40. Último dia de viagem e capítulo

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Não deviam ser nem sete da manhã quando ouvi batidas brutas na porta.

Virei para o outro lado e coloquei o travesseiro na orelha. Que saco! Quem é sem noção a ponto de bater uma hora dessas na porta?!, pensei.

- Alone, a diretora está na porta. Quer falar com você, parece ser importante. - abri o olho e vi a Amora em frente a minha cama.

Fui rabugenta até ela.

- Alone, bom dia, desculpe te acordar tão cedo, ainda mais no último dia de viagem, mas eu tenho um comunicado importante que realmente não pode esperar.

Fiz sinal para que ela continuasse logo.

- Uma das meninas, a Ariel, teve muita dor de cabeça na ida, pelo barulho dos colegas gritando o tempo inteiro e tudo mais... Então ela me pediu se não poderia ir no carro e obviamente eu permiti já que a garota havia passado mal.

Comecei a entender onde ela queria chegar.

- Então, só haverá um lugar no carro. No caso, para você, o seu namorado terá que ir de ônibus mesmo. - ela esclareceu, com um sorriso triste.

Assenti, sem saber como reagir. Eu não estava conseguindo raciocinar por ter acabado de acordar, nem ao menos me dei o trabalho de corrigir sua afirmação sobre o Matias ser meu namorado, apenas disse: - Ok, vou falar com ele. - E fechei a porta em seguida, com um sorriso amarelo.

Pior do que ter que ir o caminho todo com a diretora e os funcionários da escola, era voltar sem ter a única pessoa legal do meu lado.

- Que saco! Aposto que essa menina inventou essa dor de cabeça só pra não ter que voltar com o pessoal da sala bagunçando.

- O que foi? - a Ana Carolina que estava com um espelho na mão, passando máscara de cílios, perguntou.

- Acabaram de me informar que não vai ter lugar para o Matias na volta. Ele vai ter que ir de ônibus. - bufei.

- Paia, hein. - ela respondeu - mas, por que você não foi de ônibus, como todo mundo?

Comecei a sentir coceira pelo corpo, nervosismo, certamente. - Não interessa. - respondi ríspida e voltei a dormir.

Quando acordei, uma hora depois, resolvi ligar para o Matias.

- Você já soube? - perguntei quando ouvi o "alô".

- Sim...

- Que raiva dessa Ariel! Eu tenho certeza que ela não tá com dor de cabeça nenhuma!

- Não tem como a gente saber. Mas não tem problema. Você vai ficar bem sozinha, quero dizer, com eles - riu.

Depois que desligamos eu fui me arrumar para o almoço em outro restaurante da cidade. Coloquei uma meia-calça arrastão, a saia que comprei no outro dia e um cropped preto que caía no ombro.

Logo que cheguei vi o Matias conversando com um menino cabeludo da nossa sala, mas que eu nunca havia trocado uma palavra.

Sentei na cadeira do lado e o moreno ao me ver abriu o maior sorriso.

- Ale!

Ele me apresentou para o outro garoto, que se chamava André e depois eu e Matias começamos a conversar só nós dois mesmo, já que o outro parecia muito interessado no jogo do celular.

Depois do almoço, fomos direto para o hotel para pegar nossas malas para ir embora. Senti pesar, eu realmente gostaria de passar mais tempo naquela cidade.

O Matias foi até o carro comigo e se despediu com um abraço longo e forte.

Abri a porta e antes que eu entrasse uma frase bateu em minha cabeça: "se você não for, eu não vou".

Alone Por Alone Onde histórias criam vida. Descubra agora