16. Traumas a tona

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Acordei atrasada como sempre. Não me arrependo de ter colocado mais cinco minutos umas dez vezes no despertador.

Coloquei uma camiseta branca e um colete longo preto e uma jeans. Sem contar a bota de sempre.

Fui para a escola a pé para variar, bem que queria um carro como o de Ravi para dirigir de novo, mas nada faria eu voltar com ele. Nem mesmo um carro de mais de cem mil reais.

Matias estava na frente da escola, olhando para os lados, estaria esperando alguém, talvez?

- Oi - falo me aproximando e dando um meio sorriso.

- O-oi, era você mesmo que eu estava esperando. - sorriu mostrando as covinhas.

- Eu? Por quê? - pergunto confusa.

- Para entrarmos juntos na sala. - fala como se fosse óbvio.

- Mas eu estou atrasada, então você também vai estar. - digo olhando o horário no visor do celular.

- Não tem importância. - dá de ombros ainda sorrindo. - Eu queria te ver um pouco antes de entrar.

- Ah... E-então vamos para a classe logo, antes que você leve mais uma advertência. - pego no seu ombro, o empurrando para dentro.

Ele ri.

- Falando nisso, uma coisa que eu queria te perguntar, mas depois nós brigamos e... Enfim, seus pais brigaram muito?

Suspirou. - Eu acho que eles mais ficaram aliviados do que bravos. Acho que pensavam que eu era um ET, então, quando viram que eu também cometo erros, ficaram meio eufóricos. Até perguntaram o que eu havia feito no dia "livre".

- Uau, e o que você respondeu? - perguntei.

- Ah... Eu disse que havia passado o dia com uma amiga... Melhor amiga, na verdade.

Sorri e olhei para a porta da sala bem em nossa frente.

Ele abriu a porta para que eu entrasse primeiro e em seguida se apoiou no meu ombro com o braço. Fazendo todos nos encararem e me deixando constrangida.

- Você está bem? - sussurra quando percebe a presença do Ravi.

Faço que sim com a cabeça e deixo que ele continue com o braço em volta de mim, gostava de provocar o Ravi.

- Alone, a senhorita está sempre atrasada, não me surpreende, mas Matias? Espero que tenha um bom motivo.

- Ah, sim professora. Ontem a Ale não estava muito bem, então faltou. Eu estava a esperando na entrada para saber se tinha melhorado. E se viria. - diz como se tivesse a desculpa na ponta da língua.

A professora parece estar meio em dúvida entre acreditar ou não, mas enfim manda irmos para nossos lugares de uma vez.

Ravi não estava no seu lugar de sempre e sim em um do outro lado da sala, provavelmente para me evitar.

Matias senta atrás de mim, encarando com cara feia para o medíocre garoto que bufava.

Cutuco o moreno emburrado. - Pare de se importar com ele. Não faz mais parte da minha vida. Nunca nem fez de verdade. - digo com indiferença.

Ele assentiu e sorriu de canto.

- Seu mentiroso! - sussurrei lembrando da mentira que tinha inventado a pouco para a professora.

- Não é mentir, é omitir, lembra? - se refere a o que disse no dia que matamos aula.

Um bilhete pousa em minha mesa.
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Alone Por Alone Where stories live. Discover now