29. Rebeldes e um carro vermelho

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Saímos de fininho para minha mãe não notar, uma vez que eu já tinha deixado a TV ligada por esse motivo.

- Então quer dizer que o garoto certinho, até então bonzinho, tem seu lado rebelde? - indaguei pra ele já no caminho.

- Eu não sou só os esteriótipos que você e o resto das pessoas pensam de mim.

- E o que você acha que eu penso de você? - provoquei, sorrindo com os caninos.

- Bom, você me acha inocente, ingênuo, trouxa eu tenho certeza e nerd. - foi contando nos dedos.

- Na verdade, eu sempre achei que você tivesse algo mais... Você não é superficial, e é por isso que eu sempre fui com a sua cara.

- Alone Kendaw Nicols elogiando um mortal como eu?! - ele brincou, bagunçado meu cabelo.

Revirei os olhos - Eu odeio quando você é irônico - falei, o empurrando de brincadeira. -, e aliás, eu não te acho trouxa. Bem pelo contrário...

- Obrigada pelo "elogio". - me olhou como se perguntasse se aquilo era um elogio mesmo.

Torci a boca, disfarçando um sorriso, ele era tão...

[...]

Quando chegamos vi que a pista realmente estava quase seca. Fui correndo até o carro. Já fazia tanto tempo que eu não ia naquele lugar, que estava morrendo de saudades! Nem tive tempo de fazer um check-up antes de dirigi-lo.

- Você teve a melhor ideia do mundo, Willians! - gritei, enquanto acelerava o carro.

- Não é melhor você revisar o carro antes de dirigir, Ale? - ele gritou de volta, antes que eu estivesse longe.

- O que pode acontecer? Em todos os anos que eu venho aqui, esse carro nunca deu problema.

Ele não pareceu muito feliz com a minha resposta, mas não disse nada.

Após pouco tempo, percebi que o carro não estava como sempre. Ele estava estranho e completamente desregulado!

- Deve ser por estar guardado por muito tempo. Perdeu a forma! - berrei em uma tentativa de diálogo com o veículo.

Ri da minha própria bobeira e acelerei. Eu estava quase dando uma volta completa. Meu sistema era: Primeira volta para me preparar, segunda: acelerar!

Foi o que fiz. Mas quando estava quase chegando na metade de novo percebi que estávamos um pouco rápido demais, eu nunca tinha chegado naquela velocidade. Ao mesmo tempo que era libertador e emocionante, foi estranho quando tirei o pé do acelerador e e ele continuou a aumentar a velocidade.

Ah não! Em todos os anos de corrida, meu carro foi inventar de dar problema bem agora e nessa velocidade?!

Antes que eu pudesse pensar em fazer alguma coisa, percebi que naquele lado da pista havia água empoçada e que provavelmente o carro escorregaria.

Tentei gritar para o Matias, mas assim que tirei o rosto do volante, não vi mais nada.

Dez segundos depois eu senti uma mão levantar o meu pescoço. Abri os olhos com um pouco de dificuldade e vi o Matias com uma cara de preocupado que dava até medo!

Porque ele estava com aquela cara? Aliás, o que estava acontecendo? E porque minha boca estava com um gosto de sangue tão forte?

Olhei para o meu corpo que estava encharcado de sangue.

- Ale, p-por que você acelerou? Você não pode ultrapassar uma velocidade que você não consegue controlar! Alone, por que você fez isso? - sua voz parecia firme, mas em certos momentos vacilava: - Você está bem? - os olhos dele se enchiam cada vez mais, seria culpa?

- Ah, claro Matias! Eu acelerei porque eu quis, mesmo sendo especialista eu não sabia que passar de 250km/h era perigoso! - fui sarcástica. Tentei me mexer mas foi então que comecei a sentir dor, até então eu estava completamente estagnada em sentido a dor.

Olhei para cima de novo e vi que o Matias estava com um telefone na mão - Está ligando para quem?

- Ambulância, oras! Você está ensanguentada. - ele esperou um pouco e depois de explicar onde estávamos ele desligou, pálido. Murmurando algo como: - Meu Deus, a culpa foi minha! A culpa foi toda minha! - andava em círculos como um idiota.

- Você não vai ligar para minha mãe, vai? - Eu não estava tão mal assim, talvez me mudar de país para que ela não descobrisse fosse suficiente, por hora.

- Claro que eu vou. - ele me olhou como se eu tivesse algum problema ou algo do tipo.

Tentei me levantar, mas senti muita dor, então gemi.

- O que você está tentando fazer? - ele gritou comigo... Ele nunca havia gritado comigo antes.

Nesse momento recomeçou a chover, tornando tudo ainda mais dramático e complicado.

Me apoiei em uma perna tentando me levantar, mas a dor estava muito grande e o gosto de ferro em minha boca se tornava cada vez mais irritante.

- Eu vou embora! Isso aqui não é nada, é só um cortezinho. - olhei pro sangue que agora estava misturado com a chuva em uma poça no meu pé.

- Não. Você vai ficar aqui e esperar a ambulância. - Ele colocou a mão na minha cintura e quando tirou ela estava cheia de sangue. - Você está ferida, Alone. Eu não vou te deixar ir a lugar algum assim. - ele parecia mais assustado do que eu, poderia belamente ter feito aquilo só para jogar na minha cara o quanto eu precisava de um médico, mas analisava a própria mão com terror e preocupação.

Fechei os olhos. Eu estava tão sonolenta que meus pensamentos começaram a se misturar de uma maneira que eu não conseguia distinguir o que era sonho e realidade, ou se tudo isso era só um pesadelo ruim.

- Vá embora! Me deixe sangrar... até morrer. - murmurei baixinho voltando a deitar no chão.

- Você só pode estar delirando se acha que eu vou te deixar morrer. - a sobrancelha dele franzia.

Fechei os olhos. - Eu ainda tenho algum motivo para viver? Hein?

- Que tal eu? - ele falou baixinho, me fazendo estremecer, por alguma razão.

Nessa hora a ambulância chegou. Eu estava com tanto sono - por algum motivo que eu não sabia distinguir - que sem nem perceber, dormi.

Mas assim que os paramédicos me colocaram na maca, eles me acordaram e disseram que era para eu me manter desperta.

A dor começou a aumentar e depois deles fazerem os exames, me deram uma anestesia e um relaxante muscular para que eu dormisse e quando acordei, horas já haviam se passado e eu estava em um quarto de hospital.

Alone Por Alone Where stories live. Discover now