REFÉM | LIVRO 3 DA SÉRIE: EU DEPOIS DE VOCÊ

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Não negue, apareça. Seja forte porque é
preciso coragem para se arriscar num futuro
incerto. Não posso esperar, tenho tudo
pronto dentro de mim e uma alma que só
sabe viver presentes. Sem esperas, sem
amarras, sem receios, sem cobertas, sem
sentido, sem passados.

Escrito por | Caio Fernando

FELIPE

O olhar do meu pai sempre foi muito intimidador e já me retrai anos atrás, hoje em dia não mais. Ele desviou o olhar para o escritório e passou na minha frente, segui teus passos e entramos na sala que agora era de nós dois.

Alberto: Está fodendo com a novinha Lara né? — um sorriso sarcástico se formou em seus lábios e engoli seco.

Felipe: O que você precisa? — perguntei com calma, respirei fundo para não passar dos limites com ele.

Alberto: Responde o que te perguntei filho! — ele sentou na cadeira sem tirar os olhos de mim e suspirei, um sorriso irritado se formou em meus lábios e andei pela sala.

Felipe: Ajudo ela nos treinos, será que até isso não posso fazer? Na nossa própria academia?

Alberto: Conheço bem sorrisinhos no rosto de mulheres como ela, mas enfim não vim aqui pra isso.

Felipe: De mulheres como ela? Você não muda esse jeito de julgar as pessoas sem ao menos conhecer né? — neguei com a cabeça — Fala o que te trouxe aqui?

Alberto: Preciso que você negocie um frete com os Bottini's pra mim.

Meu pai nunca teve muitos rodeios, ele sempre foi direto ao ponto e direto até demais. Já deixou muita gente constrangida na minha frente ou na de qualquer pessoa, ele só olha para o próprio umbigo e sempre foi assim. Mas pelo pouco que conheço dos Bottini 's eles sempre foram corretos mesmo fazendo coisas erradas, nunca deram abertura para o meu pai e o que os mantém em paz é a organização acima de todos eles.

Felipe: Porque precisa de mim?

Alberto: Porque eles precisam ver que não estou sozinho, que tenho meu primogênito para tomar conta de tudo no dia em que eu não estiver mais aqui.

Felipe: Uau! — respirei fundo e estudei o rosto dele por alguns segundos — Você não precisa de mim pai pra nada e você já deixou bem claro isso.

Alberto: Mas preciso, a vida não é tão simples filho. — ele me olhou nos olhos — Sei que logo não estarei mais aqui e bom, pra que construí um império para não deixar pra ninguém?

Felipe: Conta outra pai! — ele levantou irritado.

Alberto: Estou falando sério Felipe!

Felipe: Eu também pai! — respondi no mesmo tom — Não me meta nos seus b.o e servicinhos sujos, não me interessa.

Alberto: Servicinho sujo que você usa e abusa do dinheiro, né? — o tom sarcástico em sua voz me fez suspirar de raiva.

Felipe: Acabamos por aqui? preciso treinar.

Alberto: Abaixa o nariz Felipe, e cuidado porque a queda pode ser bem feia.

Felipe: Não me espanto com ameaças vindo de você! — fixei meu olhar no dele e saí da sala indo direto para a área de musculação, precisava extravasar.

Malhei e finalizei na esteira até a academia fechar, peguei meu carro e coloquei 3030 que era de lei, é uma vibe de música que me deixa muito zen principalmente nesses dias de estresse. Estava próximo de casa quando enviei a primeira mensagem para Lara e ela respondeu rapidamente e sorri quando o nome dela apareceu no visor.

Estacionei na garagem e subi de escada mesmo que dava acesso ao jardim da mansão, no último degrau ouvi alguns gritos vindo da parte de trás, homens do meu pai estavam na entrada com armas na mão e atentos, então com ele estava tudo bem. Segui os gritos e era mais uma cena bizarra do meu pai batendo em um cara, ele estava todo ensanguentado e não me olhou quando chegou, mal conseguia levantar a cabeça e engoli seco.

Alberto: Olha só o que tenho que fazer já que você! — ele apontou pra mim — Não dá conta das coisas que eu te peço, já que você. — ele gritou extremamente nervoso e fora de si — Não quer aceitar a porra do seu destino, é isso que acontece, é isso que eu sou obrigado a fazer.

Ele pegou a arma que estava na sua cintura e apontou para o homem que nesta altura do campeonato já deveria estar se sentindo morto, ele continuou de cabeça baixa e um dos homens do meu pai foi até ele levantando sua cabeça com brutalidade e ele me olhou, engoliu seco e foi possível ouvir.

Felipe: Pra que isso? — perguntei tentando manter a serenidade mas era difícil.

Meu pai não respondeu, ele destravou a arma e atirou sem dó nem piedade, um tiro certeiro na testa daquele homem que cuja a história não fazia idéia, meus olhos seguiram o corpo dele caindo no chão e desviei para o meu pai que me olhava com um sorrisinho no rosto.

Alberto: Isso acontece quando o serviço não é bem feito, e quando a pessoa é debochada igual esse lixo.

Não respondi, não tinha nem o que responder. Saí rapidamente de lá indo para o meu quarto, tranquei a porta e fui direto para o banho e levei o celular comigo. Fechei os olhos enquanto a água caia pela minha cabeça até os meus pés, a cena dele caindo no chão todo machucado e com um tiro no meio da testa estava gravado em mim e ficaria marcado pra sempre.

Peguei meu celular e escrevi pra Lara.

"O melhor elogio de todos os tempos flor" — demorou para responder e claro que ela dormiu, já estava tão tarde.

"Desculpa a demora, espero te ver amanhã e sábado quero te levar pra um lugar se você topar, claro".

. . .

Olá meus amores tem post novo, desculpe a demora.

No capítulo de hoje o pai do Felipe citou os Bottini 's, quem lembra dessa família?
Confesso que sinto muito saudade das outras histórias 🥺