23. Grandes surpresas...

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Cheguei em casa quando já estava a noite, depois de ter passado um bom tempo conversando com o Matias no carro. Se fosse uma emergência era mais fácil a dona Nadine chamar uma ambulância, porque ele não estava com a menor pressa de me deixar entrar.

Nós viémos o caminho todo conversando sobre música e os nossos gêneros favoritos. Ele é do tipo que escuta pop nacional e internacional, os mais famosos e que combinavam completamente com ele. Já eu amo a maioria das músicas de rock. Acho que combina comigo pois assim que disse isso ele falou que já esperava e que era a coisa mais óbvia do mundo.

Entrei em casa ouvindo uma dessas músicas na minha playlist e acendendo um cigarro, quando me deparo com minha mãe fazendo algo bem cheiroso na cozinha.

- Oi? - fiquei meio sem reação. Não era pra ela estar lá no fim do mundo com mala e tudo na tal viagem de trabalho?

- Ah, olá filha. Onde estava? - Ok, eu esperava uma explicação, quem deve respostas aqui é ela.

- Eu que te pergunto, o que faz aqui?

- Eu desisti da viagem. Acho que eu tenho coisas mais importantes para fazer, como ficar com a minha filha. - ela me analisou soltar a fumaça por um tempo. - Eu não sabia que você fumava. Esse é um péssimo vício, se pudesse voltar a minha juventude... nunca teria aceitado aquele cigarro.

Olhei para ela esperando o real motivo de sua presença, até perceber que ela estava falando sério. - Ah, é verdade? - perguntei, ignorando sua história emocionante.

- Claro que é!

- Mas eles não ficaram bravos com você? - Apaguei a ponta do cigarro num cinzero.

- Na verdade eles disseram que eu estava merecendo um descanso, então me liberaram mais cedo. Eu só volto amanhã de manhã.

Peguei uma maçã, mas ela tirou da minha mão.

- Devolve! - Tentei pegar de volta.

- Não vou, se não você não vai jantar a comida especial que estou preparando.

Dei de ombros e subi as escadas. Quando estava quase terminando ouvi a voz dela de novo.

- Você não me respondeu, mocinha. Onde estava a essa hora? - arqueava as sobrancelhas, me observando.

- Com o Matias.

Ela sorriu de canto.

- Não é o que você está pensando. Nós não estávamos namorando. - Revirei os olhos.

- Eu não estou dizendo nada... Você está concluindo isso porque quer. - respondeu em tom jocoso.

- Ai mãe, para de me encher. Que saco! - falei, impaciente.

- Ok, eu nunca estive aqui. - Levantou os braços como se fosse inocente.

Virei e continuei indo para o meu quarto. Eu queria tomar um banho quente e pensar um pouco sobre tudo que aconteceu em menos de 24 horas. Não foi um dia comum, mas com certeza um dos melhores...

Às vezes o Matias me lembrava meu pai... eles eram tão parecidos, esse jeito doce e ainda a covinha... meu pai tinha covinhas como as dele; eu não cansava de me impressionar com o quanto eles se pareciam.

Eu achei que nunca mais sentiria esse sentimento bom de quando eu estava perto do meu pai, mas agora, magicamente, eu sinto isso de novo, é como se a vida não fosse mais tão dura assim. Como se estivesse me dando uma segunda chance para sentir essa doçura de novo... E eu não queria perder, não mais uma vez.

- Vê se não demora nesse banho cantando músicas de amor hein... - minha mãe gritou quando me ouviu entrar no banho.

- Era melhor se você tivesse ido pra essa viagem... - esbravejei de dentro do banheiro.

Alone Por Alone Where stories live. Discover now