Todo mundo já teve uma pessoa que tem o poder de te levar do céu ao inferno em questão de segundos. Aquela pessoa que você tenta se manter afastado, porém o destino os uniu por uma única razão, e o difícil é fugir do destino, é traçar o seu próprio...
O dia de hoje ficaria marcado, sozinha no meu quarto fazendo as minhas malas para ir pra onde eu não sei. As minhas economias não seriam o suficiente, e eu pediria as contas então zero chances de ter uma boa rescisão.
Acordei bem cedinho e chamei um uber para me ajudar a levar todas as minhas coisas, ainda estava perdida e não sabia o que fazer, a minha única certeza era não ligar para os meus pais. Não iria meter eles nisso, não era justo.
Jô não estava para eu me despedir e eu entendia bem, eu era complicada demais e uma bagunça para fazer parte da pensão dela e eu entendia isso. O uber chegou e abriu o porta malas onde coloquei 3 malas e 2 de mão, consegui fazer tudo caber nas malas. Ele parou o carro no estacionamento da academia e desci, havia combinado dele me esperar e de lá, bom.. eu não havia pensado nisso ainda.
Entrei na academia me sentindo envergonhada, os olhares eram algo nítido e os sorrisinhos de algumas pessoas também. Havia uma outra pessoa na recepção que eu não conseguia nem notar quem era, estava completamente desnorteada e com vergonha. Cheguei até a sala de Felipe mas para a minha surpresa quem abriu era Anajú.
Anajú: Lara, Felipe disse mesmo que você viria -engoli seco, seu olhar de pena fez meu coração bater acelerado-
Lara: Preciso entregar a minha carta, e é até melhor que ele não esteja aqui.
Anajú: Eu entendo querida -ela deu um passo me deixando passar e fechou a porta atrás da gente- sinto muito pelo o que aconteceu, não é a primeira vez que Felipe passa por uma situação dessa de vazar vídeos, e enfim... -suspirei-
Lara: Uau -ri baixo e afirmei com a cabeça- preciso assinar alguma coisa? eu realmente preciso ir.
Anajú: Para onde você vai Lara?
Lara: A verdade? -ela afirmou com a cabeça- eu não sei, estou sem rumo, pensei a noite toda mas foi a mesma coisa que nada.
Anajú: Quero que entre em contato com uma conhecida minha -ela estava mexendo em algo no seu celular- o nome dela é Thamara, ela trabalha em uma boate com dança e como você gosta acho que pode te ajudar.
Lara: Ele não consegue me encontrar lá, né?
Anajú: Não, ele não conhece ela. Thamara é uma amiga da vida, conheci em umas noitadas doida -ela riu baixo- ela é de confiança, vou avisar que vai entrar em contato, compartilhei com você.
Lara: Obrigada Ana, eu não sei nem como te agradecer.
Anajú: Só dê a volta por cima, e obrigada pelo tempo que ficou aqui na Ferrari, você foi bem importante pra todos nós.
Apenas assenti, não tinha nem o que falar. Passei no vestiário para pegar algumas coisas minhas que haviam ficado por lá, e quando fui sair dei de cara com Hugo. Ele abriu um sorriso como quem quisesse me confortar e ele não tem noção do quão grata eu sou pela preocupação dele.
Hugo: Ia embora sem se despedir mocinha?
Lara: Pensei em enviar uma mensagem -abri um sorriso e respirei fundo quando Felipe veio em nossa direção- a gente se vê Hugo.
Hugo: Boa sorte Lara, sabe que quando precisar pode chamar.
Lara: Obrigada -falei baixinho e passei direto por Felipe, o seu cheiro me invadiu e tive que engolir seco e fingir que não o conhecia, fingir que ele era tão importante pra mim-
Voltei rapidamente até onde o uber estava, abri na conversa da Anajú e liguei para a tal Thamara e marcamos de nos encontrar hoje na Avenida Paulista, passei o endereço para o motorista e ele seguiu até lá.
Marcamos em um café qualquer e dispensei o uber, já havia gastado muito com esse trajeto até aqui e eu precisava resolver a minha vida hoje. Estava sentada com todas as malas em uma mesa mais de canto reservada, quando chegou uma mensagem dela dizendo "Cheguei, estou entrando", ela se aproximou, o cabelo ruivo batia no ombro, estava vestindo um vestido midi com um tênis casual e uma bolsa de lado, ela tirou o óculos quando me viu e abriu um sorriso.
Thamara: Oi Lara, sou a Thamara. Prazer -falou ao nos cumprimentarmos-
Lara: Oi Thamara, prazer Lara.
Ela abriu um sorriso e me olhou de cima para baixo como se estivesse me avaliando, e pela sua expressão de feliz era como se tivesse aprovado e senti minhas bochechas corarem e ela riu quando nós nos sentamos.
Thamara: Não precisa ficar tímida, bem que Ana falou que você é o perfil perfeito para a vaga.
Lara: O que seria na verdade? Ela não me falou muito -ela riu mais uma vez e mordeu os lábios sem tirar os olhos de mim-
Thamara: Primeiro de tudo -ela entrelaçou os dedos sem tirar os olhos de mim- temos um salário fixo de R$1.800 fora as gorjetas que você consegue ganhar dos clientes e vou ser bem sincera pra você, são ótimas gorjetas -ela abriu um sorriso safado e passou os dentes pelos seus lábios carnudos com gloss- O que me diz?
Engoli seco e respirei fundo, eu estava completamente perdida. Eu não iria mais conseguir pisar os pés na academia, não tinha cara pra isso e eu precisava me manter longe de Felipe, então pra isso eu precisava estar em outros ares.
Lara: Eu topo!
Thamara: Perfeito -ela abriu um sorriso- vou marcar uma entrevista com a Amanda, ela que cuida das dançarinas, pode ser hoje?
Lara: Claro, pode sim. É, bom... eu só não teria lugar para deixar essas malas.
Thamara: Sem problema, a Amanda ela é o tipo de mãezona -ela sorriu- ela chegou não tem muito tempo na boate e é a nossa gerente master, ela dançava também e agora começou a cuidar da parte mais burocrática, então estamos a procura de alguém para ficar no seu lugar.
Thamara me ajudou carregando uma das malas e fomos em direção à uma Audi preta cromada que brilhava tanto, chegou a doer os olhos. Um homem de terno abriu a porta e entramos. Ela foi contando como funcionava a boate, a dança e eu sentia um misto de sentimentos e um frio na barriga surreal.
Chegamos ao local e era mais do que eu havia imaginado, alguns carros de luxo parado em frente e entramos chegando ao salão principal, algumas meninas estavam no palco treinando, uma moça e um homem na parte de trás do balcão arrumando as garrafas que eram muitas e grande parte eu nem conhecia, mas parecia importada.
Uma loira elegante, linda, usando um scarpin dos sonhos veio caminhando na nossa direção, me olhou com um sorriso no rosto e desviou para Thamara.
Amanda: Oi, você deve ser a Lara. Prazer, Amanda -me cumprimentou com um beijo no rosto e retribui-
Lara: Prazer Amanda, obrigada por me receber.
Amanda: Imagina, vamos até a minha sala para conversarmos -ela desviou para Thamara- Obrigada -falou baixinho e segui até a sua sala-
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