Capítulo Vinte e Seis

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A mesa do almoço não era um exemplo de requinte e bom gosto, mas era de fartura. As travessas de vidro estavam tão cheias que o aroma delicioso se espalhava pela vizinhança, por isso não era estranho que algum vizinho aparecesse por ali. Magnólia gostava disso, de ter as pessoas por perto e acreditava que essas reuniões de fim de semana fortalecia a união entre os parentes e amigos.

Foi por essa razão que logo cedo, pela manhã ela pediu a César para trazer o namorado e o filho dele para participarem do almoço. A princípio o enfermeiro ficou um pouco resistente, mas não havia um motivo razoável para que negasse, então depois de ajudar a colocar a mesa para fora e carregar as cadeiras do deposito, saiu para pegar os rapazes.

Toni foi encarregado de comprar qualquer coisa que estivesse faltando, e  a medida que a manhã avançava, Samuel ainda estava as voltas na cozinha.

O almoço da família tinha um cardápio diversificado dessa vez. Samuel fez a Damurida, dois tipos diferentes de salada, um pudim de leite enorme e creme de manga rosa. Colocou as meninas para arrumarem a mesa, apenas para que ficassem ocupadas, ligou para o primo, exigindo a presença dele no almoço e precisou ser incisivo dessa vez. Ainda estava falando com Otávio pelo smartphone preso entre o ombro e a cabeça enquanto carregava o refratário de vidro cheio de macarrão e molho de atum quente.

Luz surgiu como um foguete pelo corredor, falando pelos cotovelos e o músico precisou erguer o refratário para não derrubar a comida em cima da menina.

— Samuel faz uma trança em mim! Daqueles enraizadas!

— Espere só  um pouco querida, por favor... — pediu, já voltando a falar com Otávio enquanto retomava o caminho — Elas são suas filhas também! Pelo amor de Deus!

— Mas já tá quase todo mundo aqui! Por favor! Eu não quero que ninguém me veja desse jeito! — suplicou,  apontando dramaticamente para os cabelos revoltados e fora de controle.

Samuel suspirou ao encará-la e avaliar o desafio que tinha pela frente. 

— Lavou o cabelo de novo?

— Tive que lavar! Estava tão duro de gordura que nem se mexia mais, parecia mais um capacete!

— Não Otávio, eu estou falando com a Luz, mas de qualquer forma você vai ter que vir.

— Samuel! Por favor! — implorou.

— Ei tio! A Carmen quer tirar uma foto da mesa, mas tá faltando o macarrão — anunciou Lucas  aparecendo rapidamente no fim do corredor que levava para a varanda de trás.

Samuel acenou afirmativamente para o cunhado e voltou a dar atenção ao primo rapidamente. 

— Eu estou tentando te ajudar primo, acredite em mim quando digo que você está  negligenciando as duas.

Se calou em seguida, ouvindo qualquer coisa que Otávio dizia enquanto Luz bufou, cruzou os braços e começou a bater o pé, conformada em esperar.

Como se fosse conspiração do destino, Toni chegou da rua com os refrigerantes nesse momento e veio lhe dar um beijo rápido nos lábios.

Calmamente encerrou a ligação, a testa ligeiramente franzida em preocupação, guardou o smartphone no bolso da calça jeans.

— Tudo bem? — questionou Toni  soando cauteloso.

— Otávio está um pouco perdido — respondeu escaparam e forma quase impercetível.

De repente Luz estava estalando dedos na sua frente, daquele jeito afrontoso característico da Franco mais nova.

— Ei! Tô aqui ainda sabia?!

— Certo, desculpe, desculpe, eu vou fazer sua trança, mas preciso terminar de colocar os pratos na mesa.

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