12. Vingança e consequências

29 9 63
                                    

Saímos da sala. Ele não desviava o olhar do chão, não sei se de vergonha por termos sido descobertos matando aula, pelo motivo que as pessoas estavam pensando que tínhamos feito aquilo, ou por simplesmente não querer olhar para mim.

- Eu vou beber um pouco de água, tá? - ele disse. Ao menos seu tom de pele não estava mais tão empalidecido.

Peguei seu braço antes que fosse e fiz com que olhasse para mim.

- Você está bravo comigo? - Por que uma simples palavra era tão difícil de dizer? - Desculpa - pedir perdão era algo meio sobrenatural para mim. Não costumava acontecer.

- Eu não estou bravo. Eu topei, eu entrei nessa porque eu simplesmente não consigo dizer não para você.

O olhei sem entender direito o que aquilo queria dizer.

- Ham... Tá. Vá logo beber água - Sorri de canto -, e bem vindo ao clube dos alunos maus.

Ele já estava a uma certa distância, mas pude ouvir sua risada leve.

Eu estava acendendo meu cigarro, quando vi Bela entrando no banheiro.

Entrei com um chute na porta, mas me surpreendi ao ver que parecia não haver ninguém, apenas o barulho de minha bota andando pelo chão.

- Olha só, quem resolveu aparecer! - ela disse, abrindo uma das cabines. - Eu sabia que você viria. Tão previsível...

- Cale a merda da boca. - falei um pouco mais alto do que necessário. - Você pode me odiar o quanto quiser, mas o Matias não tinha nada a ver com a nossa briga.

Ela riu, pouco se importando. - O que eu tenho a ver com isso? Engraçado que você tentou me prejudicar e acabou sendo a prejudicada no final.

- Você está mexendo com a pessoa errada, Bela. - puxei seu braço, a fazendo quase cair. - Você tem certeza de que quer ver a minha pior versão?

- Você não me assusta. - tentou soltar seu braço da minha mão e me dar um soco, mas eu segurei seu pulso, e o virei, torcendo para trás e provavelmente a fazendo sentir muita dor.

- Será que não mesmo? A julgar pela sua cara de medo, eu diria que assusto sim. - a joguei em uma parede que havia perto e ela caiu por fim. - Prepare-se, eu farei da sua vida um verdadeiro inferno. Você vai se arrepender de ter entrado em meu caminho.

Virei as costas e saí do banheiro, dando de cara com o Matias, que estava do outro lado da porta.

- Matias? O que você faz aqui? O bebedouro é do outro lado.

Ele estava sério. Bem diferente do normal. - Eu ouvi gritos vindos do banheiro, a escola inteira escutou. - olhei em volta e vi que tinhamos platéia.

- Você estava ouvindo a minha conversa então? - perguntei sentindo um pouco de constrangimento. Eu acho que ele ainda não havia conhecido esse meu lado.

- Ah, você quer dizer a parte em que você ameaçou ela diversas vezes? Sim, todo mundo ouviu. - ele parou um pouco e me olhou de um jeito que me incomodou, por algum motivo. - Eu não... Eu não pensava que você fosse assim.

- Assim como? - ele não ia começar com drama agora, certo?

- Eu não sabia que você ameaçava as pessoas dessa maneira. Eu pensei que você fosse diferente de como as pessoas te descrevem. Eu pensei que você fosse... especial. Mas eu me enganei, pelo jeito. Você é tudo aquilo que eles dizem. Sem coração, desalmada, fria, amedrontadora. Eu não queria que fosse assim, mas eu não posso ser amigo de alguém que faz essas coisas.

- O quê? Você vai começar com isso agora? Vai dizer que não fazia ideia do que eu era capaz? Dizer que nunca esperaria que eu jogasse alguém no chão?

Alone Por Alone Where stories live. Discover now