impressionava, mas aquele não era o momento para reparar nos detalhes da boca dele.

Fiquei inquieta, eu não conseguia parar de bater o pé no chão. Ele olhou pelo canto do olho, sem desviar da estrada e colocou a palma da mão minha perna para que eu parasse de bater contra o chão.

- Calma Ale, não fique nervosa. - ele aproveitou que seu braço já estava perto para abrir o porta-luvas - Quer uma bala? - retirou o pacote de lá de dentro e me entregou.

Peguei e comi a bala, mas antes mesmo de a terminar, percebi que ele tinha parado o carro.

- Uma fazenda? - Saí, sem entender o que estaríamos fazendo ali.

- É, você já vai entender. Vem comigo! - Pegou minha mão novamente, como sempre fez, e tocou a campainha.

Uma voz rouca e um pouco grossa de um senhor ecoou pelo interfone, perguntando quem era.

- Oi Sérgio. Sou eu, Matias Wilians. Posso entrar? Eu trouxe uma amiga para conhecer o Tommy.

TOMMY? Quem poderia ser Tommy? Algumas perguntas precisavam ser esclarecidas urgentemente.

- Ah, oi Matias. - A voz desconfiada do senhor passou para uma meiga e calorosa.

- Quem é Tommy, Matias Wilians? - Soltei de sua mão e apertei seu braço, esperando respostas.

Ele fingiu que não ouviu e continuou a andar.

Pararmos em um campo com flores e dentes-de-leão. - Veja com seus próprios olhos. Tommy! Vem cá. - gritou e assobiou com os dedos na boca. Uma cabra, na verdade um filhote de cabra veio correndo até nós e esfregou a cabeça nele como cumprimento.

- Esse é o Tommy?! - Fiquei estagnada, eu não sabia como reagir.

- Sim, eu encontrei ele preso e machucado numa cerca há alguns meses. E eu não podia o deixar ali. Então eu, com a ajuda do Sérgio - dono dessa fazenda - retirei o Tommy de lá. Mas como eu moro na cidade não pude ficar com ele...

Alone Por Alone Where stories live. Discover now