REFÉM | LIVRO 3 DA SÉRIE: EU DEPOIS DE VOCÊ

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FELIPE

Sai do meu escritório com Lara segurando o meu braço, ela me levou até a enorme sala, olhei para o sofá e estava com um lençol.

Felipe: Te acordei né, me desculpa.

Eu estava me sentindo tão perdido, sozinho e completamente na merda. Fui para a capital porque precisava conversar pessoalmente com Ernesto e Gustavo estava com medo de agir, na verdade ele queria tudo muito bem planejado e tem situações em que precisamos agir e é esse o caso. Ele falou que colocaram uma pessoa infiltrada e que estava tudo correndo bem, mas já fazia 1 mês e meio que minha irmã estava com esses merdas.

Aproveitei que estava com o motorista e vim o caminho todo bebendo, era o meu único jeito de aliviar o que estava sentindo. Sem respostas, sem saber se a minha irmã está bem ou não.

Lara: Não tem problema.

Felipe: Você já teve a sensação de que está sozinho? De que não tem ninguém?

Era difícil falar sobre isso, sobre os meus sentimentos, sobre como me sentia em relação a tudo. E no fundo eu sei que ela tem razão, mas não consigo acreditar que minha irmã seria capaz de armar e colocar Lara no meio dessa bagunça toda.

Lara: Já, quase sempre -ela se sentou no sofá e eu fiz o mesmo- De uns 2 anos pra cá isso mudou um pouco por mais louca que seja a minha vida no El Paraíso, as pessoas de lá não me deixam se sentir assim.

Felipe: Quando você entrou na minha vida por um momento eu imaginei que nunca mais me sentiria assim.

Lara: Foi uma escolha sua Felipe -pude vê-la engolindo seco- você me deixou ir embora, aquele vídeo acabou com a minha vida por um tempo na verdade -ela respirou fundo- eu senti vontade de acabar com tudo.

Felipe: Eu não sei como encontraram e...

Lara: Você segue acreditando que a sua irmã é uma vítima nessa história -ela riu e levantou do sofá- vou arrumar aquela bagunça, seria bom você tomar um banho e descansar.

Felipe: Não precisa, o pessoal da faxina vem pela manhã.

Lara: Estou à toa a tanto tempo Felipe, isso vai ocupar a minha cabeça.

Não discuti, me senti a pior pessoa do mundo. Como eu poderia manter Lara assim? Ela não tem culpa, e eu passei tempo demais procurando o culpado. Fui para o meu quarto que ficava perto do dela, entrei no banho e fiquei por um bom tempo, minhas mãos já estavam enrugadas quando desliguei o chuveiro. Me enrolei na toalha e sai, fui até a sacada do meu quarto a vista dali de dia era ainda mais perfeito, e hoje a lua estava demais, estava perdido nos meus pensamentos quando a porta abriu, virei para trás e era Lara.

Lara: Desculpa -ela foi fechar e a chamei-

Felipe: Lara.

Lara: Oi

Felipe: Pode entrar.

Lara: Só para ver se você estava bem -ela estava parada em frente a porta, o seu olhar estava fixo no meu e pude vê-la respirar fundo-

Felipe: É, nada como um bom banho -e mesmo assim eu ainda me sentia bêbado, sensação de merda-

Lara: Você acabou com uma garrafa de whisky, como consegue estar bem? -ela perguntou surpresa e ri baixo afirmando com a cabeça e comecei a andar até ela-

Felipe: Anos bebendo, deve ser por isso mas calma -fiz pare com a mão e ela riu baixo afirmando com a cabeça- não sou nenhum alcoólatra, é só um jeito de fugir do problemas.

Lara: Entendo, acho que a minha bebida é a academia mesmo -ela riu baixo e eu sorri, senti falta da sua risada descontraída-

Felipe: Isso é bom, não é prejudicial à saúde.

Lara: Concordo -ela afirmou ainda sorrindo- eu vou descansar, se precisar de algo me chama tá?

Felipe: Não quer ficar mesmo? Está tão fresco aqui na varanda e...

Lara: Melhor não, esse quarto traz muitas lembranças -ela negou com a cabeça e tocou na maçaneta- até amanhã.

Felipe: Dorme bem flor.