Cinquenta e um

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Toni esfregou o rosto ainda deitado, tentando afastar a preguiça e estranhou a ausência da perna do marido que, costumeiramente, estava entre as suas pela manhã. Afinal, era a "conchinha" de fora quando deitavam, mas era sempre a de dentro quando acordavam.

Virou na cama, deitando de costas para ver se estava tudo bem por puro costume. Ao contrário do habitual, o músico estava nu e totalmente descoberto, certamente devido a embriaguez. O sono pesado não permitiu que se incomodasse com o frio da madrugada. O corpo ainda impregnado com cheio forte de bebida, sexo e nicotina, fazia com que o homem realmente precisasse de um banho com urgência e o cabelo predominantemente loiro estava muito desalinhado, como um ninho de passarinho.

Toni jogou o lençol que cobria parcialmente seu corpo para o lado, derrubando o pano no chão, apenas para confirmar o que já sabia. A peça íntima estava abaixada nas suas coxas, deixando suas partes íntimas a mostra.

— Diacho — xingou por impulso.

A lembrança apenas cortou seus pensamentos como um tiro, direto no seu orgulho. Parecia inacreditável que Samuel o tenha feito usar aquela maldita coisa até o fim.

Ainda sonolento levantou pronto para limpar a bagunça grudenta no seu corpo. A água morna relaxou seus músculos e o despertou, o fazendo consciente dos efeitos da noite.

Sua orelha direita estava latejando e  havia também aquela sensação estranha no fim da coluna que chamava sua atenção para os fatos. No entanto, antes que pudesse se perder na loucura eufórica que ameaçava acelerar seus batimentos, a dor ardida que o atingiu quando ensaboou o pênis o fez xingar e apertar os dentes.

Já estava embaixo do chuveiro ligado há algum tempo, tentando lidar com aqueles pequenos desconfortos, quando a sensação estranha na sua coluna virou uma pontada dolorida e sentiu o volume quente e viscoso  escorrer pelas suas coxas.

Encostou a testa na parede fria, fechando os olhos, o coração já batia forte e a mente inebriada de lembranças.

Samuel sempre teve um "pau babão".

Desde que podia se lembrar, o marido ejaculava em grande quantidade. Certamente isso estava relacionado a produção de esperma e a polução noturna que o perseguia na vida adulta. Não tinha como ter certeza, não era médico ou algo assim, mas o fato é que graças a isso limpar a bagunça que estava seu corpo não foi tão simples como deveria ser.

Quando finalmente terminou o banho e voltou para o quarto, ficou parado encarando a cama, ou melhor, encarando o homem dormindo na cama.

Honestamente, não tinha a mínima ideia do que deveria fazer quando o marido acordasse e lhe encarasse com aqueles olhos castanhos amarelados que tanto adorava. Apostava um rim seu como o músico ficaria arredio e atordoado, talvez até magoado.

Pelos céus! O homem estava bêbado, não que não estivesse também, mas simplesmente se aproveitou disso para, literalmente, montar em cima dele. Xingando-se por isso, esfregou o rosto e enfiou os dedos no cabelo molhado, empurrando para trás, deu alguns passos perdidos pelo quarto. A mente borbulhando com todos os tipos de pensamentos sobre a noite anterior.

Vestir a maldita jokstrap foi uma brincadeira idiota, mas o modo como o homem reagiu, derrubando a garrafa de whisky e se atrapalhando todo, o jeito que tentou evitar ver o seu corpo e quando olhou, teve aquela expressão vidrada. Ele foi tão honesto e real, não tinha a mínima chance de resistir a isso. Por fim, abaixou as mãos e se jogou na poltrona, roubando mais uma olhada na direção da cama antes de começar a se recriminar por ter cedido a uma desejo que vinha suprimindo há anos.

Samuel bêbado era diferente de tudo que estava acostumado a lidar. Ele era provocador, dizia coisas pervertidas com a voz arrastada pela embriaguez que jamais diria estando sóbrio, houve um pouco de manipulação também, algo no jeito que ele impedia que tirasse a roupa íntima.

Segredo de FamíliaWhere stories live. Discover now