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FELIPE

Eu estava me sentindo um merda, voltei pra casa com tanta raiva de tudo o que havia acontecido e das coisas ruins que a minha família já me fez viver. Voltei para casa e bebi ainda mais.

Estava sentado na poltrona do meu pai com uma garrafa de whisky pela metade na mão, meu olhar estava completamente perdido e eu já havia cansado de ligar para o meu pai e ele simplesmente recusar todas as ligações.

Enquanto olhava para o nada uma lembrança da minha infância me pegou de jeito, e parecia tão real, parecia algo que havia acontecido ontem e estava fresco na minha memória.

"Meu pai havia chegado de madrugada, Anajú era um bebê e minha mãe ainda estava sensível pela gravidez conturbada que ela teve, eu tinha apenas 6 anos mas lembro do quanto a minha mãe sofreu quando engravidou pela segunda vez.

Emma: Alberto isso não são horas

Pude ouvi-la falar lá do meu quarto, antes de vir para o Brasil moramos na Sicília até a minha mãe sumir pra sempre.

Anajú estava num sono tão profundo no seu quarto, e eu ao lado do berço agachado com medo dele entrar e fazer qualquer coisa.

Alberto: Quem é você para falar sobre a hora que eu chego porra?-meu pai esbravejou, isso era constante desde que eu me entendo por gente-

Emma: Sua filha está dormindo, foi difícil para ela pegar no sono então por favor -minha mãe falou baixinho como se isso fosse incentivá-lo a falar baixo mas foi em vão-

Alberto: Será que a menina é realmente minha filha? Você nem queria viver um casamento comigo Emma, então não fode porra -ele gritou mais uma vez e continuei ao lado do pequeno berço olhando fixo para a minha irmã-

Emma: Você cisma com isso, você transfere toda a sua insegurança pra mim e eu não tenho nada haver com isso -pela primeira vez pude ver a minha mãe reagindo e respondendo a altura, mas foi a pior escolha, meu pai não admitia isso-

Alberto: Você está na minha casa, no meu território, aqui não é a porra da França -ele gritou, gritou ainda mais alto e pude ouvir um tapa em seguida o grito da minha mãe e respirei fundo-

Anajú chorou, um choro ardido como se ela sentisse o que a minha mãe sentia. Tirei ela do berço como mamãe havia me ensinado e aninhei ela em meus braços, seus olhos claros me procuraram e fiz uma careta que a fez sorrir até minha mãe entrar no quarto, seus lábios estavam cortado e com sangue, seus olhos vermelhos de tanto chorar e mesmo assim ela sorriu pra mim.

Emma: desculpa filho -falou baixinho pra ele não ouvir e pegou Anajú do meu colo e ele entrou em seguida, lembro que me escondi atrás das pernas da minha mãe e envolvi meus braços em sua coxa-

Alberto: Felipe -ele falou alto e em bom tom, meu corpo estremeceu- Felipe...

Felipe...

Felipe..."

Abri meus olhos e ele estava ali na minha frente, meu pai em carne e osso com a cara mais infeliz do mundo, ele passou os olhos pela sua sala que eu havia feito uma leve bagunça, sua mesa então nem se fale.

Alberto: Que merda aconteceu aqui?

Felipe: Cadê a minha mãe? -ele observou meu rosto por alguns segundos, certeza que procurava alguma resposta, eu sabia que o pior tinha acontecido-

Alberto: Ela abandonou vocês há tantos anos e ainda pergunta?

Felipe: Eu sei que você fez algo -falei baixo e apertei o braço da poltrona, o sol já invadia a sala dele então eu havia dormido por bastante tempo, merda de whisky-

Alberto: Você não aprendeu a viver sem ela? Se não se acostumou ainda é melhor você se acostumar, porque ontem foi a última vez que falou com a sua mãe.

Felipe: Que merda você está falando? -levantei e respirei fundo, meu peito subia e descia conforme puxada o ar e 2 seguranças dele entrou na sala na mesma hora e meu pai riu baixo-

Alberto: Relaxem, ele não terá coragem de mover um dedo contra mim. -ele continuou me olhando e tocou meu braço- Somos família Felipe, você me deve respeito e a partir de agora não temos mais nenhum vínculo com a Máfia Francesa.

Felipe: Estou sacrificando a minha vida -falei baixo e neguei com a cabeça- o que ela quis dizer com isso?

Alberto: Essa foi uma das maiores declaração de amor que eu já pude fazer pela sua mãe, então vire a página, você é um Agostini porra, vira a página -ele falou alto- e a sua irmã não vai saber disso -falou e saiu da sua sala me deixando lá sozinho, outra vez e como sempre-

Tinha algo diferente nele, estava sombrio até demais e perdido em seus pensamentos, o sorriso não era mais tão sarcástico. Subi para meu quarto e tomei um banho demorado, eu não poderia ir para a França, eu não tinha nenhum contato de nenhum parente porque meu pai não deixava.

Fiz uma pequena mala e coloquei no meu carro, acelerei para o lugar que seria o meu refúgio pelos próximos dias: Maresias. 

REFÉM | LIVRO 3 DA SÉRIE: EU DEPOIS DE VOCÊOnde as histórias ganham vida. Descobre agora