28. Todas as suas meiguices

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- Matias, relaxa. - eu havia acabado de tomar um banho e estava com meu pijama cinza, preparada para passar a tarde toda vendo coisas aleatórias na televisão. Mas o Matias estava me ligando pela terceira vez, perguntando se eu estava bem e implorando por desculpas. Depois que ele me colocou num Uber e me levou para casa, eu acordei com ele conversando com um médico pelo telefone.

Não podia negar que a visão dele naquele ângulo não era nada mal, ressaltava seu maxilar e o brilho do seu cabelo com o sol batendo na janela.

Depois de eu garantir que estava bem e falar que eu precisava tomar um banho, ele foi embora, achei que finalmente teria um pouco de paz, mas menos de uma hora depois ele já estava me ligando.

Eu nem sei bem o porquê de ele estar se sentindo tão culpado. Eu passei mal, mas foi uma escolha minha entrar naquele ônibus. Ele não tinha que me pedir desculpas por nada. E foi isso que expliquei pra ele.

- Mas eu não devia ter te incentivado e pressionado a fazer aquilo se você não se sentia bem e...

- Matias! - gritei no ouvido dele e tenho quase certeza que o deixei surdo. - Eu não estou brava com você. - falei pausadamente. - Agora me deixa em paz pra mim assistir minha série!

- Sério? Não tá mesmo? - perguntou.

- Não, mas se você continuar perguntando a cada três minutos se eu estou bem, eu vou ficar! - garanti.

- Ok, vou te deixar em paz... - percebi que ele havia ficado meio ofendido, então resolvi mudar de assunto:

- Ei, quer vir aqui em casa assistir séries comigo? - indaguei, quase inaudível.

- Você está diferente, o que está armando?

- Nada. É que agora minha mãe trabalha em casa metade da semana e eu tô entediada aqui, já que ela não me deixou ir pro autódromo hoje por ter chovido mais cedo. - expliquei, para ele não ficar convencido. - Ela só não estava na hora que eu passei mal porque havia ido no mercado.

- Ah, então eu sou a segunda opção já que você não pode ir no autódromo?

- Vem logo, Wilians. Eu não vou implorar hein! - ameacei, sem conseguir segurar a risada. - E se eu fosse para o autódromo provavelmente teria te convidado para ir também. - e desliguei em seguida, antes que ele pudesse responder.

- Bobo - falei pra mim mesma, enquanto trocava de canal pela milésima vez.

- Falando sozinha filha? - minha mãe saiu do escritório improvisado dela, abafando um risinho.

- O Matias vai vir aqui. - ignorei a pergunta dela.

Ela sorriu de canto daquele jeito que sempre fazia quando eu falava o nome dele e que me irritava mais que tudo. - Não começa mãe.

- Eu não disse nada - Ela pegou uma maçã verde e voltando pro escritório terminou: - Você não vai trocar de roupa?

Olhei para mim mesma e lembrei que estava de pijama. Apesar da preguiça, agradeci mentalmente por ela ter me lembrado disso.

Vesti uma blusa preta, caída em um dos ombros, e ao invés da calça larga do pijama cinza, coloquei uma outra legging escura e só uma meia nos pés.

[...]

Ouvi a campainha tocar. - Entra. - gritei do sofá.

Ele abriu a porta meio sem jeito. - Não precisa tocar a campainha, eu já estou acostumada com você.

Ele veio e sentou do meu lado no sofá, me cumprimentou com um beijo na bochecha. E sorriu. - Obrigado pelo convite.

Dei de ombros. - Melhores amigos são para isso.

Ele riu. - O que vamos assistir?

- Não sei, estou meio em dúvida. Enjoei da série. - entreguei o controle para ele. - Escolhe você.

- Ei, Ale - ele colocou a mecha que estava caindo no meu rosto atrás da minha orelha. - A gente vai dar um jeito de você ir nessa viagem, tá?

Balancei a cabeça. - Eu não quero falar disso agora. Quero passar a tarde com o meu amigo, me divertindo. - Dei um tapa de brincadeira no peitoral dele.

Depois de um tempo ele começou a sorrir pro nada e eu fiquei confusa.

- O que foi? Perdeu a sanidade? - comecei a rir também, inconcientemente.

- Será que a pista já secou? - me olhou e eu sorri ainda mais.

Alone Por Alone Where stories live. Discover now